Viagem
Apesar da beleza arquitetônica, Brasília é uma cidade sem espírito. Não é somente por conta do decantado fato de "não ter esquinas". Não há manifestações de cultura popular. Estas sim são as maiores esquinas e dobras de uma cidade.
Os habitantes de Brasília de forma geral são envolvidos com política ou com ascensão profissional, basicamente na carreira pública. Ou descendem dessas classes. O poder e a concorrência profissional estão entranhados no espírito da cidade.
Lago artificial e grama artificial. Será que as pessoas também parecem artificiais? Há quadras e mais quadras de prédios que parecem vazios, emoldurados por árvores secas do cerrado. A secura expande-se além do clima. Falta a umidade e a untuosidade da cultura popular, da manifestação da energia do povo. Da música, da poesia, do teatro.
A mão do homem conseguiu criar belezas. Simetria, organização, planejamento e execução. Mas não consegue construir a torrente de força criativa que impulsiona a humanidade. Ela vem por si só. Bastar deixar fluir.
Independente de gostar ou não da urbanidade brasiliense, gosto muito de algumas pessoas que vivem em Brasília. A cidade não deixa de exercer certo fascínio em mim.
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