6.8.04

Nova dramaturgia

Ontem rolou um bate-papo no Teatro Castro Alves com o ator Renato Borghi (foto), 67 anos, figura teatral de grande quilate. O encontro reuniu classe teatral, estudantes de teatro e jornalistas. Atualmente o ator está em cartaz com a peça Borghi em Revista, que comemora os seus 45 anos de carreira.

Borghi está em Salvador por conta da atuação em Coiteiros de Paixões, do dramaturgo pernambucano Luiz Felipe Botelho. A peça faz parte da Mostra de Dramaturgia Contemporânea 2004 (leia mais aqui), em circuito pelo país. Em Salvador, a dobradinha acontece com Alta Noite, do baiano Elísio Lopes Jr. Os espetáculos acontecem neste final de semana na Sala do Coro do TCA.

No encontro, Renato Borghi contou que a Mostra de Dramaturgia, iniciada no Testro Sesi, grande espaço de 400 poltronas em São Paulo, na Avenida Paulista, teve vários méritos. O primeiro foi fazer um mapeamento da dramaturgia que vem sendo realizada em todo o país. A boa surpresa foi constatar a altíssima qualidade dos textos, com destaque para a produção dos Estados do Nordeste, pouco conhecida no sul do país.

O segundo mérito foi atrair um grande, eclético e participativo público, pouco acostumado a textos de novos autores, com temas da atualidade. O Teatro Sesi vende ingressos a preços populares. O terceiro mérito foi reunir autores, atores e público de espetáculos em geral realizados em espaços menores e alternativos.

Segundo Borghi, a temática da vida urbana perpassa os textos dos novos dramaturgos, independente da região no país. A exemplo do texto de Altas Horas, de Elísio Lopes, também presente no bate-papo, que poderia ser ambientado em qualquer grande cidade do país.

Outro ponto interessante foi sobre a criação cenográfica de Daniela Thomas. A famosa cenógrafa inverteu a situação normal. Para uma mostra contemporânea de teatro, nada melhor que uma nova forma de criação. Em vez de elaborar um cenário para cada texto, ela se comprometeu a ler todos os textos e criar só 3 cenários diferentes para os 6 espetáculos da Mostra. Os diretores que se virassem com o que teriam em mãos. A experiência deu certo. Elísio Lopes disse que ficou satisfeito com o de Altas Horas.

O encontro foi muito bacana. Temas relacionados a teatro são muito excitantes para mim. Acho que é uma arte muito verdadeira, talvez a maior de todas nesse sentido. O pessoal é sempre muito divertido e à vontade. Fiquei com água na boca quando Borghi falou das pequenas produções que acontecem em espaços alternativos em São Paulo, com os temas mais loucos possíveis. Tive a impressão que tá faltando isso em Salvador: uma coisa meio de teatro à margem, com temas mais sujos, por assim dizer.

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