3.4.04

Serviço além das fronteiras
O serviço voluntário e as organizações não governamentais parecem ocupar, a partir da segunda metade do século passado, um certo espaço que foi preenchido no passado pelos exércitos, pelos aventureiros e desbravadores. Só que agora o objetivo é mais nobre, vai além da exploração comercial e das riquezas naturais. A meta - a princípio - é tentar minimizar o sofrimento humano em locais pobres e de conflito.

O filme Amor sem Fronteiras (Beyond Borders, EUA, 2003), de Martin Campbell, traz Angelina Jolie como Sarah Jordan, uma americana que mora em Londres, casada com um inglês cuja família desenvolve trabalhos assistenciais. Ela se interessa pelo serviço realizado pelo médico Nick Callahan (Clive Owen) na Somália aterrorizada pela seca. A americana viaja então para a África, no intuito de fazer uma grande doação de gêneros alimentícios. Do interesse em comum pelo trabalho assistencial, passa a haver a atração entre os dois.

O filme claramente buscou inspiração na organização não-governamental Médicos sem Fronteiras. Há também uma cena inspirada naquela célebre fotografia do garoto negro e esquelético, frente a frente com um abutre, prestes atacá-lo. Uma metáfora da miséria humana, que transforma seres humanos em simples pedaços de carne. É claro que a personagem de Angelina Jolie irá resgatar e salvar o garoto.

Mas Amor sem Fronteira não é puro elogio àqueles que se debandam pelo mundo, com as melhores intenções, querendo salvá-lo. Mostra que provavelmente ocorrerá o envolvimento político, em qualquer lugar, com pendência para alguma das correntes. E como o envolvimento em causas pode se tornar uma crença quase cega. O filme tem o mérito de enfocar um assunto pouco presente no cinema atual, a ação voluntária. Graças a seu papel em Amor sem Fronteiras, Angelina foi indicada ao prêmio anti-Oscar "Framboesa de Ouro" de pior atriz do ano - mas não ganhou.

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