10.2.04

Quanto de poesia há neste lugar. Quanto de emoções, retiradas pela urbanidade? Quanto de alegria perdida. Quanto há do nada-fazer? Quanto de poesia há nas palavras escritas nos muros. Quanto de alegria que não é nossa?
Simplicidade. A bela lua cheia que delineia um coqueiro. Chuva fina que traz saudade do aconchego. Intimismo: a ele nos devotamos e nos apaixonamos.
Pela paz do lar abandonamos prazeres mundanos. Soluções tecnológicas nos seduzem. A resolução de vazios, em qualquer lugar. Chuva fina que nos abraça.
A temperatura certa do bem-estar. Um mergulho em águas mornas. Brisa doce que nos acaricia. Um pleno sentido.
Cor róseo-salmão nas luzes do dia. E em nossa visão. Felicidade quase cor-de rosa. Pés azuis. Chão amarelo. Ares de borboleta esperta e fagueira.
Por onde andam as borboletas que marcaram a nossa infância? Aquelas amarelas, simplezinhas, esbeltas como bambus, livres como gaivotas.
Por onde andam aquelas aves que marcaram a adolescência tardia? Para onde elas migram e vão se esconder?
Por onde andam as baleias da nossa adultice? Onde estão seus jatos e seus urros?
Por onde andam os elefantes da maturidade? Ah, eles correm por aí, atrás de comida.
Por onde andam as borboletas da nossa velhice? Elas flanam pelas flores das nossas lembranças.

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