Amor de gato
O gato vivia calmamente a sua vidinha de ração e dormição, até que chegou a gata. Ele era tranquilo, não gostava de noitadas e bebidas. Era caseiro, preferia dormir pela noite e pelo dia, afiando as unhas e arranhando os móveis da sala. No máximo, o gato se arriscava a colocar uma música e dançar sozinho na madrugada.
O gato então conheceu a gata. Novinha em folha, discreta, amorosa, mas arisca. Esperta. A gata ainda nem tinha os hormônios despertados. O gato então começou a cercá-la. Da antipatia e do ciúme inicial, causado pela nova moradora, surgiu a atração. Com patadas ágeis, palavras áridas e até mordidas, ele partiu para cima. Iniciou com flores, depois beijos, abraços, carícias e delícias. A gata revelou o seu instinto feminino-felino. Ela se descobriu adulta, hormonal e disposta aos intercursos amorosos.
O gato, que um dia se achou pacato demais para aventuras cavalheirescas, descobriu-se um vulcão em erução, pronto a espalhar a sua lava sobre terrenos delicados. Seguindo a correnteza do desejo, os gatos tentaram se unir, mas foram impedidos por circunstâncias do destino, que os proibiram de se comportar como animais no cio. Foram separados e forçados a se isolar por grades. Os gatos argumentaram pelo seu amor livre e inconsequente, de juventude. Mas não foram ouvidos. Tiveram o seu amor restringido por leis dos humanos. Aquela que versam sobre comportamentos animais.
Crônicas e comentários de Danilo Menezes. Jornalista brasileiro da Bahia, atualmente morando em Toronto, Ontario, Canada.
31.8.04
30.8.04
Moda canarinho
A TV Salvador está arrasando na cobertura do Barra Fashion. Imagens ao vivo, comentários e replays entre os desfiles. É uma boa oportunidade para que aqueles que não ganharam ingressos - como eu - possam conferir. Mesmo se eu tivesse ganho, talvez não fosse. Não tenho muito saco para desfiles de moda. Acho que iria curtir mais os intervalos, com os rangos e bebidinhas bancados pelos patrocinadores.
As celebridades, como sempre, são os maiores atrativos para o público e a mídia. Entre as modelos da terra, destaque para Rojane Fradique, uma negra que vem se destacando em todo o país. Ela foi capa da edição de domingo do caderno Bazar do Correio da Bahia. Mas quem vê a foto não tem idéia da mulher desfilando. Ela é fenomenal. Tem ombros e quadris largos, corpo forte e imponência de rainha, de quem é dona do pedaço.
A apresentação do programa de TV é que tem deixado a desejar. Tudo bem que o domingo era encerramento das Olimpíadas, mas fazer a transmissão portando um boné verde-amarelo e usando um vestido azul é demais para o público. Parece que a apresentadora anda querendo justificar a todo custo o apelido de Emília-do-Sítio-do-Picapau-Amarelo que o Paredão da Imprensa lhe conferiu.
Preste atenção no trabalho de Iuri Sarmento, entre os novos criadores. Ele é pintor, tem quadros e instalações muito bacanas, selecionados e premiados em salões do MAM-BA. Uma de suas obras inclusive pertence ao acervo do museu. Ele agora está enveredando pelo estilismo, voltando à experiência que teve em Minas Gerais, sua terra natal.
A TV Salvador está arrasando na cobertura do Barra Fashion. Imagens ao vivo, comentários e replays entre os desfiles. É uma boa oportunidade para que aqueles que não ganharam ingressos - como eu - possam conferir. Mesmo se eu tivesse ganho, talvez não fosse. Não tenho muito saco para desfiles de moda. Acho que iria curtir mais os intervalos, com os rangos e bebidinhas bancados pelos patrocinadores.
As celebridades, como sempre, são os maiores atrativos para o público e a mídia. Entre as modelos da terra, destaque para Rojane Fradique, uma negra que vem se destacando em todo o país. Ela foi capa da edição de domingo do caderno Bazar do Correio da Bahia. Mas quem vê a foto não tem idéia da mulher desfilando. Ela é fenomenal. Tem ombros e quadris largos, corpo forte e imponência de rainha, de quem é dona do pedaço.
A apresentação do programa de TV é que tem deixado a desejar. Tudo bem que o domingo era encerramento das Olimpíadas, mas fazer a transmissão portando um boné verde-amarelo e usando um vestido azul é demais para o público. Parece que a apresentadora anda querendo justificar a todo custo o apelido de Emília-do-Sítio-do-Picapau-Amarelo que o Paredão da Imprensa lhe conferiu.
Preste atenção no trabalho de Iuri Sarmento, entre os novos criadores. Ele é pintor, tem quadros e instalações muito bacanas, selecionados e premiados em salões do MAM-BA. Uma de suas obras inclusive pertence ao acervo do museu. Ele agora está enveredando pelo estilismo, voltando à experiência que teve em Minas Gerais, sua terra natal.
Dança
No sábado fui assistir ao espetáculo "Rota", da Companhia de Dança Débora Colker. Teatro Castro Alves lotado. Os aplausos foram vigorosos e prolongados. Foi mesmo um show.
O trabalho dos dançarinos vai até o limite de elasticidade do corpo. Na primeira parte, evocando viagens e mudanças, os movimentos são rápidos e agitados. Certo clima de rispidez. Coreografia bem elaborada, alternando clima de agressividade com ludicidade, às vezes brincando com o óbvio e o não óbvio. Foi rápido, menos de 30 minutos.
Na segunda parte, que contém uma espécie de roda-gigante no palco, é um primor de sincronia. Há referências ao circo, parque de diversões e ginástica olímpica. Embalados por música eletrônica, os dançarinos fazem peripécias, entram e saem através de espaços minúsculos da roda, sempre a girar. É de fazer o público prender a respiração e de grande beleza cênica. Valeu cada aplauso.
28.8.04
Parece que os blogs vieram mesmo para ficar. Participando da comunidade blogueira há mais de um ano, noto como a qualidade dos textos tem melhorado - inclusive do meu, se bem que sou suspeito para falar. :-)
Pessoas que gostam de escrever, e escrevem bem, têm mantido constância em suas publicações. Se há um tempo faltava coisa interessante para ler nos blogs, hoje há bastante material. O resultado é que está cada dia mais difícil acompanhar o que acontece nas minhas páginas favoritas. É muito texto para ser lido. Tento restringir a uma leitura completa, no final de semana. Mas acabo não resistindo e dando uma olhadinha antes.
Pessoas que gostam de escrever, e escrevem bem, têm mantido constância em suas publicações. Se há um tempo faltava coisa interessante para ler nos blogs, hoje há bastante material. O resultado é que está cada dia mais difícil acompanhar o que acontece nas minhas páginas favoritas. É muito texto para ser lido. Tento restringir a uma leitura completa, no final de semana. Mas acabo não resistindo e dando uma olhadinha antes.
Acredite
"Acredito que a maior tragédia do homem ocorreu quando ele separou o amor do sexo. A partir de então, o ser humano passou a fazer muito sexo e nenhum amor. Não passamos do desejo, eis a verdade. Todo desejo, como tal, se frustra com a posse. A única coisa que dura para além da vida e da morte é o amor." Nelson Rodrigues, em texto para a revista Visão (11/02/1974)
Nelson era um eterno apaixonado. Passou muitos anos casado com Elza, a primeira esposa, mãe dos seus filhos Joffre e Nelsinho. O que não o impediu de ter casos amorosos extra-casamento. Além de mais 2 (ou 3?) uniões duradouras, depois de Elza.
"Acredito que a maior tragédia do homem ocorreu quando ele separou o amor do sexo. A partir de então, o ser humano passou a fazer muito sexo e nenhum amor. Não passamos do desejo, eis a verdade. Todo desejo, como tal, se frustra com a posse. A única coisa que dura para além da vida e da morte é o amor." Nelson Rodrigues, em texto para a revista Visão (11/02/1974)
Nelson era um eterno apaixonado. Passou muitos anos casado com Elza, a primeira esposa, mãe dos seus filhos Joffre e Nelsinho. O que não o impediu de ter casos amorosos extra-casamento. Além de mais 2 (ou 3?) uniões duradouras, depois de Elza.
27.8.04
Energia
Ah, eu quero uma recompensa para as minhas virtudes pouco reclamadas. Hoje eu quero organizar o meu mundo e as minhas idéias. Há algo a recuperar em um universo de estrelas e faíscas cadentes e ascendentes. Hoje eu quero dizer o não-dito, libertar o esquecido, relatar o ocorrido. Hoje eu quero somar as minhas fontes, revelar um filme de ações programadas.
Hoje eu quero armar um circo de amores. Hoje eu quero arcar com todas as minhas manifestações de puro desejo. Hoje eu quero sair e revelar a minha mais profunda impressão de sensibilidade. Hoje eu quero um raio de sol inclemente e eloquente, quero o ardor das pimentas afro-americanas. O calor das malaguetas e das piruetas, do desbunde e da alegria.
Há algo em mim que quer se mostrar ao mundo e ao ser indiferente. Para poder exaltar todas as ações, algumas poções pouco conhecidas. Alí então haverá um caldo grosso e perfumado de feijão novo, para alimentar o espírito das flores. Só assim tudo poderá ser um tanto diferente, o sonho poderá ser fluente e ardente.
Ah, eu quero uma recompensa para as minhas virtudes pouco reclamadas. Hoje eu quero organizar o meu mundo e as minhas idéias. Há algo a recuperar em um universo de estrelas e faíscas cadentes e ascendentes. Hoje eu quero dizer o não-dito, libertar o esquecido, relatar o ocorrido. Hoje eu quero somar as minhas fontes, revelar um filme de ações programadas.
Hoje eu quero armar um circo de amores. Hoje eu quero arcar com todas as minhas manifestações de puro desejo. Hoje eu quero sair e revelar a minha mais profunda impressão de sensibilidade. Hoje eu quero um raio de sol inclemente e eloquente, quero o ardor das pimentas afro-americanas. O calor das malaguetas e das piruetas, do desbunde e da alegria.
Há algo em mim que quer se mostrar ao mundo e ao ser indiferente. Para poder exaltar todas as ações, algumas poções pouco conhecidas. Alí então haverá um caldo grosso e perfumado de feijão novo, para alimentar o espírito das flores. Só assim tudo poderá ser um tanto diferente, o sonho poderá ser fluente e ardente.
26.8.04
Paul Klee
Guarde o nome
Além de filósofo e excelente poeta, Antônio Cícero é irmão da cantora Marina Lima, o que possibilita ao seu texto o acesso a vozes privilegiadas. No livro Guardar, várias poesias são sucessos musicais: Virgem, Solo da paixão, Eu vi o rei passar e Cara, na voz de Marina. Inverno, Maresia e Água Perrier, com Adriana Calcanhoto. À francesa, cantada por Cláudio Zoli. Ignorant Sky, musicada por Philip Glass. Dita, Logrador e Onze e meia, por Orlando Moraes.
A poesia de Cícero é suave, delicada e romântica. É uma poesia a dois. Como atestou o crítico e escritor Silviano Santiago, na orelha do livro: "O gesto que recolhe as palavras é o mesmo que as oferece. Tudo se passa a dois e, por isso, a figura da reciprocidade domina o universo amoroso da poesia. (...) No solo da paixão, a via láctea jorra no alto do firmamento e aos pés do poeta.(...)"
Um trecho de Guardar, que Marina declama no disco O Chamado:
"Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Um cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
(...)
Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar."
Ai, ai. Suspiro.
Guarde o nome
Além de filósofo e excelente poeta, Antônio Cícero é irmão da cantora Marina Lima, o que possibilita ao seu texto o acesso a vozes privilegiadas. No livro Guardar, várias poesias são sucessos musicais: Virgem, Solo da paixão, Eu vi o rei passar e Cara, na voz de Marina. Inverno, Maresia e Água Perrier, com Adriana Calcanhoto. À francesa, cantada por Cláudio Zoli. Ignorant Sky, musicada por Philip Glass. Dita, Logrador e Onze e meia, por Orlando Moraes.
A poesia de Cícero é suave, delicada e romântica. É uma poesia a dois. Como atestou o crítico e escritor Silviano Santiago, na orelha do livro: "O gesto que recolhe as palavras é o mesmo que as oferece. Tudo se passa a dois e, por isso, a figura da reciprocidade domina o universo amoroso da poesia. (...) No solo da paixão, a via láctea jorra no alto do firmamento e aos pés do poeta.(...)"
Um trecho de Guardar, que Marina declama no disco O Chamado:
"Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Um cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
(...)
Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar."
Ai, ai. Suspiro.
25.8.04
Judiação
A judia alemã Olga Benário (Camila Morgado), militante comunista, veio para o Brasil na década de 30 para fazer a segurança pessoal de Luiz Carlos Prestes (Caco Ciocler) e acaba se envolvendo com o revolucionário. Perseguidos por Getúlio Vargas (Osmar Prado), Prestes vai para a prisão e ela, grávida, é enviada a um campo de concentração nazista.
Baseado no livro de Fernando de Morais, o filme Olga (Brasil, 2004) tem grande elenco, contando com a presença de Fernanda Montenegro, José Dumont e Eliane Giardini, entre outros famosos. A direção é de Jaime Monjardim, das novelas Pantanal e Terra Nostra.
A maior crítica feita ao filme foi o foco excessivo no romance do casal perseguido - deixando o contexto histórico-político em segundo plano - e presença exaustiva de closes dos atores, o que faz lembrar filmagem de televisão. Parecendo ou não novela, Olga tem excelente reconstituição de época, bom roteiro e carga dramática intensa, ampliada por se tratar de história real e sem final feliz.
O filme se propõe a ser um novo campeão de bilheteria nacional e parece estar no caminho certo. Está difícil achar ingresso até no meio da semana. As sessões estão quase todas reservadas para aulas de história dos colégios de Salvador. De quebra, os estudantes ainda tem a oportunidade de conferir os atributos físicos de Camila Morgado, que vão além dos belos olhos azuis.
A judia alemã Olga Benário (Camila Morgado), militante comunista, veio para o Brasil na década de 30 para fazer a segurança pessoal de Luiz Carlos Prestes (Caco Ciocler) e acaba se envolvendo com o revolucionário. Perseguidos por Getúlio Vargas (Osmar Prado), Prestes vai para a prisão e ela, grávida, é enviada a um campo de concentração nazista.
Baseado no livro de Fernando de Morais, o filme Olga (Brasil, 2004) tem grande elenco, contando com a presença de Fernanda Montenegro, José Dumont e Eliane Giardini, entre outros famosos. A direção é de Jaime Monjardim, das novelas Pantanal e Terra Nostra.
A maior crítica feita ao filme foi o foco excessivo no romance do casal perseguido - deixando o contexto histórico-político em segundo plano - e presença exaustiva de closes dos atores, o que faz lembrar filmagem de televisão. Parecendo ou não novela, Olga tem excelente reconstituição de época, bom roteiro e carga dramática intensa, ampliada por se tratar de história real e sem final feliz.
O filme se propõe a ser um novo campeão de bilheteria nacional e parece estar no caminho certo. Está difícil achar ingresso até no meio da semana. As sessões estão quase todas reservadas para aulas de história dos colégios de Salvador. De quebra, os estudantes ainda tem a oportunidade de conferir os atributos físicos de Camila Morgado, que vão além dos belos olhos azuis.
24.8.04
Viagem
Apesar da beleza arquitetônica, Brasília é uma cidade sem espírito. Não é somente por conta do decantado fato de "não ter esquinas". Não há manifestações de cultura popular. Estas sim são as maiores esquinas e dobras de uma cidade.
Os habitantes de Brasília de forma geral são envolvidos com política ou com ascensão profissional, basicamente na carreira pública. Ou descendem dessas classes. O poder e a concorrência profissional estão entranhados no espírito da cidade.
Lago artificial e grama artificial. Será que as pessoas também parecem artificiais? Há quadras e mais quadras de prédios que parecem vazios, emoldurados por árvores secas do cerrado. A secura expande-se além do clima. Falta a umidade e a untuosidade da cultura popular, da manifestação da energia do povo. Da música, da poesia, do teatro.
A mão do homem conseguiu criar belezas. Simetria, organização, planejamento e execução. Mas não consegue construir a torrente de força criativa que impulsiona a humanidade. Ela vem por si só. Bastar deixar fluir.
Independente de gostar ou não da urbanidade brasiliense, gosto muito de algumas pessoas que vivem em Brasília. A cidade não deixa de exercer certo fascínio em mim.
Apesar da beleza arquitetônica, Brasília é uma cidade sem espírito. Não é somente por conta do decantado fato de "não ter esquinas". Não há manifestações de cultura popular. Estas sim são as maiores esquinas e dobras de uma cidade.
Os habitantes de Brasília de forma geral são envolvidos com política ou com ascensão profissional, basicamente na carreira pública. Ou descendem dessas classes. O poder e a concorrência profissional estão entranhados no espírito da cidade.
Lago artificial e grama artificial. Será que as pessoas também parecem artificiais? Há quadras e mais quadras de prédios que parecem vazios, emoldurados por árvores secas do cerrado. A secura expande-se além do clima. Falta a umidade e a untuosidade da cultura popular, da manifestação da energia do povo. Da música, da poesia, do teatro.
A mão do homem conseguiu criar belezas. Simetria, organização, planejamento e execução. Mas não consegue construir a torrente de força criativa que impulsiona a humanidade. Ela vem por si só. Bastar deixar fluir.
Independente de gostar ou não da urbanidade brasiliense, gosto muito de algumas pessoas que vivem em Brasília. A cidade não deixa de exercer certo fascínio em mim.
Cliques
Alguém pode me explicar por que é que depois que o template do Blogger.com mudou, o meu blog quase dobrou o número diário de visitas? O interessante é que boa parte dos acessos está vindo por meio de consultas a buscadores como Google e Yahoo. Será que houve alguma alteração nos mecanismos de buscas?
Alguém pode me explicar por que é que depois que o template do Blogger.com mudou, o meu blog quase dobrou o número diário de visitas? O interessante é que boa parte dos acessos está vindo por meio de consultas a buscadores como Google e Yahoo. Será que houve alguma alteração nos mecanismos de buscas?
23.8.04
20.8.04
19.8.04
Via fone
Fui entrevistado por jornalista do Correio da Bahia querendo saber a minha opinião sobre Sex and the City. Uma amiga, também jornalista, foi quem indicou o meu nome. O motivo da matéria é o último capítulo do seriado, que será exibido na próxima segunda-feira.
A jornalista me perguntou a que eu creditava o sucesso do seriado, em vários países. Eu disse que por conta da representação fiel do momento atual de mulheres urbanas, modernas e independentes, habitantes de grandes cidades.
Depois ela me perguntou se eu achava as personagens fora da realidade ou exageradas. Eu disse que não, que tinha várias amigas na faixa dos trinta anos que tinham comportamentos e percepções parecidas com os personagens. Talvez houvesse um certo excesso em Samantha. Complementei falando que a dramaturgia tem o mérito de antecipar o que ocorre na sociedade, antes dos tratado acadêmicos. Talvez esse tenha sido o grande diferencial do seriado: mostrar as mulheres como nunca foram mostradas.
Ela ainda perguntou se eu achava difícil a convivência ou o relacionamento com essas mulheres independentes demais. Eu disse que não via problema, mas que não poderia generalizar, falando por outras pessoas. Por último, a jornalista me perguntou o que os homens precisam fazer para "correr atrás", no sentido chegar até essas mulheres poderosas, estilo Sex and the City. Eu, com uma pontinha de deboche, afirmei: "Nada. Basta aceitá-las do jeito que são, tentando harmonizar o relacionamento".
Não é óbvio? A jornalista e eu caímos na risada.
Fui entrevistado por jornalista do Correio da Bahia querendo saber a minha opinião sobre Sex and the City. Uma amiga, também jornalista, foi quem indicou o meu nome. O motivo da matéria é o último capítulo do seriado, que será exibido na próxima segunda-feira.
A jornalista me perguntou a que eu creditava o sucesso do seriado, em vários países. Eu disse que por conta da representação fiel do momento atual de mulheres urbanas, modernas e independentes, habitantes de grandes cidades.
Depois ela me perguntou se eu achava as personagens fora da realidade ou exageradas. Eu disse que não, que tinha várias amigas na faixa dos trinta anos que tinham comportamentos e percepções parecidas com os personagens. Talvez houvesse um certo excesso em Samantha. Complementei falando que a dramaturgia tem o mérito de antecipar o que ocorre na sociedade, antes dos tratado acadêmicos. Talvez esse tenha sido o grande diferencial do seriado: mostrar as mulheres como nunca foram mostradas.
Ela ainda perguntou se eu achava difícil a convivência ou o relacionamento com essas mulheres independentes demais. Eu disse que não via problema, mas que não poderia generalizar, falando por outras pessoas. Por último, a jornalista me perguntou o que os homens precisam fazer para "correr atrás", no sentido chegar até essas mulheres poderosas, estilo Sex and the City. Eu, com uma pontinha de deboche, afirmei: "Nada. Basta aceitá-las do jeito que são, tentando harmonizar o relacionamento".
Não é óbvio? A jornalista e eu caímos na risada.
18.8.04
17.8.04
Hard working?
Semana puxada de trabalho e compromissos. Quase nenhum tempo disponível para blogar. Assisti à peça K2, com Gabriel Braga Nunes e Emílio de Mello. O texto versa sobre o diálogo de dois amigos alpinistas, que, depois de escalar a montanha K2, a segunda maior do mundo, ficam presos a mais de 8 mil metros de altitude. Um deles tem a perna quebrada, não conseguirá descer. Lembranças e reavaliações de vida entram em cena.
O cenário é fantástico. Nunca vi algo semelhante em teatro. Uma gruta, com iluminação e efeitos especiais, formando um ambiente intimista, que contrasta com a aridez da montanha e o frio da neve. Parece cenário de cinema, impressão intensificada pelos figurinos, que são trajes de alpinismo.
O espetáculo teve uma das maiores bilheterias da temporada no Rio de Janeiro. O texto tem momentos interessantes, mas não é empolgante. Apesar de não ser longo, chega a ficar monótono em algumas passagens. O desempenho dos atores, por sua vez, é bacana.
Ganhei os convites e assisti à peça duas vezes. Fui ao coquetel da segunda-feira, quando fui apresentado ao ator Emílio de Mello, que fez o papel de Ezequiel Neves no filme Cazuza. Ele me pareceu bem simpático. Gabriel parecia mais interessando em duas louras bem suspeitas, que posavam de bonecas e não tinham cara de atrizes de teatro. Nem de convidadas.
Fato engraçado na terça. A presença do "cigano" Sidney Magal na platéia do TCA. Uma louca e empolgada, sentada atrás de mim, veio puxando conversa. Ela me cutucou e disparou: "Sidney Magal é espanhol? O nome Sidney parece espanhol!". Eu fiquei com vontade de mandá-la plantar batatas, mas me contive e respondi: "Não, ele é brasileiro, com certeza". Um amigo meu, sentado ao lado, não resistiu e atacou com a ironia: "Ah, o espanhol dele é daqui da Bahia mesmo". Segurei para não dar risada.
Semana puxada de trabalho e compromissos. Quase nenhum tempo disponível para blogar. Assisti à peça K2, com Gabriel Braga Nunes e Emílio de Mello. O texto versa sobre o diálogo de dois amigos alpinistas, que, depois de escalar a montanha K2, a segunda maior do mundo, ficam presos a mais de 8 mil metros de altitude. Um deles tem a perna quebrada, não conseguirá descer. Lembranças e reavaliações de vida entram em cena.
O cenário é fantástico. Nunca vi algo semelhante em teatro. Uma gruta, com iluminação e efeitos especiais, formando um ambiente intimista, que contrasta com a aridez da montanha e o frio da neve. Parece cenário de cinema, impressão intensificada pelos figurinos, que são trajes de alpinismo.
O espetáculo teve uma das maiores bilheterias da temporada no Rio de Janeiro. O texto tem momentos interessantes, mas não é empolgante. Apesar de não ser longo, chega a ficar monótono em algumas passagens. O desempenho dos atores, por sua vez, é bacana.
Ganhei os convites e assisti à peça duas vezes. Fui ao coquetel da segunda-feira, quando fui apresentado ao ator Emílio de Mello, que fez o papel de Ezequiel Neves no filme Cazuza. Ele me pareceu bem simpático. Gabriel parecia mais interessando em duas louras bem suspeitas, que posavam de bonecas e não tinham cara de atrizes de teatro. Nem de convidadas.
Fato engraçado na terça. A presença do "cigano" Sidney Magal na platéia do TCA. Uma louca e empolgada, sentada atrás de mim, veio puxando conversa. Ela me cutucou e disparou: "Sidney Magal é espanhol? O nome Sidney parece espanhol!". Eu fiquei com vontade de mandá-la plantar batatas, mas me contive e respondi: "Não, ele é brasileiro, com certeza". Um amigo meu, sentado ao lado, não resistiu e atacou com a ironia: "Ah, o espanhol dele é daqui da Bahia mesmo". Segurei para não dar risada.
15.8.04
Paradeiro
O Aeroclube Plaza Show é um "shopping center" de diversões, com bares, restaurantes, cinemas, casas noturnas, lojas, praça de alimentação. O local, já faz algum tempo, parece ter ocupado o espaço da pracinha de cidades do interior, em que as pessoas levam as crianças para brincar, dão caminhadas, encontram os amigos, se divertem.
No verão de Salvador, o Aeroclube vira um inferno de gente. Turistas brasileiros e estrangeiros, unidos aos baianos, digladiam-se por uma vaga para o carro e pela cadeira do bar ou restaurante. Mas justamente o charme do local é o seu suplício. A localização privilegiada, debruçado no mar da Boca do Rio, é responsável pela irremediável corrosão que atinge as suas instalações.
Desde o início, houve uma série de críticas à construção. Profissionais de arquitetura de Salvador carinhosamente apelidaram o Aeroclube de "Carandiru", por conta da estrutura horizontal, de pequenos prédios, que tomou a vista do mar. E, desde que foi inaugurado, o local precisa de manutenção constante, por causa da corrosão pelo salitre. Por toda parte dá pra ver manchas de ferro oxidado que se espalham pelas paredes coloridas.
Além do desgaste da estrutura, o movimento está menor por causa do frio e do vento que chicoteia. Há vários bares e restaurantes fechados, justamente no lado mais atraente: aquele voltado para o mar. Será que mesmo toda a ferveção do verão não foi suficiente para garantir a sobrevivência econômica no inverno? Na Europa, isso é esperado. O turismo não funciona o tempo todo nos mesmos locais. Atrações de verão fecham no inverno e vice-versa.
Tomara que os restaurantes e bares do Aeroclube voltem a funcionar a plenos pulmões. Por enquanto, parecem estar adormecidos, como ursos hibernando. Aguardando o calor voltar para abraçar os visitantes. No bom sentido, é claro.
Enquanto isso, no resto da cidade, buracos por todo lado. Do bairro rico ao bairro pobre.
14.8.04
Mulheres e gatas
Não entendi por que a crítica cultural, de forma geral, não gostou do filme Mulher-Gato, com Halle Berry e Sharon Stone. O filme pode até não ter agradado ao público americano e não ter o retorno financeiro esperado, mas eu gostei muito. Ficou acima das minhas expectativas.
Patience (isso mesmo, acredite!) Philips (Halle Berry) é designer e trabalha em uma empresa de publicidade que faz uma campanha para uma grande indústria de cosméticos. Ao descobrir que o produto a ser lançado causa danos à saúde, ela é assassinada e renasce como a Mulher-Gato, para buscar vingança e justiça.
O filme parece um grande videoclip, com música eletrônica de excelente qualidade. Dá vontade de comprar o CD. Os figurinos são modernos e a ambientação é futurista, com efeitos de computação gráfica. O traje sadomasô (couro +correntes) da Mulher-Gato não agradou, segundo os comentários que li. Eu gostei, achei bacana. É tão pouco fora da realidade, que ela poderia ir a alguma rave ou casa noturna modernosa sem trocar de vestimenta e sem chamar a atenção. O que efetivamente ocorre no filme.
Tive a impressão que a Mulher-Gato mexeu com a crítica de cinema, especialmente feita por mulheres. A heroína foi acusada de exacerbar na sensualidade. Ora, desde quando as histórias em quadrinho não são assim? Parece que a visão ácida sobre o mundo feminino, na voz dos personagens, também incomodou. No filme, a mulher é vista como um ser ( a deusa egípcia que dá poder à Mulher Gato é usada como metáfora) capaz de toda bondade e maldade, ao mesmo tempo. Essa dubiedade parece ter sido a chave do descontentamento.
Na cena em que o polícial Tom Lone (Benjamim Bratt) - namorado de Patience - é ameaçado de morte pela vilã Laurel Hedare, dona da indústria de cosméticos (Sharon Stone), ele fala para ela: "Você não será capaz de atirar". Ela prontamente responde: "Eu sou mulher. Estou acostumada a fazer o que não quero". E atira. É doloroso para uma mulher ouvir outra falando isso.
O diretor francês Jean-Christophe Comar, que assina como Pitof, um apelido de infância, fez um filme que tende para o políticamente incorreto e não agradou ao público americano. Imagine se tivesse rolado o prometido - e censurado - beijo entre Halle Berry e Sharon Stone.
A indústria de cosméticos, um ícone da feminilidade, é duramente criticada, como se fosse uma indústria que quer causar dependência química das suas clientes. A má imagem passada pelo filme gerou reclamações. Ora, os cosméticos são tão "amiguinhos" da mulheres que não merecem críticas?
As cenas de lutas foram acusadas de parecem artificiais. E são. Sem sangue, como nas histórias em quadrinhos. Parece que o espectador médio americano prefere sangue jorrando e ferimentos expostos.
A impressão é que os críticos brasileiros ficaram impregnados com os releases e comentários feitos antes por críticos americanos e não foram além em suas análises.
Gostei muito do filme. Vá assistir e tire as suas próprias conclusões.
Não entendi por que a crítica cultural, de forma geral, não gostou do filme Mulher-Gato, com Halle Berry e Sharon Stone. O filme pode até não ter agradado ao público americano e não ter o retorno financeiro esperado, mas eu gostei muito. Ficou acima das minhas expectativas.
Patience (isso mesmo, acredite!) Philips (Halle Berry) é designer e trabalha em uma empresa de publicidade que faz uma campanha para uma grande indústria de cosméticos. Ao descobrir que o produto a ser lançado causa danos à saúde, ela é assassinada e renasce como a Mulher-Gato, para buscar vingança e justiça.
O filme parece um grande videoclip, com música eletrônica de excelente qualidade. Dá vontade de comprar o CD. Os figurinos são modernos e a ambientação é futurista, com efeitos de computação gráfica. O traje sadomasô (couro +correntes) da Mulher-Gato não agradou, segundo os comentários que li. Eu gostei, achei bacana. É tão pouco fora da realidade, que ela poderia ir a alguma rave ou casa noturna modernosa sem trocar de vestimenta e sem chamar a atenção. O que efetivamente ocorre no filme.
Tive a impressão que a Mulher-Gato mexeu com a crítica de cinema, especialmente feita por mulheres. A heroína foi acusada de exacerbar na sensualidade. Ora, desde quando as histórias em quadrinho não são assim? Parece que a visão ácida sobre o mundo feminino, na voz dos personagens, também incomodou. No filme, a mulher é vista como um ser ( a deusa egípcia que dá poder à Mulher Gato é usada como metáfora) capaz de toda bondade e maldade, ao mesmo tempo. Essa dubiedade parece ter sido a chave do descontentamento.
Na cena em que o polícial Tom Lone (Benjamim Bratt) - namorado de Patience - é ameaçado de morte pela vilã Laurel Hedare, dona da indústria de cosméticos (Sharon Stone), ele fala para ela: "Você não será capaz de atirar". Ela prontamente responde: "Eu sou mulher. Estou acostumada a fazer o que não quero". E atira. É doloroso para uma mulher ouvir outra falando isso.
O diretor francês Jean-Christophe Comar, que assina como Pitof, um apelido de infância, fez um filme que tende para o políticamente incorreto e não agradou ao público americano. Imagine se tivesse rolado o prometido - e censurado - beijo entre Halle Berry e Sharon Stone.
A indústria de cosméticos, um ícone da feminilidade, é duramente criticada, como se fosse uma indústria que quer causar dependência química das suas clientes. A má imagem passada pelo filme gerou reclamações. Ora, os cosméticos são tão "amiguinhos" da mulheres que não merecem críticas?
As cenas de lutas foram acusadas de parecem artificiais. E são. Sem sangue, como nas histórias em quadrinhos. Parece que o espectador médio americano prefere sangue jorrando e ferimentos expostos.
A impressão é que os críticos brasileiros ficaram impregnados com os releases e comentários feitos antes por críticos americanos e não foram além em suas análises.
Gostei muito do filme. Vá assistir e tire as suas próprias conclusões.
Tragicomédia
"O mundo de perde sempre um pouco da sua potencialidade trágica quando um preconceito é destruído. Se admitirmos, por hipótese, um mundo mentalmente asséptico, varrido de todos os preconceitos, estejamos certos de que o drama e a tragédia desaparecerão dos palcos". Paulo Mendes Campos, em comentário na época de lançamento de "Os sete gatinhos", de Nelson Rodrigues.
Melhor seria se não fosse assim, mas é verdade.
"O mundo de perde sempre um pouco da sua potencialidade trágica quando um preconceito é destruído. Se admitirmos, por hipótese, um mundo mentalmente asséptico, varrido de todos os preconceitos, estejamos certos de que o drama e a tragédia desaparecerão dos palcos". Paulo Mendes Campos, em comentário na época de lançamento de "Os sete gatinhos", de Nelson Rodrigues.
Melhor seria se não fosse assim, mas é verdade.
12.8.04
Saúde em bolinhas
Em uma das últimas edições da Veja, há uma reportagem sobre homeopatia. Num primeiro momento, achei um tema sem sentido numa revista semanal, já que se trata de uma ciência antiga. A medicina homeopática espalhou-se pelo mundo no início do século XIX. Não havia nenhum fato significativo na matéria, que justificasse a "notícia".
Eu, particularmente, sou adepto dessa vertente da medicina, principalmente porque procuro evitar ao máximo tomar remédios alopáticos. Mas não imaginava que a homeopatia fosse algo tão abstrato. Pela reportagem, soube que os princípios ativos, isto é, os remédios propriamente ditos, são diluídos várias e várias vezes. É que a água guarda a memória do que passou por ela, segundo os homeopatas. Diluídos ou não, os resultados que obtive com aquelas bolinhas açucaradas, quando precisei, foram ótimos.
Incentivado pela reportagem, que nem falava assim tão bem da homeopatia, fiquei animado. Vou tentar agora combater a velha rinite alérgica que teima em retornar nesses tempos úmidos e de termômetro variável. Não tenho a mínima paciência para aquelas bombinhas ou sprays. É só parar de usar que o incômodo volta.
A consulta com o homeopata é diferente. O médico - no meu caso, médica - conversa, entrevista, pergunta sobre hábitos e emoções. O processo durou uns 30 minutos. É uma atenção que um "especialista" quase nunca tem a oferecer. Só isso já um grande indício de ajuda clínica.
Em uma das últimas edições da Veja, há uma reportagem sobre homeopatia. Num primeiro momento, achei um tema sem sentido numa revista semanal, já que se trata de uma ciência antiga. A medicina homeopática espalhou-se pelo mundo no início do século XIX. Não havia nenhum fato significativo na matéria, que justificasse a "notícia".
Eu, particularmente, sou adepto dessa vertente da medicina, principalmente porque procuro evitar ao máximo tomar remédios alopáticos. Mas não imaginava que a homeopatia fosse algo tão abstrato. Pela reportagem, soube que os princípios ativos, isto é, os remédios propriamente ditos, são diluídos várias e várias vezes. É que a água guarda a memória do que passou por ela, segundo os homeopatas. Diluídos ou não, os resultados que obtive com aquelas bolinhas açucaradas, quando precisei, foram ótimos.
Incentivado pela reportagem, que nem falava assim tão bem da homeopatia, fiquei animado. Vou tentar agora combater a velha rinite alérgica que teima em retornar nesses tempos úmidos e de termômetro variável. Não tenho a mínima paciência para aquelas bombinhas ou sprays. É só parar de usar que o incômodo volta.
A consulta com o homeopata é diferente. O médico - no meu caso, médica - conversa, entrevista, pergunta sobre hábitos e emoções. O processo durou uns 30 minutos. É uma atenção que um "especialista" quase nunca tem a oferecer. Só isso já um grande indício de ajuda clínica.
No circuito
O espetáculo "K2", com Gabriel Braga Nunes e Emílio de Mello, vai estar em cartaz em Salvador nos dias 16 e 17 de agosto, segunda e terça, incluído no Circuito Cultural Banco do Brasil. As apresentações ocorrem no Teatro Castro Alves. Ingressos: R15,00 (inteira ) e R$ 7,50 (meia). A peça promete.
Na abertura, ocorre o Projeto Ato de 4, da Escola de Teatro da UFBA, apresentando "Ato sem Palavra" e "Maria no Espelho", com Felice Suzatto e Iara Colina.
O espetáculo "K2", com Gabriel Braga Nunes e Emílio de Mello, vai estar em cartaz em Salvador nos dias 16 e 17 de agosto, segunda e terça, incluído no Circuito Cultural Banco do Brasil. As apresentações ocorrem no Teatro Castro Alves. Ingressos: R15,00 (inteira ) e R$ 7,50 (meia). A peça promete.
Na abertura, ocorre o Projeto Ato de 4, da Escola de Teatro da UFBA, apresentando "Ato sem Palavra" e "Maria no Espelho", com Felice Suzatto e Iara Colina.
11.8.04
Diário de uma paixão
Um senhor idoso (James Garner) faz visitas frequentes a uma senhora (Gena Rowlands) num asilo e lê para ela um antigo diário que fala sobre um casal apaixonado, separado durante a Segunda Guerra Mundial. A senhora sofre de uma doença degenerativa que a faz perder a memória. A leitura do texto propicia a relembrança de fatos.
Romances no passado e no presente se misturam em Diário de uma Paixão (The Notebook, EUA, 2004), dirigido por Nick Cassavetes, filho do ator John Cassavetes (falecido) e da própria Gena Rowlands.
O filme mostra belas paisagens no campo, com direito a pôr-do-sol, lagos e pássaros. O diário relata a história de amor de adolescentes, ocorrida em um verão dos anos 40, em que uma garota rica (Rachel McAdams) em férias se apaixona pelo filho do marceneiro da região (Ryan Gosling).
As vidas dos jovens e dos idosos aparecem intercaladas, parecendo prestes a se encontrar. Diário de uma Paixão faz boa reconstituição de época e traz histórias de amor à moda antiga, dessas capazes de arrancar lágrimas da pláteia.
Um senhor idoso (James Garner) faz visitas frequentes a uma senhora (Gena Rowlands) num asilo e lê para ela um antigo diário que fala sobre um casal apaixonado, separado durante a Segunda Guerra Mundial. A senhora sofre de uma doença degenerativa que a faz perder a memória. A leitura do texto propicia a relembrança de fatos.
Romances no passado e no presente se misturam em Diário de uma Paixão (The Notebook, EUA, 2004), dirigido por Nick Cassavetes, filho do ator John Cassavetes (falecido) e da própria Gena Rowlands.
O filme mostra belas paisagens no campo, com direito a pôr-do-sol, lagos e pássaros. O diário relata a história de amor de adolescentes, ocorrida em um verão dos anos 40, em que uma garota rica (Rachel McAdams) em férias se apaixona pelo filho do marceneiro da região (Ryan Gosling).
As vidas dos jovens e dos idosos aparecem intercaladas, parecendo prestes a se encontrar. Diário de uma Paixão faz boa reconstituição de época e traz histórias de amor à moda antiga, dessas capazes de arrancar lágrimas da pláteia.
10.8.04
Dose dupla de teatro
Assisti a duas peças da Mostra de Dramaturgia 2004, no último domingo, na Sala do Coro do TCA. Sessão dupla de diversão garantida. A primeira foi Alta Noite, do baiano Elísio Lopes Neto, dirigida por Francisco Medeiros. O texto é de qualidade excepcional. A montagem tem cenário de Daniela Thomas, com televisores antigos em suportes metálicos, câmeras de segurança evocando urbanidade. Os atores paulistas (pelo menos de sotaque paulista) Luah Guimarães e Renato Modesto têm ótimo desempenho.
Na virada no ano, pouco antes da festa de Reveillon, uma mulher, Magnólia, ou Meggy, espera alguém em uma esquina de uma cidade grande. É então abordada por um homem maltrapilho, Jarbas, que vagabundeia pelas ruas. Inicia-se um diálogo em que as máscaras vão caindo. As emoçoes são reveladas aos poucos, desvendando a loucura de seres urbanóides. A moça, que parecia equilibrada em seus hábitos metódicos, mostra-se prisioneira de suas construções emocionais equivocadas.
A sedução debate-se entre momentos líricos e de raiva. Narrativa envolvente, conduzida a momentos de humor refinado, por conta de situações ridículas empreendidas por neuroses.
A segunda peça foi Coiteiros das Paixões, texto do pernambucano Luiz Felipe Botelho. Fui buscar no dicionário o significado de coiteiro. É um termo utilizado aqui no Nordeste (ué, a Bahia não é Nordeste?), é a pessoa que acoberta ou dá abrigo a malfeitores.O cangaceiro Lampião leva o refugiado Epitácio, filho de homem influente e acusado de assassinato, para se esconder com o cangaceiro Salamanta, em um local onde poucos ousam ficar. Aos poucos, Epitácio compreende as razões dos temores.
O cenário de Daniela Thomas é mais uma vez genial. No início do espetáculo, há uma lona suspensa por ganchos. A luz que incide e a atravessa, revela à platéia desenhos abstratos que remetem a folhagens. Depois da chegada dos personagens ao local misterioso, a lona é baixada, revelando o solo da região. Mas os ganchos permanecem fixados. À medida que Epitácio vai conhecendo e se adaptando ao local, os ganchos da lona são liberados, como se fossem a libertação das emoções ou dos preconceitos.
No local antes desconhecido, os envolvimentos amorosos e sexuais vão se mostrando completamente acessíveis, a todos os gostos. Todas as formas de paixões são permitidas, independentes de sexo, tabus sociais ou credos religiosos.
Coiteiros de Paixões é mais movimentada e picante, tem um texto também excelente, mas o resultado de Alta Noite é mais intenso. Talvez, entre outros fatores, pelo desempenho aquém do esperado do ator Ariel Borghi, que faz o personagem Epitácio. No elenco, estão Renato Borghi (pai de Ariel), Elcio Nogueira Seixas, Luah Guimarãez, Germano Melo, Regina Françae Valéria Pontes.
A Mostra de Dramaturgia continua pelo país, em várias capitais.
Assisti a duas peças da Mostra de Dramaturgia 2004, no último domingo, na Sala do Coro do TCA. Sessão dupla de diversão garantida. A primeira foi Alta Noite, do baiano Elísio Lopes Neto, dirigida por Francisco Medeiros. O texto é de qualidade excepcional. A montagem tem cenário de Daniela Thomas, com televisores antigos em suportes metálicos, câmeras de segurança evocando urbanidade. Os atores paulistas (pelo menos de sotaque paulista) Luah Guimarães e Renato Modesto têm ótimo desempenho.
Na virada no ano, pouco antes da festa de Reveillon, uma mulher, Magnólia, ou Meggy, espera alguém em uma esquina de uma cidade grande. É então abordada por um homem maltrapilho, Jarbas, que vagabundeia pelas ruas. Inicia-se um diálogo em que as máscaras vão caindo. As emoçoes são reveladas aos poucos, desvendando a loucura de seres urbanóides. A moça, que parecia equilibrada em seus hábitos metódicos, mostra-se prisioneira de suas construções emocionais equivocadas.
A sedução debate-se entre momentos líricos e de raiva. Narrativa envolvente, conduzida a momentos de humor refinado, por conta de situações ridículas empreendidas por neuroses.
A segunda peça foi Coiteiros das Paixões, texto do pernambucano Luiz Felipe Botelho. Fui buscar no dicionário o significado de coiteiro. É um termo utilizado aqui no Nordeste (ué, a Bahia não é Nordeste?), é a pessoa que acoberta ou dá abrigo a malfeitores.O cangaceiro Lampião leva o refugiado Epitácio, filho de homem influente e acusado de assassinato, para se esconder com o cangaceiro Salamanta, em um local onde poucos ousam ficar. Aos poucos, Epitácio compreende as razões dos temores.
O cenário de Daniela Thomas é mais uma vez genial. No início do espetáculo, há uma lona suspensa por ganchos. A luz que incide e a atravessa, revela à platéia desenhos abstratos que remetem a folhagens. Depois da chegada dos personagens ao local misterioso, a lona é baixada, revelando o solo da região. Mas os ganchos permanecem fixados. À medida que Epitácio vai conhecendo e se adaptando ao local, os ganchos da lona são liberados, como se fossem a libertação das emoções ou dos preconceitos.
No local antes desconhecido, os envolvimentos amorosos e sexuais vão se mostrando completamente acessíveis, a todos os gostos. Todas as formas de paixões são permitidas, independentes de sexo, tabus sociais ou credos religiosos.
Coiteiros de Paixões é mais movimentada e picante, tem um texto também excelente, mas o resultado de Alta Noite é mais intenso. Talvez, entre outros fatores, pelo desempenho aquém do esperado do ator Ariel Borghi, que faz o personagem Epitácio. No elenco, estão Renato Borghi (pai de Ariel), Elcio Nogueira Seixas, Luah Guimarãez, Germano Melo, Regina Françae Valéria Pontes.
A Mostra de Dramaturgia continua pelo país, em várias capitais.
7.8.04
Hipermasculinidade
A antropóloga Alba Zaluar estuda a violência urbana brasileira há mais de 20 anos. Em entrevista à Folha de São Paulo, ela tece considerações muito interessantes. Segundo ela, apenas pobreza e desigualdade não explicam a presença de adolescentes na criminalidade. Há um fator a mais, ligado a um "etos de masculinidade", que leva jovens a entrar no tráfico de drogas em busca de reconhecimento social por meio da imposição do medo.
A equipe de Alba Zaluar, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), elaborou um levantamento na favela de Cidade de Deus, na zona oeste do Rio. Na pesquisa, verificou-se que apenas 2% da população de lá está está envolvida com o crime. Então como explicar, somente pelas questões econômica e social, que a maioria das pessoas não se envolve com o tráfico? Daí a hipótese da "hipermasculinidade", que vem sendo estudada também em outros países.
Não é que pobreza e desigualdade não tenham a ver com a violência. Têm sim, e bastante. Mas só essas hipóteses não justificam por que cidades ricas como Londrina, no Paraná e Campinas, em São Paulo, tenham índices de violência tão altos. Leia a entrevista completa. A pesquisa da antropóloga foi a base para o roteiro do filme Cidade de Deus, do escritor Paulo Lins.
No livro Seis balas em um buraco só, o escritor João Silvério Trevisan tenta explicar, sob a ótica freudiana, o que vem causando a "crise do masculino", que é a incapacidade de se impor enquanto "homem", sem precisar se valer de violência. A grosso modo: dificuldade em lidar com o novo papel social da mulher, detentora de poder; incapacidade de alguns exemplares masculinos em se harmonizar com o seu lado feminino; ausência de modelos de masculinidade, com orgulho em conter a violência e respeitar o adversário.
Segura que lá vem o chavão: o buraco é mais em baixo.
A antropóloga Alba Zaluar estuda a violência urbana brasileira há mais de 20 anos. Em entrevista à Folha de São Paulo, ela tece considerações muito interessantes. Segundo ela, apenas pobreza e desigualdade não explicam a presença de adolescentes na criminalidade. Há um fator a mais, ligado a um "etos de masculinidade", que leva jovens a entrar no tráfico de drogas em busca de reconhecimento social por meio da imposição do medo.
A equipe de Alba Zaluar, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), elaborou um levantamento na favela de Cidade de Deus, na zona oeste do Rio. Na pesquisa, verificou-se que apenas 2% da população de lá está está envolvida com o crime. Então como explicar, somente pelas questões econômica e social, que a maioria das pessoas não se envolve com o tráfico? Daí a hipótese da "hipermasculinidade", que vem sendo estudada também em outros países.
Não é que pobreza e desigualdade não tenham a ver com a violência. Têm sim, e bastante. Mas só essas hipóteses não justificam por que cidades ricas como Londrina, no Paraná e Campinas, em São Paulo, tenham índices de violência tão altos. Leia a entrevista completa. A pesquisa da antropóloga foi a base para o roteiro do filme Cidade de Deus, do escritor Paulo Lins.
No livro Seis balas em um buraco só, o escritor João Silvério Trevisan tenta explicar, sob a ótica freudiana, o que vem causando a "crise do masculino", que é a incapacidade de se impor enquanto "homem", sem precisar se valer de violência. A grosso modo: dificuldade em lidar com o novo papel social da mulher, detentora de poder; incapacidade de alguns exemplares masculinos em se harmonizar com o seu lado feminino; ausência de modelos de masculinidade, com orgulho em conter a violência e respeitar o adversário.
Segura que lá vem o chavão: o buraco é mais em baixo.
6.8.04
Nova dramaturgia
Ontem rolou um bate-papo no Teatro Castro Alves com o ator Renato Borghi (foto), 67 anos, figura teatral de grande quilate. O encontro reuniu classe teatral, estudantes de teatro e jornalistas. Atualmente o ator está em cartaz com a peça Borghi em Revista, que comemora os seus 45 anos de carreira.
Borghi está em Salvador por conta da atuação em Coiteiros de Paixões, do dramaturgo pernambucano Luiz Felipe Botelho. A peça faz parte da Mostra de Dramaturgia Contemporânea 2004 (leia mais aqui), em circuito pelo país. Em Salvador, a dobradinha acontece com Alta Noite, do baiano Elísio Lopes Jr. Os espetáculos acontecem neste final de semana na Sala do Coro do TCA.
No encontro, Renato Borghi contou que a Mostra de Dramaturgia, iniciada no Testro Sesi, grande espaço de 400 poltronas em São Paulo, na Avenida Paulista, teve vários méritos. O primeiro foi fazer um mapeamento da dramaturgia que vem sendo realizada em todo o país. A boa surpresa foi constatar a altíssima qualidade dos textos, com destaque para a produção dos Estados do Nordeste, pouco conhecida no sul do país.
O segundo mérito foi atrair um grande, eclético e participativo público, pouco acostumado a textos de novos autores, com temas da atualidade. O Teatro Sesi vende ingressos a preços populares. O terceiro mérito foi reunir autores, atores e público de espetáculos em geral realizados em espaços menores e alternativos.
Segundo Borghi, a temática da vida urbana perpassa os textos dos novos dramaturgos, independente da região no país. A exemplo do texto de Altas Horas, de Elísio Lopes, também presente no bate-papo, que poderia ser ambientado em qualquer grande cidade do país.
Outro ponto interessante foi sobre a criação cenográfica de Daniela Thomas. A famosa cenógrafa inverteu a situação normal. Para uma mostra contemporânea de teatro, nada melhor que uma nova forma de criação. Em vez de elaborar um cenário para cada texto, ela se comprometeu a ler todos os textos e criar só 3 cenários diferentes para os 6 espetáculos da Mostra. Os diretores que se virassem com o que teriam em mãos. A experiência deu certo. Elísio Lopes disse que ficou satisfeito com o de Altas Horas.
O encontro foi muito bacana. Temas relacionados a teatro são muito excitantes para mim. Acho que é uma arte muito verdadeira, talvez a maior de todas nesse sentido. O pessoal é sempre muito divertido e à vontade. Fiquei com água na boca quando Borghi falou das pequenas produções que acontecem em espaços alternativos em São Paulo, com os temas mais loucos possíveis. Tive a impressão que tá faltando isso em Salvador: uma coisa meio de teatro à margem, com temas mais sujos, por assim dizer.
Ontem rolou um bate-papo no Teatro Castro Alves com o ator Renato Borghi (foto), 67 anos, figura teatral de grande quilate. O encontro reuniu classe teatral, estudantes de teatro e jornalistas. Atualmente o ator está em cartaz com a peça Borghi em Revista, que comemora os seus 45 anos de carreira.
Borghi está em Salvador por conta da atuação em Coiteiros de Paixões, do dramaturgo pernambucano Luiz Felipe Botelho. A peça faz parte da Mostra de Dramaturgia Contemporânea 2004 (leia mais aqui), em circuito pelo país. Em Salvador, a dobradinha acontece com Alta Noite, do baiano Elísio Lopes Jr. Os espetáculos acontecem neste final de semana na Sala do Coro do TCA.
No encontro, Renato Borghi contou que a Mostra de Dramaturgia, iniciada no Testro Sesi, grande espaço de 400 poltronas em São Paulo, na Avenida Paulista, teve vários méritos. O primeiro foi fazer um mapeamento da dramaturgia que vem sendo realizada em todo o país. A boa surpresa foi constatar a altíssima qualidade dos textos, com destaque para a produção dos Estados do Nordeste, pouco conhecida no sul do país.
O segundo mérito foi atrair um grande, eclético e participativo público, pouco acostumado a textos de novos autores, com temas da atualidade. O Teatro Sesi vende ingressos a preços populares. O terceiro mérito foi reunir autores, atores e público de espetáculos em geral realizados em espaços menores e alternativos.
Segundo Borghi, a temática da vida urbana perpassa os textos dos novos dramaturgos, independente da região no país. A exemplo do texto de Altas Horas, de Elísio Lopes, também presente no bate-papo, que poderia ser ambientado em qualquer grande cidade do país.
Outro ponto interessante foi sobre a criação cenográfica de Daniela Thomas. A famosa cenógrafa inverteu a situação normal. Para uma mostra contemporânea de teatro, nada melhor que uma nova forma de criação. Em vez de elaborar um cenário para cada texto, ela se comprometeu a ler todos os textos e criar só 3 cenários diferentes para os 6 espetáculos da Mostra. Os diretores que se virassem com o que teriam em mãos. A experiência deu certo. Elísio Lopes disse que ficou satisfeito com o de Altas Horas.
O encontro foi muito bacana. Temas relacionados a teatro são muito excitantes para mim. Acho que é uma arte muito verdadeira, talvez a maior de todas nesse sentido. O pessoal é sempre muito divertido e à vontade. Fiquei com água na boca quando Borghi falou das pequenas produções que acontecem em espaços alternativos em São Paulo, com os temas mais loucos possíveis. Tive a impressão que tá faltando isso em Salvador: uma coisa meio de teatro à margem, com temas mais sujos, por assim dizer.
5.8.04
Reconhecimento
Christian Le Squer é o chef de cozinha do restaurante Ledoyen, de Paris, agraciado com 3 estrelas, cotação máxima no guia de restaurantes com mais prestígio no mundo, o Michelin. Em visita ao Brasil, ele passará 3 dias cozinhando no Hotel Grand Hyatt São Paulo
Ao ser perguntado sobre a cozinha brasileira, o chef conta que a conheceu quando esteve no país há dois anos, participando do festival gastronômico de Tiradentes (MG). Na oportunidade, ele visitou também a Bahia e o Rio de Janeiro. O que mais o impressionou foi a cozinha baiana. "Ao contrário dos rodízios de carnes, que são gostosos mas não têm arte, a cozinha baiana requer a arte do cozinheiro; é algo trabalhado, e de resultado muito característico e aromático", afirma.
É mole? E tem gente que diz que não gosta de comida baiana. Não sabem o que estão perdendo.
Fonte: Folha de São Paulo
Christian Le Squer é o chef de cozinha do restaurante Ledoyen, de Paris, agraciado com 3 estrelas, cotação máxima no guia de restaurantes com mais prestígio no mundo, o Michelin. Em visita ao Brasil, ele passará 3 dias cozinhando no Hotel Grand Hyatt São Paulo
Ao ser perguntado sobre a cozinha brasileira, o chef conta que a conheceu quando esteve no país há dois anos, participando do festival gastronômico de Tiradentes (MG). Na oportunidade, ele visitou também a Bahia e o Rio de Janeiro. O que mais o impressionou foi a cozinha baiana. "Ao contrário dos rodízios de carnes, que são gostosos mas não têm arte, a cozinha baiana requer a arte do cozinheiro; é algo trabalhado, e de resultado muito característico e aromático", afirma.
É mole? E tem gente que diz que não gosta de comida baiana. Não sabem o que estão perdendo.
Fonte: Folha de São Paulo
4.8.04
Ficção de robôs
Os robôs são parte significativa na temática dos livros de ficção científica do russo Isaac Asimov. Inspirado em um livro de contos do escritor, estréia esta semana no Brasil o filme Eu, Robô (I, Robot, EUA, 2004), campeão de bilheteria nos Estados Unidos. No ano de 2035, o detetive Del Spooner (Will Smith) parece ser o único que desconfia dos novos robôs domésticos, de tecnologia avançada e compleição humana, que a empresa US Robotics quer espalhar pelo mundo.
Após a morte do cientista responsável pelo desenvolvimento dos robôs, o policial parte para a investigação. Muita ação e efeitos de computação gráfica em uma história envolvente, que traz questionamentos cada vez mais presentes na vida humana. A tecnologia da informação conseguirá gerar emoções na máquinas? As robôs obterão raciocínio próprio? Haverá algum dia o embate homem versus máquina?
Por se desenrolar em um futuro relativamente próximo, a narrativa traz o vislumbre de inovações tecnológicas que a ficção científica antecipa - ou não -, por intermédio do cinema. Algumas novidades mostradas, como projeções holográficas e a nanotecnologia (estruturas menos que microscópicas), já são possíveis e estarão disponíveis em um futuro não muito distante. É ver para crer se em 2035 o mundo estará repleto de robôs.
Os robôs são parte significativa na temática dos livros de ficção científica do russo Isaac Asimov. Inspirado em um livro de contos do escritor, estréia esta semana no Brasil o filme Eu, Robô (I, Robot, EUA, 2004), campeão de bilheteria nos Estados Unidos. No ano de 2035, o detetive Del Spooner (Will Smith) parece ser o único que desconfia dos novos robôs domésticos, de tecnologia avançada e compleição humana, que a empresa US Robotics quer espalhar pelo mundo.
Após a morte do cientista responsável pelo desenvolvimento dos robôs, o policial parte para a investigação. Muita ação e efeitos de computação gráfica em uma história envolvente, que traz questionamentos cada vez mais presentes na vida humana. A tecnologia da informação conseguirá gerar emoções na máquinas? As robôs obterão raciocínio próprio? Haverá algum dia o embate homem versus máquina?
Por se desenrolar em um futuro relativamente próximo, a narrativa traz o vislumbre de inovações tecnológicas que a ficção científica antecipa - ou não -, por intermédio do cinema. Algumas novidades mostradas, como projeções holográficas e a nanotecnologia (estruturas menos que microscópicas), já são possíveis e estarão disponíveis em um futuro não muito distante. É ver para crer se em 2035 o mundo estará repleto de robôs.
3.8.04
Traição
Um marido chega de surpresa em casa, entra no quarto, vê a mulher nua na cama e o vulto de um homem pulando pela janela e sumindo na madrugada. O marido pega uma faca e liquida a mulher. Depois ajoelha-se e pede perdão.
Primeira redação de Nelson Rodrigues, na escola, aos oito anos de idade. Pelo menos, contada pelo próprio Nelson, anos depois, segundo Ruy Castro em O anjo pornográfico.
Um marido chega de surpresa em casa, entra no quarto, vê a mulher nua na cama e o vulto de um homem pulando pela janela e sumindo na madrugada. O marido pega uma faca e liquida a mulher. Depois ajoelha-se e pede perdão.
Primeira redação de Nelson Rodrigues, na escola, aos oito anos de idade. Pelo menos, contada pelo próprio Nelson, anos depois, segundo Ruy Castro em O anjo pornográfico.
Tem um texto meu publicado no Claque sobre a peça teatral Donzelos Anônimos. Claque (www.claque.com.br) é um site de cultura, em forma de revista eletrônica, com atualização semanal, feito por jornalistas aqui de Salvador.
1.8.04
Banquete
Ontem foi a festa de aniversário de amigo-gourmet. Uma festança, como ele sempre realiza em datas especiais. Amigos reunidos, a Confraria dos Monstros estava presente. Bebidas à vontade: scotch, bourbon, vinho, cerveja, refrigerantes. O bourbon é um tipo de uísque que leva milho na composição. Forte, encorpado, de sabor bem intenso. Muito interessante, saboroso, mas não é para toda hora, parece ter um teor alcoólico alto.
Uma mesa de entradas fazia a alegria dos convidados. Diversos pães caseiros, com diferentes recheios: ervas finas, atum, ricota e mais alguns sabores indecifráveis. Havia dois pães em formato de bolo inglês, enormes e belíssimos, quase esculturas, cobertos por sementes de papoula. Tudo feito em casa.
Na mesa de entradas também havia mousses de salmão e de ervas finas, para acompanhar pães e torradas. Batatinhas em conserva com molho picante. Coroando, havia uma montagem de enormes camarões-da-malásia, espetados em um suporte em forma de cone, formando uma cascata. Para se servir, bastava puxar e mergulhar o camarão na manteiga derretida com alho. Tudo isso era somente a mesa de entradas.
O prato principal, servido na madrugada, foi boeuf bourguignon, carne cozida com molho escuro de vinho, com champignons e cebolas, acompanhada de arroz branco. Duas saladas, uma verde com molho de salsão e endro, e outra de camarão com abacaxi.
E não foi só isso. Depois dos parabéns, vieram as sobremesas. Uma torta de chocolate coberta de chantilly com chocolate e com recheio de chocolate com castanhas. Uma outra torta de morangos com merengue. E papo de anjo enformado, também como se fosse uma torta. Os convidados ficaram enlouquecidos, babando. Foi uma loucura gastronômica, que durou até às três da manhã. Um processo lento, de longa duração, cheio de surpresas, como só aqueles que sabem apreciar a boa mesa conseguem servir. Uma delícia.
Ontem foi a festa de aniversário de amigo-gourmet. Uma festança, como ele sempre realiza em datas especiais. Amigos reunidos, a Confraria dos Monstros estava presente. Bebidas à vontade: scotch, bourbon, vinho, cerveja, refrigerantes. O bourbon é um tipo de uísque que leva milho na composição. Forte, encorpado, de sabor bem intenso. Muito interessante, saboroso, mas não é para toda hora, parece ter um teor alcoólico alto.
Uma mesa de entradas fazia a alegria dos convidados. Diversos pães caseiros, com diferentes recheios: ervas finas, atum, ricota e mais alguns sabores indecifráveis. Havia dois pães em formato de bolo inglês, enormes e belíssimos, quase esculturas, cobertos por sementes de papoula. Tudo feito em casa.
Na mesa de entradas também havia mousses de salmão e de ervas finas, para acompanhar pães e torradas. Batatinhas em conserva com molho picante. Coroando, havia uma montagem de enormes camarões-da-malásia, espetados em um suporte em forma de cone, formando uma cascata. Para se servir, bastava puxar e mergulhar o camarão na manteiga derretida com alho. Tudo isso era somente a mesa de entradas.
O prato principal, servido na madrugada, foi boeuf bourguignon, carne cozida com molho escuro de vinho, com champignons e cebolas, acompanhada de arroz branco. Duas saladas, uma verde com molho de salsão e endro, e outra de camarão com abacaxi.
E não foi só isso. Depois dos parabéns, vieram as sobremesas. Uma torta de chocolate coberta de chantilly com chocolate e com recheio de chocolate com castanhas. Uma outra torta de morangos com merengue. E papo de anjo enformado, também como se fosse uma torta. Os convidados ficaram enlouquecidos, babando. Foi uma loucura gastronômica, que durou até às três da manhã. Um processo lento, de longa duração, cheio de surpresas, como só aqueles que sabem apreciar a boa mesa conseguem servir. Uma delícia.