31.8.04

Amor de gato
O gato vivia calmamente a sua vidinha de ração e dormição, até que chegou a gata. Ele era tranquilo, não gostava de noitadas e bebidas. Era caseiro, preferia dormir pela noite e pelo dia, afiando as unhas e arranhando os móveis da sala. No máximo, o gato se arriscava a colocar uma música e dançar sozinho na madrugada.

O gato então conheceu a gata. Novinha em folha, discreta, amorosa, mas arisca. Esperta. A gata ainda nem tinha os hormônios despertados. O gato então começou a cercá-la. Da antipatia e do ciúme inicial, causado pela nova moradora, surgiu a atração. Com patadas ágeis, palavras áridas e até mordidas, ele partiu para cima. Iniciou com flores, depois beijos, abraços, carícias e delícias. A gata revelou o seu instinto feminino-felino. Ela se descobriu adulta, hormonal e disposta aos intercursos amorosos.

O gato, que um dia se achou pacato demais para aventuras cavalheirescas, descobriu-se um vulcão em erução, pronto a espalhar a sua lava sobre terrenos delicados. Seguindo a correnteza do desejo, os gatos tentaram se unir, mas foram impedidos por circunstâncias do destino, que os proibiram de se comportar como animais no cio. Foram separados e forçados a se isolar por grades. Os gatos argumentaram pelo seu amor livre e inconsequente, de juventude. Mas não foram ouvidos. Tiveram o seu amor restringido por leis dos humanos. Aquela que versam sobre comportamentos animais.

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