Romance chinês
Na época da ditadura de Mao Tse-Tung, na China dos anos 70, dois jovens burgueses são enviados para uma aldeia nas montanhas para "reeducação", ou seja, para verificar como é dura a vida no campo. Lá os dois amigos conhecem uma moça, a costureirinha, que vai balançar os seus corações. Balzac e a Costureirinha Chinesa (França, China, 2002) é dirigido por Daí Sijie (foto), chinês radicado na França, também autor do romance de mesmo título, sucesso de vendas, que gerou o filme.
Um dos jovens decide ensinar a moça a ler, contando com a ajuda de livros "proibidos" pelo governo chinês, como os de Honoré Balzac. O romance vai se desenrolando. O outro rapaz permanece sempre por perto, apoiando a relação e sofrendo, talvez por ter que abdicar do amor da costureirinha em função do amigo.
O filme é delicado, uma bela narrrativa, de ritmo envolvente, que aborda um período histórico só possível de ser mostrado agora, no atual momento de abertura econômica e cultural chinesa.
Podem até não concordar comigo, mas há uma outra história dentro da história principal. Um sentido subliminar, muito tênue, que o diretor magistralmente só registrou com imagens, sem palavras. O desejo do chinês que apóia o romance não é tanto pela costureirinha. É pelo amigo.
Não há nenhum diálogo que deixe a atração clara. Percebe-se por olhares e por conta da dedicação e cuidados dispensados ao casal. Pela aproximação e abdicação em função do outro, como se fosse uma relação a três. A impressão se cristaliza no encontro dos dois amigos, anos depois. Não estou fazendo nenhum juízo de certo ou errado nisso.
Não li o livro Balzac e a Costureirinha Chinesa, estou com o segundo do autor , O Complexo de Di, para ler. Se o filme é dirigido pelo próprio escritor, é muito provável que o real sentido do texto tenha sido mantido na tela.
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