Feriado estadual
Próxima sexta-feira, dois de julho, é a data de Independência da Bahia. Para grande parte da população brasileira, a data soa estranha. Na Bahia, como sempre, tudo tem que ser diferente. Por aqui, a independência não foi completada em sete de setembro de 1822, as lutas duraram até o ano seguinte. Na comemoração anual, são lembrados os fatos marcantes e os heróis locais, que são homenageados com um desfile cívico no centro da cidade.
Uma rede de TV local produziu uma série de reportagens sobre a Independência da Bahia, apresentada pelo ator Jackyson Costa, com depoimentos de historiadores e filmagens em locais onde ocorreram fatos relativos às batalhas. O trabalho ficou interessante e instrutivo.
Crônicas e comentários de Danilo Menezes. Jornalista brasileiro da Bahia, atualmente morando em Toronto, Ontario, Canada.
30.6.04
Moça com pérolas
Em um caminho cinza, ela queria flores. Flores que trouxessem alegria a uma trajeto nebuloso. Flores que alegrassem a poesia dos dias. Flores que reunissem versos. As flores da música e da melancolia. Para deixar esquecido o conhecimento adquirido nos anos de estudo. Para investir no fundo de ações para o bem-estar e tranquilidade. Comprimidos de sensibilidade suave. Peças de quebra-cabeça urbano, com vários personagens envolvivos em caminhos perdidos.
Flores para colorir viagens por mundos subterrâneos e desconhecidos. Causas perdidas e encantos desencontrados. Deslizes de um mundo árido e áspero. Mundo difícil para os sensíveis. Para aqueles que precisam da poesia em seus dias.
O mundo é mais do que esperam as pesquisas científicas. A criação está na frente, sempre sugerindo novos caminhos. A pesquisa vai atrás da poesia, tentando entendê-la. Tenta cercá-la, dominá-la. Tarefa ingrata. Os doutores do conhecimento constróem em palavras e tratados o que os criadores registram pela emoção. Os poetas-criadores dão matéria para a transformação.
Os criadores são os verdadeiros doutores da imaginação. Recebem a inspiração que flui e que jorra como vapor em um leito de pedras quentes. Às vezes a inspiração reage, às vezes se queima. A frieza da recepção é responsável pelo choque, maior ou menor.
A energia de criação é generosa, é agradável, não tem nada de esforço. A ela se junta um complô de forças do pensamento. A moça com pérolas procura todo o tempo a fecundidade das idéias. Ah, bom mesmo, para ela, seria aproveitar o dia, comer um doce bem doce e brincar de dormir a tarde toda.
Em um caminho cinza, ela queria flores. Flores que trouxessem alegria a uma trajeto nebuloso. Flores que alegrassem a poesia dos dias. Flores que reunissem versos. As flores da música e da melancolia. Para deixar esquecido o conhecimento adquirido nos anos de estudo. Para investir no fundo de ações para o bem-estar e tranquilidade. Comprimidos de sensibilidade suave. Peças de quebra-cabeça urbano, com vários personagens envolvivos em caminhos perdidos.
Flores para colorir viagens por mundos subterrâneos e desconhecidos. Causas perdidas e encantos desencontrados. Deslizes de um mundo árido e áspero. Mundo difícil para os sensíveis. Para aqueles que precisam da poesia em seus dias.
O mundo é mais do que esperam as pesquisas científicas. A criação está na frente, sempre sugerindo novos caminhos. A pesquisa vai atrás da poesia, tentando entendê-la. Tenta cercá-la, dominá-la. Tarefa ingrata. Os doutores do conhecimento constróem em palavras e tratados o que os criadores registram pela emoção. Os poetas-criadores dão matéria para a transformação.
Os criadores são os verdadeiros doutores da imaginação. Recebem a inspiração que flui e que jorra como vapor em um leito de pedras quentes. Às vezes a inspiração reage, às vezes se queima. A frieza da recepção é responsável pelo choque, maior ou menor.
A energia de criação é generosa, é agradável, não tem nada de esforço. A ela se junta um complô de forças do pensamento. A moça com pérolas procura todo o tempo a fecundidade das idéias. Ah, bom mesmo, para ela, seria aproveitar o dia, comer um doce bem doce e brincar de dormir a tarde toda.
29.6.04
Pedra, pedrinha
Hoje é 29 de junho, dia de São Pedro, que foi o primeiro Papa e é tido como o padroeiro das viúvas. Muitas cidades do interior do Estado ainda comemoram a data do último santo do calendário de festejos juninos. Enquanto Santo Antônio promete casamento, São Pedro proteje as viúvas.
Tenho uma amiga que faz aniversário hoje, dia 29. O nome dela é bem interessante: Pedrita, em homenagem a São Pedro. Nas famílias em que há muita devoção aos santos católicos, a felicidade é total quando o filho ou a filha nasce na data dedicada a algum deles. Daí a minha amiga ter o nome que tem.
Em meu caso, apesar de ter nascido no dia de Santo Antônio, não herdei o nome - e acho que também não as características. Se em minha família a tradição fosse levada a ferro e fogo, a minha irmã teria que se chamar Francisca, pois ela nasceu no dia de São Francisco.
Não acho feios os nomes Antônio e Francisca, mas prefiro os que os nossos pais nos deram. Já Pedrita eu acho bem bacana. Gosto do sufixo "ita", parece diminutivo de nome latino, como Pablito, Rafaelito, Juanita, Lolita. A coincidência é que "ita" significa pedra, em tupi-guarani. Itabuna, por exemplo, significa pedra preta. E o nome Pedro já diz tudo, vem de pedra. Portanto, Pedrita é como se fosse pedra em dobro, uma pedreira e tanto.
O nome Pedrita não teve, com certeza, nenhuma influência da personagem do desenho animado dos Flintstones, a filha de Fred. A minha amiga é natural do interior do Estado, estreou em uma cidade hoje em grande desenvolvimento, mas na qual a televisão demorou de chegar. Só foi instalada no início da década de oitenta, quando ela já era nascida.
O melhor de tudo é o segredo que ela faz questão de esconder, só revelado depois de algumas cervejas e para as pessoas de confiança - como os leitores deste blog. Mesmo assim, ela não sabe precisar se é verdade ou lenda. Ela nasceu no dia 28 de junho. A mãe só a registrou no dia seguinte, para poder homenagear o santo.
Parabéns Pê!
Hoje é 29 de junho, dia de São Pedro, que foi o primeiro Papa e é tido como o padroeiro das viúvas. Muitas cidades do interior do Estado ainda comemoram a data do último santo do calendário de festejos juninos. Enquanto Santo Antônio promete casamento, São Pedro proteje as viúvas.
Tenho uma amiga que faz aniversário hoje, dia 29. O nome dela é bem interessante: Pedrita, em homenagem a São Pedro. Nas famílias em que há muita devoção aos santos católicos, a felicidade é total quando o filho ou a filha nasce na data dedicada a algum deles. Daí a minha amiga ter o nome que tem.
Em meu caso, apesar de ter nascido no dia de Santo Antônio, não herdei o nome - e acho que também não as características. Se em minha família a tradição fosse levada a ferro e fogo, a minha irmã teria que se chamar Francisca, pois ela nasceu no dia de São Francisco.
Não acho feios os nomes Antônio e Francisca, mas prefiro os que os nossos pais nos deram. Já Pedrita eu acho bem bacana. Gosto do sufixo "ita", parece diminutivo de nome latino, como Pablito, Rafaelito, Juanita, Lolita. A coincidência é que "ita" significa pedra, em tupi-guarani. Itabuna, por exemplo, significa pedra preta. E o nome Pedro já diz tudo, vem de pedra. Portanto, Pedrita é como se fosse pedra em dobro, uma pedreira e tanto.
O nome Pedrita não teve, com certeza, nenhuma influência da personagem do desenho animado dos Flintstones, a filha de Fred. A minha amiga é natural do interior do Estado, estreou em uma cidade hoje em grande desenvolvimento, mas na qual a televisão demorou de chegar. Só foi instalada no início da década de oitenta, quando ela já era nascida.
O melhor de tudo é o segredo que ela faz questão de esconder, só revelado depois de algumas cervejas e para as pessoas de confiança - como os leitores deste blog. Mesmo assim, ela não sabe precisar se é verdade ou lenda. Ela nasceu no dia 28 de junho. A mãe só a registrou no dia seguinte, para poder homenagear o santo.
Parabéns Pê!
Moça com Brinco de Pérola é o famoso quadro do pintor holandês Jan Vermeer que inspirou livro e filme, que levam o mesmo nome. Produzido na Inglaterra e Luxemburgo em 2003, com indicações ao Oscar e estreando agora no Brasil, o filme é escuro, lento, com planos longos e música envolvente, ambientado no século XVII. Para relaxar e apreciar, como a uma bela pintura.
Jan Vermeer (Colin Firth) é casado, tem vários filhos e uma esposa ciumenta. A família é sustentada por um mecenas, que compra todas as obras. A "agente" do pintor é a sogra, que negocia os temas dos quadros. O pintor fica interessado na jovem criada Griet (Scarlet Johansson, de Encontros e Desencontros), recém-admitida em sua casa. A atriz está muito bem, a personagem fala pouco e transmite delicadeza e força só com olhares e com a boca expressiva.
Griet, apesar da pouca instrução, tem uma boa percepção da obra de Vermeer. Começa limpando a sua oficina e vai auxiliando na mistura das tintas, até se tornar motivo para o quadro. O envolvimento vai aumentando. Todo o desejo é contido nos olhares entre o pintor e a criada. Segundo Isabela Boscov, crítica de cinema da Veja, seria o que se convencionou chamar de erotismo, que anda meio esquecido.
Jan Vermeer (Colin Firth) é casado, tem vários filhos e uma esposa ciumenta. A família é sustentada por um mecenas, que compra todas as obras. A "agente" do pintor é a sogra, que negocia os temas dos quadros. O pintor fica interessado na jovem criada Griet (Scarlet Johansson, de Encontros e Desencontros), recém-admitida em sua casa. A atriz está muito bem, a personagem fala pouco e transmite delicadeza e força só com olhares e com a boca expressiva.
Griet, apesar da pouca instrução, tem uma boa percepção da obra de Vermeer. Começa limpando a sua oficina e vai auxiliando na mistura das tintas, até se tornar motivo para o quadro. O envolvimento vai aumentando. Todo o desejo é contido nos olhares entre o pintor e a criada. Segundo Isabela Boscov, crítica de cinema da Veja, seria o que se convencionou chamar de erotismo, que anda meio esquecido.
28.6.04
Fragmentos
Um beijo quente, um olhar macio. Um relato de vida, um sopro de flores perfeitas, perfiladas e perfumadas. Um oásis no céu da divergência. Cores e dores de acordes dissonantes. Belos pequenos gestos, imagens sacras. História e sensibilidade na ação do tempo.
Sons misteriosos que emanam das pedras que contém histórias duras. Seres presos em seus destinos e vocações. Algo maior do que a compreensão alcança. Pequenos seres de galáxias distantes. Uma uva de cor lilás, de aroma de baunilha. Gosto doce-ácido de uma viagem a lugar distante. Fragmentos de um dia.
Pequenos pedaços de uma tarde envolvente contida em textura de chocolate. Desejo de estar onde não se está. O querer não-ser e o ser algo mais. Coragem para ousar, sabedoria para esperar. O sempre pesar entre o desejo do ego e a necessidade conduzida pelos fatos da vida real.
Comida de festa
Nas ruas, nas praças, nas esquinas da internet e de todos os lugares da Bahia, só se fala dos festejos de São João. Festa em praticamente todas as cidades do Estado, engarrafamentos bizarros nas estradas, muita animação, bebida e dança.
O Pelourinho viveu dias de cidade de interior durante os festejos. As ruas estreitas e as casas antigas dão ao local um ar de cidade interiorana encravada no centro da cidade grande. Além das barracas de bebidas e comidas típicas, alguns restaurantes colocaram tabuleiros em suas portas, vendendo licores e comidas. Havia um caldo do polvo, vendido por um famoso restaurante, que estava uma coisa de louco.
As comidas de São João, em grande parte, são feitas com milho e levam açúcar: canjica, pamonha, cuscuz, lelê, bolo de milho. Há os pratos que são feitos com os derivados de mandioca: bolo de aipim (mandioca doce), bolo de carimã ou puba (que é a massa de mandioca), cuscuz e torta de tapioca . Mingau de diversos sabores. O amendoim é consumido cozido ou torrado, salgado ou doce.
Na festas juninas, é comum, principalmente em ambientes familiares e de amigos, haver reuniões em que as pessoas levem as suas colaborações. As famosas "bandejas" de comida, que os convidados tiveram que levar na festa de Lula e que tanto irritaram a jornalista Danuza Leão.
Fora um ou outro prato salgado, a mesa fica cheia de comidas adocicadas, que se juntam ao licor também muito doce. É açúcar demais. Tem uma hora que começa a enjoar, ninguém mais aguenta. A solução imediata é o amendoim salgado e água, já que a cerveja não combina bem com sabores adocicados.
As pessoas poderiam fazer coisas diferentes para variar o cardário. Já que a temática é nordestina, que tal carne do sol, aipim cozido e frito, torta salgada de milho, empanadas, e o que mais a imaginação permitir? O caldo de polvo, lá do restaurante do Pelourinho, caiu muito bem.
Nas ruas, nas praças, nas esquinas da internet e de todos os lugares da Bahia, só se fala dos festejos de São João. Festa em praticamente todas as cidades do Estado, engarrafamentos bizarros nas estradas, muita animação, bebida e dança.
O Pelourinho viveu dias de cidade de interior durante os festejos. As ruas estreitas e as casas antigas dão ao local um ar de cidade interiorana encravada no centro da cidade grande. Além das barracas de bebidas e comidas típicas, alguns restaurantes colocaram tabuleiros em suas portas, vendendo licores e comidas. Havia um caldo do polvo, vendido por um famoso restaurante, que estava uma coisa de louco.
As comidas de São João, em grande parte, são feitas com milho e levam açúcar: canjica, pamonha, cuscuz, lelê, bolo de milho. Há os pratos que são feitos com os derivados de mandioca: bolo de aipim (mandioca doce), bolo de carimã ou puba (que é a massa de mandioca), cuscuz e torta de tapioca . Mingau de diversos sabores. O amendoim é consumido cozido ou torrado, salgado ou doce.
Na festas juninas, é comum, principalmente em ambientes familiares e de amigos, haver reuniões em que as pessoas levem as suas colaborações. As famosas "bandejas" de comida, que os convidados tiveram que levar na festa de Lula e que tanto irritaram a jornalista Danuza Leão.
Fora um ou outro prato salgado, a mesa fica cheia de comidas adocicadas, que se juntam ao licor também muito doce. É açúcar demais. Tem uma hora que começa a enjoar, ninguém mais aguenta. A solução imediata é o amendoim salgado e água, já que a cerveja não combina bem com sabores adocicados.
As pessoas poderiam fazer coisas diferentes para variar o cardário. Já que a temática é nordestina, que tal carne do sol, aipim cozido e frito, torta salgada de milho, empanadas, e o que mais a imaginação permitir? O caldo de polvo, lá do restaurante do Pelourinho, caiu muito bem.
25.6.04
Saudade, palavra intraduzível
Ele tinha a serenidade de uma alma bem vivida. Tinha a sabedoria do tempo. Respeitava as ações irrefreáveis da juventude. Sabia que tudo estava contido em um instante ínfimo. Ele tinha pouca instrução. Trabalhou no campo, na estrada, na cidade grande. Foi retirante na metrópole. Sofreu as dores do desemprego. Voltou para o campo verde e úmido para encontrar a sua felicidade, contida na paz da família.
Pai, avô e criança em um corpo que o tempo levou a agilidade. De pouca formação escolar, sabia citar trechos de Raquel de Queiroz. Resquício de uma época em que os livros falavam forte, só comparados à vozes do rádio. Em uma era de poucas imagens, era um atento colecionador de fatos da história, que a televisão lhe trouxe aos poucos.
Participou de duas guerras, de conflitos, revoluções. Observou tudo atentamente. Teve malária e doenças do campo e dos homens. Sobreviveu às ideologias políticas. O seu maior desafio era a educação e o bem-estar familiar.
Criou pássaros, gatos, cágados e papagaios. Tratava-os com as mãos estendidas, como quem oferta o amor, como um santo despojado de seus bens materiais. Homem com a sapiência que não está nos livros, aquela que só a bondade traz. Viveu até os 90 anos, ao lado daqueles que as misteriosas leis do universo fizeram questão de aproximá-lo.
Já tem mais brasileiro que americano participando do Orkut. Tem até internauta vendendo convite para entrar no site. Da Folha Online.
24.6.04
Sol de inverno
Feriado, dia de sol quente no inverno baiano. Caminhada na orla de Salvador, trânsito fácil de carros. Com a cidade vazia, alguns dos que não viajaram, entre os quais me incluo, resolveram dar um pulo na praia. Eu fui dar uma boa caminhada no calçadão. Isso é que é inverno!
Nessa época do ano, não entro na água do mar nem pago. O problema é que as chuvas carregam um monte de impurezas para as águas, dos rios urbanos e do mar. Para quem quer pegar uma micose, não tem melhor oportunidade. É a melhor época para adquirir aquelas manchas brancas na pele, aquele famoso "pano branco".
E, adquirido o pano branco, só usando pomada Kadina. Alguém se lembra disso? Será que ainda existe? Era uma pomada cinzenta, fedorentíssima, com cheiro de enxofre, usada para micoses. Uma época atrás, há uns trezentos anos, havia uma propaganda na televisão que era um absurdo. Um assaltante vinha roubar uma garota. Ela lhe dizia, ansiosa: "Leve tudo, seu moço, mas não leve a minha Kadina". A propaganda era hilária, de tão boba.
Voltando à praia, é legal poder desfrutar do clima de verão na cidade tranquila, com pouca gente nas ruas, já que houve um verdadeiro êxodo urbano, em direção aos festejos no interior. O dia hoje foi como um domingo bem sossegado.
De tanto falar em forró e sertão, fui comer carneiro e bode no almoço, em um restaurante na beira da praia . A carne de carneiro é uma delícia, tem pouca gordura. Experimentei-a cozida, acompanhada de feijão fradinho, arroz, pirão e vinagrete. O pirão estava uma coisa. Do bode, fiquei só com um espetinho, cuja carne estava bem macia. Fiquei saboreando os pratos, olhando para o mar, percebendo as delícias do sertão e da praia.
No caminho para casa, passagem na locadora. Saí com Senhor dos Anéis - o Retorno do Rei e Em Nome de Deus. Ainda passei em uma delicatessen que faz um brigadeiro que é do tamanho de uma bola de sorvete. E custa só R$2,00. Acho que vou terminar a semana com peso extra. O jeito é redobrar as caminhadas. Que o sol continue, pelo menos por alguns dias.
Feriado, dia de sol quente no inverno baiano. Caminhada na orla de Salvador, trânsito fácil de carros. Com a cidade vazia, alguns dos que não viajaram, entre os quais me incluo, resolveram dar um pulo na praia. Eu fui dar uma boa caminhada no calçadão. Isso é que é inverno!
Nessa época do ano, não entro na água do mar nem pago. O problema é que as chuvas carregam um monte de impurezas para as águas, dos rios urbanos e do mar. Para quem quer pegar uma micose, não tem melhor oportunidade. É a melhor época para adquirir aquelas manchas brancas na pele, aquele famoso "pano branco".
E, adquirido o pano branco, só usando pomada Kadina. Alguém se lembra disso? Será que ainda existe? Era uma pomada cinzenta, fedorentíssima, com cheiro de enxofre, usada para micoses. Uma época atrás, há uns trezentos anos, havia uma propaganda na televisão que era um absurdo. Um assaltante vinha roubar uma garota. Ela lhe dizia, ansiosa: "Leve tudo, seu moço, mas não leve a minha Kadina". A propaganda era hilária, de tão boba.
Voltando à praia, é legal poder desfrutar do clima de verão na cidade tranquila, com pouca gente nas ruas, já que houve um verdadeiro êxodo urbano, em direção aos festejos no interior. O dia hoje foi como um domingo bem sossegado.
De tanto falar em forró e sertão, fui comer carneiro e bode no almoço, em um restaurante na beira da praia . A carne de carneiro é uma delícia, tem pouca gordura. Experimentei-a cozida, acompanhada de feijão fradinho, arroz, pirão e vinagrete. O pirão estava uma coisa. Do bode, fiquei só com um espetinho, cuja carne estava bem macia. Fiquei saboreando os pratos, olhando para o mar, percebendo as delícias do sertão e da praia.
No caminho para casa, passagem na locadora. Saí com Senhor dos Anéis - o Retorno do Rei e Em Nome de Deus. Ainda passei em uma delicatessen que faz um brigadeiro que é do tamanho de uma bola de sorvete. E custa só R$2,00. Acho que vou terminar a semana com peso extra. O jeito é redobrar as caminhadas. Que o sol continue, pelo menos por alguns dias.
23.6.04
Volpi
Viva São João
Por conta do feriado de São João, a cidade está tranquila. Quem fica em Salvador tem o trânsito fácil, menos barulho e agitação. Há muitas famílias enchendo os carros de bagagem para pegar a estrada em direção aos festejos.
As cidades do interior do Estado, já há algum tempo, descobriram o filão das festas juninas. Cidades que nunca tiveram tradição festeira, hoje fazem divulgação de vários shows musicais e de dança. É um filão turístico que movimenta lugares que, em geral, não possuem encantos naturais que atraiam os visitantes.
No São João tradicional, as pessoas entravam de casa em casa, comendo e bebendo, acompanhando algum trio de sanfona, zabumba e triângulo. Hoje em dia, em alguns locais, há até blocos de forró, com camiseta, nos quais um carro de som sai tocando músicas para os participantes dançarem. As cidades reservam as praças principais para os shows. Tudo fica lotado. De onde sai tanta gente? O São João é unânime ao atrair o pessoal do campo e da cidade.
O forró toma todo o país, em maior ou menor grau, a depender da região. Este ano, fala-se que o ritmo do Arrocha será bastante tocado. A conferir. Fala-se de forró, mas bem verdade que há uma miscelânea de ritmos, que incluem lambada, música breganeja, pagode e até o axé music.
Em Salvador, o Pelourinho está bem decorado e preparado para receber aquela multidão de pessoas que se espreme entre as ruas estreitas. É para quem quer muita agitação. Definitivamente, não é um local confortável. Vale a pena ir lá durante o dia, para respirar o clima de festa em um ambiente mais sossegado.
Viva São João
Por conta do feriado de São João, a cidade está tranquila. Quem fica em Salvador tem o trânsito fácil, menos barulho e agitação. Há muitas famílias enchendo os carros de bagagem para pegar a estrada em direção aos festejos.
As cidades do interior do Estado, já há algum tempo, descobriram o filão das festas juninas. Cidades que nunca tiveram tradição festeira, hoje fazem divulgação de vários shows musicais e de dança. É um filão turístico que movimenta lugares que, em geral, não possuem encantos naturais que atraiam os visitantes.
No São João tradicional, as pessoas entravam de casa em casa, comendo e bebendo, acompanhando algum trio de sanfona, zabumba e triângulo. Hoje em dia, em alguns locais, há até blocos de forró, com camiseta, nos quais um carro de som sai tocando músicas para os participantes dançarem. As cidades reservam as praças principais para os shows. Tudo fica lotado. De onde sai tanta gente? O São João é unânime ao atrair o pessoal do campo e da cidade.
O forró toma todo o país, em maior ou menor grau, a depender da região. Este ano, fala-se que o ritmo do Arrocha será bastante tocado. A conferir. Fala-se de forró, mas bem verdade que há uma miscelânea de ritmos, que incluem lambada, música breganeja, pagode e até o axé music.
Em Salvador, o Pelourinho está bem decorado e preparado para receber aquela multidão de pessoas que se espreme entre as ruas estreitas. É para quem quer muita agitação. Definitivamente, não é um local confortável. Vale a pena ir lá durante o dia, para respirar o clima de festa em um ambiente mais sossegado.
22.6.04
Discussão no arraial da Folha
A jornalista Danuza Leão, da Folha de São Paulo, pisou na canjica ao falar mal da festa caipira de Lula. Ela se mostrou esnobe e preconceituosa. "Com todo o respeito: a ideia de comemorar as bodas de perola com uma festa caipira nao podia ter sido pior. O Brasil tem tantos regionalismos bacanas, uma culinaria riquissima, varias maneiras de ser cheias de ginga e charme que deslumbram o mundo inteiro, e o presidente e dona Marisa Leticia vao escolher logo uma caipirada dessas?", escreveu a colunista.
Que outro tipo de festa com ginga a colunista iria sugerir? Ao som das escolas de samba do Rio, ao som dos tambores do Axé? Por que a cultura sertaneja ou nordestina não pode ser reconhecida como representativa do país?
A réplica da jornalista Márcia Camargos, doutora em História Social, no próprio jornal:
"Participar de um 'arraial' pode não ser o supra-sumo da sofisticação para quem se espelha em 'Maiami'. Mas revela sintonia com nossa cultura popular e com gostosos folguedos tradicionais que resistem aos bombardeios 'roliudianos'. Para a colunista, chique deve ser comemorar 'Ralouim' fantasiado de abóbora, alimentando a eterna submissão que tão bem define os colonizados."
O petardo de Danuza Leão acabou sendo positivo para o governo Lula, pois várias vozes se levantaram para defender a idéia da festa, em nome da cultura nacional.
O Brasil já chegou a um ponto de auto-estima que pode valorizar as suas tradições culturais sem se preocupar em fazer comparações com modelos importados. Danuza, sempre tão atenta, parece que ainda não percebeu isso. Acabou passando por caipira.
21.6.04
Sexo com humor
Assisti ao premiado filme chileno Sexo com Amor, na Sala do Museu. Platéia cheia, filme divertido. Uma comédia que mostra vários problemas na vida sexual dos casais: traições, frigidez, masturbação, tudo com muita graça. Curiosamente, havia mais mulheres do que homens no cinema, muitas senhoras, que se acabavam de rir. Será que foi o título do filme, que provocou a ida delas ao cinema? Será o sexo com amor o sonho dourado de todas as mulheres?
É interessante notar como tem havido mudanças na vida dos casais e das pessoas com mais idade. Parece que, com o advento do Viagra e da reposição hormonal, as pessoas maduras não se sentem mais na obrigação de sustentar relacionamentos desgastados. Será o fim - ou pelo menos o questionamento - do casamento para sempre?
O filme, apesar de não abordar a questão do sexo na maturidade, mostra, de forma divertida, várias dificuldades com as quais os casais se deparamo. Pessoas que traem não suportam a traição. Dificuldades em relaxar e atingir o prazer. Sexualidade exacerbada, com atração desenfreada por várias pessoas. Culpa e frigidez. Falta de informação.
Por vezes o escracho do filme faz parecer aquelas bobas comédias americanas de adolescentes, no estilo Porky?s, American Pie e várias outras. Mas Sexo com Amor tem um viés bem mais inteligente e questionador, por trás (opa!) da gozação (vixe!).
20.6.04
Moqueca saudável
Mais um restaurante ganha pontos no quesito bom e barato do blog Festa dos Sentidos: o Axego, que fica no Largo do Pelourinho, 7, 1º andar. Experimentei a moqueca de peixe, feita com cavala. Uma delícia. No restaurante, a moqueca é feita com o peixe do dia, fresco, portanto, não há muita variedade. Além da cavala, havia o prato feito com arraia.
Segundo E., presente no evento de comilança, a cavala é um dos peixes de maior teor de colesterol HDL, aquele saudável, que faz bem para o coração. Pode apostar no peixinho. Além de fazer bem para o paladar, também é legal para a saúde.
Alguns peixes, de carne mais escura, não são muito valorizados. É o caso da cavala, do atum e da sardinha, que têm preço mais baixo do que os de carne branca, como o robalo e a pescada. As pessoas não sabem o que estão perdendo. Ouvi falar que a moqueca de atum também é deliciosa. Coincidência ou não, esses peixes de carne escura têm maior teor de bom colesterol e ômega 3.
Os pratos no Axego têm porções imensas. Junto com a moqueca, pedimos uma feijoada. Foi mais do que suficiente para cinco pessoas, ainda sobrou. E olha que só tinha gente boa de garfo na mesa.
19.6.04
Aniversário da Monstra - cobertura do Diário dos Monstros
Sexta-feira à noite, última sessão da Sala do Museu. Os sombrios frequentadores percebem um clima diferente, fantasmagórico, quase assustador, no ar. O filme é De Corpo e Alma, de Robert Altman, com Malcolm McDowell, ator inglês do filme Laranja Mecânica.
Final da sessão, segredo revelado. Reunião da Confraria dos Monstros para comemorar o aniversário da Monstra Sá. No alto das escadarias da Sala do Museu, quase se sentindo Grace Kelly, sob os insistentes flashes digitais de Peter Porto, a Monstra balbuciou para a platéia reunida: "Eu q-q-queria fazer algo chique", entre lágrimas contidas, que ficaram esperando para rolar rosto abaixo. "Mas o chique é estar aqui com você", conseguiu arrematar, em tom de show musical, convocando a monstraria presente para o brinde com champanhe.
Mais flashes e fogos de artifício espocando. Vinho espumante, fondue de chocolate, torta, sequilhos e ponche para comemorar os 183 anos da Monstra, que trajava um modelito fashion da década de 60, justo e revelador do corpitcho que não aparenta mais do que 145 anos. Depois do discurso, a Monstra Sá, por alguns minutos, ainda incorporou o peixe-borboleta, a sua segunda horripilante versão, levando os convidados às gargalhadas.
A Monstra ficou radiante, bem como as demais criaturas fantasmagóricas presentes, contentes pelo aniversário e pela festinha da monstruosa e querida criatura. Depois desses evento - foi a impressão geral -, as escadarias do Museu nunca mais serão as mesmas.
Sexta-feira à noite, última sessão da Sala do Museu. Os sombrios frequentadores percebem um clima diferente, fantasmagórico, quase assustador, no ar. O filme é De Corpo e Alma, de Robert Altman, com Malcolm McDowell, ator inglês do filme Laranja Mecânica.
Final da sessão, segredo revelado. Reunião da Confraria dos Monstros para comemorar o aniversário da Monstra Sá. No alto das escadarias da Sala do Museu, quase se sentindo Grace Kelly, sob os insistentes flashes digitais de Peter Porto, a Monstra balbuciou para a platéia reunida: "Eu q-q-queria fazer algo chique", entre lágrimas contidas, que ficaram esperando para rolar rosto abaixo. "Mas o chique é estar aqui com você", conseguiu arrematar, em tom de show musical, convocando a monstraria presente para o brinde com champanhe.
Mais flashes e fogos de artifício espocando. Vinho espumante, fondue de chocolate, torta, sequilhos e ponche para comemorar os 183 anos da Monstra, que trajava um modelito fashion da década de 60, justo e revelador do corpitcho que não aparenta mais do que 145 anos. Depois do discurso, a Monstra Sá, por alguns minutos, ainda incorporou o peixe-borboleta, a sua segunda horripilante versão, levando os convidados às gargalhadas.
A Monstra ficou radiante, bem como as demais criaturas fantasmagóricas presentes, contentes pelo aniversário e pela festinha da monstruosa e querida criatura. Depois desses evento - foi a impressão geral -, as escadarias do Museu nunca mais serão as mesmas.
18.6.04
Canta, Cazuza
Depois do filme, a música de Cartola não me sai da cabeça
Ainda é cedo, amor
mal começaste a conhecer a vida
já anuncias a hora de partida
sem saber mesmo o rumo que irás tomar
(...)
preste atenção, o mundo é um moinho
vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
vai reduzir as ilusões a pó...
Ouça-me bem, amor
Depois do filme, a música de Cartola não me sai da cabeça
Ainda é cedo, amor
mal começaste a conhecer a vida
já anuncias a hora de partida
sem saber mesmo o rumo que irás tomar
(...)
preste atenção, o mundo é um moinho
vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
vai reduzir as ilusões a pó...
Ouça-me bem, amor
Leituras
O final de semana vem chegando e com ele vêm junto os bons argúrios do descanso. Semana cansativa e de adaptação ao novo horário de trabalho. Hoje tem aniversário de amigo. Oba! Monstros reunidos.
Comprei alguns livros de presente para mim, por conta do meu próprio aniversário. Livraria em promoção, fiz a festa. A Comida Baiana de Jorge Amado, da filha Paloma, A Invenção do Restaurante, de Rebecca Spang, Song of Myself, de Walt Whitman, e Introdução ao Teatro, da atriz Monah Delacy.
Não comecei a ler nenhum deles ainda, pois tomei emprestado dos livros de uma biblioteca. Um Jovem Americano, de Edmund White, e Os Melhores Poemas de João Cabral de Melo Neto.
Estou lendo Edmund White e, nos intervalos, alguns dos poemas do pernambucano João Cabral. O livro do autor americano parece fácil, é interessante, tem um monte de imagens poéticas, o que estimula a reler alguns períodos para captar melhor o sentido. No início, isso me pareceu fascinante, pois conferia densidade ao texto.
Não sei se por conta da semana agitada, não tenho conseguido concentração. Às vezes a quantidade de figuras de linguagem me parece um tanto exagerada, tornando o livro pouco atraente. Bom, não estou nem na metade, é ler para crer sobre o talento de Mr. White, atestado por Susan Sontag na contracapa do livro.
O final de semana vem chegando e com ele vêm junto os bons argúrios do descanso. Semana cansativa e de adaptação ao novo horário de trabalho. Hoje tem aniversário de amigo. Oba! Monstros reunidos.
Comprei alguns livros de presente para mim, por conta do meu próprio aniversário. Livraria em promoção, fiz a festa. A Comida Baiana de Jorge Amado, da filha Paloma, A Invenção do Restaurante, de Rebecca Spang, Song of Myself, de Walt Whitman, e Introdução ao Teatro, da atriz Monah Delacy.
Não comecei a ler nenhum deles ainda, pois tomei emprestado dos livros de uma biblioteca. Um Jovem Americano, de Edmund White, e Os Melhores Poemas de João Cabral de Melo Neto.
Estou lendo Edmund White e, nos intervalos, alguns dos poemas do pernambucano João Cabral. O livro do autor americano parece fácil, é interessante, tem um monte de imagens poéticas, o que estimula a reler alguns períodos para captar melhor o sentido. No início, isso me pareceu fascinante, pois conferia densidade ao texto.
Não sei se por conta da semana agitada, não tenho conseguido concentração. Às vezes a quantidade de figuras de linguagem me parece um tanto exagerada, tornando o livro pouco atraente. Bom, não estou nem na metade, é ler para crer sobre o talento de Mr. White, atestado por Susan Sontag na contracapa do livro.
17.6.04
Ronrom, quem diria, foi parar no cinema
No filme Shrek 2, um dos personagens mais interessantes é o Gato de Botas. Era para ele ser o vilão, que iria matar o ogro. Ao sacar a espada para o ataque, o gato engasga e vomita uma bola de pêlos. Mais característico de gatos é impossível.
Vulnerável, o gato é poupado por Shrek. Decide ficar devotado ao ogro e acompanhá-lo em sua aventura. Para convencer o ogro a deixá-lo ir junto, abandona a agressividade do Gato de Botas e faz expressão de carente, baixando as orelhas e olhos, manha típica de gatos. É de cortar o coração, dos personagens e do público. A cena é primorosa.
O gato do filme tem pêlo tigrado amarelo, sotaque espanhol e um aspecto semelhante aos animais que vivem soltos nas ruas do Brasil. É um autêntico exemplar da raça Pêlo Curto Brasileiro, ou Brazilian Shorthair, como é conhecido internacionalmente.
A raça de gatos de rua do Brasil foi reconhecida em 1998. Descende dos gatos sem raça pura, felis silvestris iberica, que vieram para o Brasil na colonização, a partir de 1500, e aqui se misturaram a outros gatos de rua. Após um trabalho de seleção genética, feito por criadores pioneiros, o Brazilian Shorthair simplesmente está na abertura do site da World Cat Federation (www.wcf-online.de/english/index.htm).
Entre as características, tem pêlos curtos e sedosos, cabeça e orelhas de tamanho médio, proporcionais à largura da base, bem colocadas. Os olhos são ligeiramente oblíquos. O nariz da mesma largura da base até a ponta. O corpo é forte e musculoso, com aspecto geral muito ágil e elegante. Não tão esguio como o siamês e o oriental, nem tão corpulento como o persa e os gatos europeus. Todas as cores são aceitas. O rabo tem comprimento médio, é grosso na base e vai afinando até a ponta. O temperamento é dócil, companheiro e amigo. Tem resistência a doenças e é bem disposto.
Portanto, trate de cuidar mais desses gatinhos que vivem pelas ruas. Eles valem tanto ou até mais que os caros siameses e persas dos pet shops.
No filme Shrek 2, um dos personagens mais interessantes é o Gato de Botas. Era para ele ser o vilão, que iria matar o ogro. Ao sacar a espada para o ataque, o gato engasga e vomita uma bola de pêlos. Mais característico de gatos é impossível.
Vulnerável, o gato é poupado por Shrek. Decide ficar devotado ao ogro e acompanhá-lo em sua aventura. Para convencer o ogro a deixá-lo ir junto, abandona a agressividade do Gato de Botas e faz expressão de carente, baixando as orelhas e olhos, manha típica de gatos. É de cortar o coração, dos personagens e do público. A cena é primorosa.
O gato do filme tem pêlo tigrado amarelo, sotaque espanhol e um aspecto semelhante aos animais que vivem soltos nas ruas do Brasil. É um autêntico exemplar da raça Pêlo Curto Brasileiro, ou Brazilian Shorthair, como é conhecido internacionalmente.
A raça de gatos de rua do Brasil foi reconhecida em 1998. Descende dos gatos sem raça pura, felis silvestris iberica, que vieram para o Brasil na colonização, a partir de 1500, e aqui se misturaram a outros gatos de rua. Após um trabalho de seleção genética, feito por criadores pioneiros, o Brazilian Shorthair simplesmente está na abertura do site da World Cat Federation (www.wcf-online.de/english/index.htm).
Entre as características, tem pêlos curtos e sedosos, cabeça e orelhas de tamanho médio, proporcionais à largura da base, bem colocadas. Os olhos são ligeiramente oblíquos. O nariz da mesma largura da base até a ponta. O corpo é forte e musculoso, com aspecto geral muito ágil e elegante. Não tão esguio como o siamês e o oriental, nem tão corpulento como o persa e os gatos europeus. Todas as cores são aceitas. O rabo tem comprimento médio, é grosso na base e vai afinando até a ponta. O temperamento é dócil, companheiro e amigo. Tem resistência a doenças e é bem disposto.
Portanto, trate de cuidar mais desses gatinhos que vivem pelas ruas. Eles valem tanto ou até mais que os caros siameses e persas dos pet shops.
16.6.04
Os feios também amam
O desenho animado Shrek 2 (EUA, 2004) é a continuação da história de amor do ogro Shrek com a princesa Fiona, transformada em ogra. Desta vez, depois de casados, eles vão conhecer os pais da noiva, o rei e a rainha. Confusão na certa. Na versão original do filme, em inglês, os personagens têm as vozes de atores famosos como Mike Myers, Cameron Diaz e Rupert Everett. No Brasil, Shrek é dublado pelo humorista Bussunda.
Cheio de referências ao cinema, cantores do mundo pop e músicas da época da discoteca, nos anos 70, Shrek 2 é diversão garantida, que leva o público - nem tão infantil assim - às gargalhadas. Neste episódio, a gozação também é com os personagens de contos infantis. O destaque é a presença do Gato de Botas, apresentado como um gato cheio de manhas, bem parecido com o animal de verdade.
Shrek 2 vem obtendo as maiores bilheterias do cinema americano desta temporada. Trabalho difícil, ao competir com filmes como Harry Potter, O Dia Depois de Amanhã e Tróia. A vantagem é agradar às faixas etárias mais variadas, unindo bom humor com uma mensagem de amor verdadeiro, que independe da aparência física.
O desenho animado Shrek 2 (EUA, 2004) é a continuação da história de amor do ogro Shrek com a princesa Fiona, transformada em ogra. Desta vez, depois de casados, eles vão conhecer os pais da noiva, o rei e a rainha. Confusão na certa. Na versão original do filme, em inglês, os personagens têm as vozes de atores famosos como Mike Myers, Cameron Diaz e Rupert Everett. No Brasil, Shrek é dublado pelo humorista Bussunda.
Cheio de referências ao cinema, cantores do mundo pop e músicas da época da discoteca, nos anos 70, Shrek 2 é diversão garantida, que leva o público - nem tão infantil assim - às gargalhadas. Neste episódio, a gozação também é com os personagens de contos infantis. O destaque é a presença do Gato de Botas, apresentado como um gato cheio de manhas, bem parecido com o animal de verdade.
Shrek 2 vem obtendo as maiores bilheterias do cinema americano desta temporada. Trabalho difícil, ao competir com filmes como Harry Potter, O Dia Depois de Amanhã e Tróia. A vantagem é agradar às faixas etárias mais variadas, unindo bom humor com uma mensagem de amor verdadeiro, que independe da aparência física.
15.6.04
Riquezas
Minha irmã teve um sonho interessante. Sonhou que estávamos juntos eu, ela e outra pessoa da família. De repente chegavam um monte de pequenos cisnes. Bem pequenos, quase cabiam na palma da mão. Ela contou que tentava pegá-los e conseguiu alcançar um deles. Enquanto isso, eu abria os braços e todos os pequenos cisnes vinham ao meu encontro, ficando ao meu redor.
Ela me contou que na mitologia oriental o cisne tem uma imagem fascinante. Ele pesca pérolas entre as pedras. Transformando em palavras, isso significa que o cisne teria a capacidade de obter o melhor de cada pessoa, extraindo, ou dando instrumentos, para que a pessoa expresse o que ela tem de bom. No caso, as pérolas.
Preciso dizer alguma coisa? Só que fiquei muito feliz.
Minha irmã teve um sonho interessante. Sonhou que estávamos juntos eu, ela e outra pessoa da família. De repente chegavam um monte de pequenos cisnes. Bem pequenos, quase cabiam na palma da mão. Ela contou que tentava pegá-los e conseguiu alcançar um deles. Enquanto isso, eu abria os braços e todos os pequenos cisnes vinham ao meu encontro, ficando ao meu redor.
Ela me contou que na mitologia oriental o cisne tem uma imagem fascinante. Ele pesca pérolas entre as pedras. Transformando em palavras, isso significa que o cisne teria a capacidade de obter o melhor de cada pessoa, extraindo, ou dando instrumentos, para que a pessoa expresse o que ela tem de bom. No caso, as pérolas.
Preciso dizer alguma coisa? Só que fiquei muito feliz.
14.6.04
Aniversário
A comemoração foi no Soho, restaurante japonês que a revista Veja elegeu como o melhor da cidade na categoria. Almoçar em restaurante que tem este tipo de cozinha é fazer uma homenagem ao prazer de comer bem.
O cardápio é variadíssimo. Sushis, grelhados, acompanhamentos e pratos que nos instigam a comer em várias etapas, deixando de lado o costume de pedir um prato grande, que encerre toda a refeição.
Experimentei uma espécie de sushi empanado que era uma coisa do outro mundo. Quentinho, recheado com arroz, salmão, com um pouco molho e de cream cheese em cima. Os puristras devem achar um absurdo. O crítico de gastronomia da Folha de São Paulo chama este tipo de "sushi adolescente". É aquele que leva maionese, frutas, queijo, etc., que foge das receitas tradicionais japonesas. Tradição ou não, estava uma delícia. Experimentei também o yakissoba.
Depois que havia almoçado, vi um prato que fiquei babando. Um salmão enorme, cozido em folha de alumínio, rechedo com alho-poró e "brócolis ninja". Será que é o alimento preferido das tartarugas ninja? O prato era uma beleza. Fiquei me prometendo que vou tentar preparar algo do tipo em casa.
O restaurante fica em um dos lugares mais bonitos de Salvador: no pier Bahia Marina, na beira da Baía de Todos os Santos. Todo em madeira, lembra uma construção litorânea européia. Na parte do deck, foram colocadas algumas placas de vidro no piso, que permitem a visualização do mar sob os pés. Muito legal. Apesar da aura "hype" do local, os preços não ficam acima dos demais japoneses da cidade.
A comemoração foi no Soho, restaurante japonês que a revista Veja elegeu como o melhor da cidade na categoria. Almoçar em restaurante que tem este tipo de cozinha é fazer uma homenagem ao prazer de comer bem.
O cardápio é variadíssimo. Sushis, grelhados, acompanhamentos e pratos que nos instigam a comer em várias etapas, deixando de lado o costume de pedir um prato grande, que encerre toda a refeição.
Experimentei uma espécie de sushi empanado que era uma coisa do outro mundo. Quentinho, recheado com arroz, salmão, com um pouco molho e de cream cheese em cima. Os puristras devem achar um absurdo. O crítico de gastronomia da Folha de São Paulo chama este tipo de "sushi adolescente". É aquele que leva maionese, frutas, queijo, etc., que foge das receitas tradicionais japonesas. Tradição ou não, estava uma delícia. Experimentei também o yakissoba.
Depois que havia almoçado, vi um prato que fiquei babando. Um salmão enorme, cozido em folha de alumínio, rechedo com alho-poró e "brócolis ninja". Será que é o alimento preferido das tartarugas ninja? O prato era uma beleza. Fiquei me prometendo que vou tentar preparar algo do tipo em casa.
O restaurante fica em um dos lugares mais bonitos de Salvador: no pier Bahia Marina, na beira da Baía de Todos os Santos. Todo em madeira, lembra uma construção litorânea européia. Na parte do deck, foram colocadas algumas placas de vidro no piso, que permitem a visualização do mar sob os pés. Muito legal. Apesar da aura "hype" do local, os preços não ficam acima dos demais japoneses da cidade.
12.6.04
Forró de internautas
Aniversário de colega da Faculdade, em clima de forró, com licor, cerveja, bolos, canjica, amendoim, tortas doce e salgada e tudo mais. Tempo de botar o papo em dia. Tive a oportunidade de prosear com gente que não conhecia ou que nunca havia parado para conversar.
Conheci este blogueiro. É bem jovem, tem 20 anos, estuda Direito. Pela sensibilidade e pela qualidade do seu texto, pensei que ele tivesse mais idade. Comentei sobre um texto dele com o qual eu havia me identificado muito.
O pessoal de Comunicação gosta mesmo é de conversar. O som ficou rolando, mas quase ninguém se arvorou a dançar. Em certo momento, foram convocados todos os participantes presentes do Orkut para uma foto. Quase todo mundo se levantou. Ficou difícil para a fotógrafa conseguir enquadrar tanta gente.
Conheci este blogueiro. É bem jovem, tem 20 anos, estuda Direito. Pela sensibilidade e pela qualidade do seu texto, pensei que ele tivesse mais idade. Comentei sobre um texto dele com o qual eu havia me identificado muito.
O pessoal de Comunicação gosta mesmo é de conversar. O som ficou rolando, mas quase ninguém se arvorou a dançar. Em certo momento, foram convocados todos os participantes presentes do Orkut para uma foto. Quase todo mundo se levantou. Ficou difícil para a fotógrafa conseguir enquadrar tanta gente.
11.6.04
Sexo, animais e outros bichos
A parte, digamos, sexual e humana, do livro Amestrando orgasmos - Bípedes, quadrúpedes e outras fixações animais, do jornalista e escritor Ruy Castro, é somente a primeira metade das crônicas e contos. Os demais textos são observações bem-humoradas sobre animais irracionais - alguns com sexo, outros sem.
Ruy Castro é o autor de Chega de Saudade - A história e as histórias da Bossa Nova e O anjo pornográfico - A vida de Nelson Rodrigues. Em Amestrando Orgasmos, ele dá conta do recado, desta vez nos textos rápidos. Escrita leve, direta e divertida, que leva o leitor ao riso. Sinal de que ele chega ao patamar dos grandes cronistas brasileiros.
A inspiração não poderia ser mais criativa: a pesquisa científica sobre os temas sexo e animais. Nem sempre separados, veja bem. Castro saiu recortando aquelas notas com um quê de esquisitice que saem nos jornais. Em cima das notícias, parte para os comentários e divagações, temperando com a mais fina ironia, que descamba no humor inteligente.
Dizem que as melhores invenções são as mais simples. São aquelas que fazem a gente pensar: "Como não imaginei isso antes?". Amestrando Orgasmos é prova incontestável de uma boa idéia.
Trechos
"O problema é que o pênis do elefante não parece ter muito senso de orientação. Lembra vagamente um periscópio de submarino tentando acertar a mira, e o elefante precisa ser ajudado pela elefoa, a qual move seu abundante traseiro de um lado para o outro, a fim de se colocar em posição. Infelizmente, quanto mais a elefoa rebola, mais difícil é a conjuminância, e o elefante emite sons de impaciência que chegam a cortar o coração."
O pênis do elefante
"Já a idéia inicial, essa sim, me empolga: tentar enxergar o mundo pelos olhos de um gato. Teríamos tudo a lucrar com isso. Em primeiro lugar, com a sua sabedoria em relação ao que o cerca, sua agilidade de percepção, sua capacidade de alerta, sua delicadeza ao se mover entre bibelôs sem derrubar ou quebrar nenhum."
Pelos olhos de um gato
A parte, digamos, sexual e humana, do livro Amestrando orgasmos - Bípedes, quadrúpedes e outras fixações animais, do jornalista e escritor Ruy Castro, é somente a primeira metade das crônicas e contos. Os demais textos são observações bem-humoradas sobre animais irracionais - alguns com sexo, outros sem.
Ruy Castro é o autor de Chega de Saudade - A história e as histórias da Bossa Nova e O anjo pornográfico - A vida de Nelson Rodrigues. Em Amestrando Orgasmos, ele dá conta do recado, desta vez nos textos rápidos. Escrita leve, direta e divertida, que leva o leitor ao riso. Sinal de que ele chega ao patamar dos grandes cronistas brasileiros.
A inspiração não poderia ser mais criativa: a pesquisa científica sobre os temas sexo e animais. Nem sempre separados, veja bem. Castro saiu recortando aquelas notas com um quê de esquisitice que saem nos jornais. Em cima das notícias, parte para os comentários e divagações, temperando com a mais fina ironia, que descamba no humor inteligente.
Dizem que as melhores invenções são as mais simples. São aquelas que fazem a gente pensar: "Como não imaginei isso antes?". Amestrando Orgasmos é prova incontestável de uma boa idéia.
Trechos
"O problema é que o pênis do elefante não parece ter muito senso de orientação. Lembra vagamente um periscópio de submarino tentando acertar a mira, e o elefante precisa ser ajudado pela elefoa, a qual move seu abundante traseiro de um lado para o outro, a fim de se colocar em posição. Infelizmente, quanto mais a elefoa rebola, mais difícil é a conjuminância, e o elefante emite sons de impaciência que chegam a cortar o coração."
O pênis do elefante
"Já a idéia inicial, essa sim, me empolga: tentar enxergar o mundo pelos olhos de um gato. Teríamos tudo a lucrar com isso. Em primeiro lugar, com a sua sabedoria em relação ao que o cerca, sua agilidade de percepção, sua capacidade de alerta, sua delicadeza ao se mover entre bibelôs sem derrubar ou quebrar nenhum."
Pelos olhos de um gato
10.6.04
O tempo não pára
Feriado, dia chuvoso, véspera dos Dia dos Namorados, a cidade se deslocou para o shopping center. Fui cedo, para sessão dupla: Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban e a pré-estréia, aberta ao público, de Cazuza - O Tempo Não Pára. O almoço ficou entre as duas sessões.
O Tempo Não Pára é uma viagem ao rock dos anos oitenta. Final da ditadura militar, cena rocker se estabelecendo no país, com grande inspiração do que se fazia na Inglaterra (e isso deixou de ser feito?). Cazuza foi um grande poeta, cantor e um grande personagem. Ele ousou, em uma época em que a caretice voltava a querer se instalar, depois do desbunde dos anos 70.
Lembrei de tanta coisa. Do primeiro Rock in Rio, que assisti pela televisão. Da minha adolescência. De uma amiga minha, que ficou com um roadie do grupo Barão Vermelho, depois de um show. De uma das últimas apresentações de Cazuza em Salvador, em 89 ou 90, que eu não tive grana para ir.
O filme é bom, o ator Daniel Oliveira está fenomenal no papel principal, mas faltou contextualizar mais da época. Senti falta de alguns flashes do filme Bete Balanço, estrelado por Débora Bloch, que marcou época e que tinha música-tema cantada por Cazuza. A música aparece simplesmente emoldurada por um letreiro do filme. Quem está na faixa dos vinte e poucos anos não sabe do que se trata.
Apesar de mostrar bastante da "vida louca vida" do cantor, no filme há a presença constante da família, especialmente da mãe, Lucinha, vivida por Marieta Severo. Não é para menos, a família participou da produção. Dizem que a mãe sufocava Cazuza. Pelo filme, dá para ver que ela era mesmo intrometida, ainda que contasse com muita cumplicidade do filho.
Tem uma cena em que ela vai limpar o apartamento de Cazuza. Encontra um pacotão de maconha e joga tudo na privada. Cazuza fica puto e dispara: "Vá tomar no cu". Depois, ele está com o carro parado no trânsito. A mãe chega, lacônica, com um galão de gasolina, atendendo ao pedido do filho. "Por que você está assim?", ele pergunta. "Você não mandou eu tomar no cu? Estou tomando". Cazuza dá risada e ameaça explodir o galão, em cima da cabeça, com um isqueiro. Eles se abraçam e se beijam.
Faltou mais do Cazuza poeta e transgressor, apesar de haver cenas fortes com drogas e dos seus romances, heteros e homossexuais. O filme fica parecendo um documentário dos maiores sucessos do cantor, inclusive com algumas cenas - rápidas - retiradas de gravações dos shows.
Harry Potter, como sempre, foi muito legal. Muito suspense, ação, magia, perseguições. Os personagens estão quase adolescentes, na faixa dos treze anos. Apesar da censura livre, o filme não é para crianças muito pequenas.
Feriado, dia chuvoso, véspera dos Dia dos Namorados, a cidade se deslocou para o shopping center. Fui cedo, para sessão dupla: Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban e a pré-estréia, aberta ao público, de Cazuza - O Tempo Não Pára. O almoço ficou entre as duas sessões.
O Tempo Não Pára é uma viagem ao rock dos anos oitenta. Final da ditadura militar, cena rocker se estabelecendo no país, com grande inspiração do que se fazia na Inglaterra (e isso deixou de ser feito?). Cazuza foi um grande poeta, cantor e um grande personagem. Ele ousou, em uma época em que a caretice voltava a querer se instalar, depois do desbunde dos anos 70.
Lembrei de tanta coisa. Do primeiro Rock in Rio, que assisti pela televisão. Da minha adolescência. De uma amiga minha, que ficou com um roadie do grupo Barão Vermelho, depois de um show. De uma das últimas apresentações de Cazuza em Salvador, em 89 ou 90, que eu não tive grana para ir.
O filme é bom, o ator Daniel Oliveira está fenomenal no papel principal, mas faltou contextualizar mais da época. Senti falta de alguns flashes do filme Bete Balanço, estrelado por Débora Bloch, que marcou época e que tinha música-tema cantada por Cazuza. A música aparece simplesmente emoldurada por um letreiro do filme. Quem está na faixa dos vinte e poucos anos não sabe do que se trata.
Apesar de mostrar bastante da "vida louca vida" do cantor, no filme há a presença constante da família, especialmente da mãe, Lucinha, vivida por Marieta Severo. Não é para menos, a família participou da produção. Dizem que a mãe sufocava Cazuza. Pelo filme, dá para ver que ela era mesmo intrometida, ainda que contasse com muita cumplicidade do filho.
Tem uma cena em que ela vai limpar o apartamento de Cazuza. Encontra um pacotão de maconha e joga tudo na privada. Cazuza fica puto e dispara: "Vá tomar no cu". Depois, ele está com o carro parado no trânsito. A mãe chega, lacônica, com um galão de gasolina, atendendo ao pedido do filho. "Por que você está assim?", ele pergunta. "Você não mandou eu tomar no cu? Estou tomando". Cazuza dá risada e ameaça explodir o galão, em cima da cabeça, com um isqueiro. Eles se abraçam e se beijam.
Faltou mais do Cazuza poeta e transgressor, apesar de haver cenas fortes com drogas e dos seus romances, heteros e homossexuais. O filme fica parecendo um documentário dos maiores sucessos do cantor, inclusive com algumas cenas - rápidas - retiradas de gravações dos shows.
Harry Potter, como sempre, foi muito legal. Muito suspense, ação, magia, perseguições. Os personagens estão quase adolescentes, na faixa dos treze anos. Apesar da censura livre, o filme não é para crianças muito pequenas.
9.6.04
Consciência
Um farfalhar de asas de uma borboleta, por exemplo, na América, pode ser sentido no Japão como um tufão. Segundo a teoria do caos, é o "Efeito Borboleta", também título do filme estrelado pelo americano Ashton Kutcher.
Evan (Kutcher) é um jovem que descobre a habilidade de voltar sua consciência no tempo. Ele usa este poder para retornar à sua conturbada infância, marcada por problemas de memória, e mudar o rumo de sua vida, alterando o presente da mulher que ama, de seus amigos e família. Mas cada vez que Evan volta para alterar algum fato do passado, algo dá errado no presente.
Efeito Borboleta é um bom filme de suspense, tenso e provocador, com um roteiro bem pensado. É uma nova direção para Ashton Kutcher, mais conhecido como ator cômico, pela série de TV That 70's Show e dos filmes Cara, Cadê meu Carro? e Recém-Casados. Além de ser o namorado da atriz Demi Moore.
As alterações no passado, realizadas por Evan, possibilitam diferentes versões do presente. Por conta disso, os atores têm a oportunidade de construir personagens com diversas nuances, auxiliados por um bom trabalho de caracterização e de maquiagem.
O filme tem um roteiro bem construído. O personagem principal é estudante de Psicologia. Não por acaso. O processo pelo qual ele passa, de retorno e de reflexão ao seu passado, para aliviar as dores do presente, é semelhante ao processo vivenciado na psicanálise.
Aston Kutcher tem uma boa oportunidade de mostrar o seu talento, agora em um trabalho mais denso, fugindo dos papéis cômicos que o revelaram. Ainda que o seu desempenho não seja lá grande coisa. O personagem Evan é vivido por mais dois atores, que o representam nas idades de 13 e de 7 anos. O ponto em comum é o cabelo-franjinha.
Bom suspense, filme inteligente, de humor em dose certa, que equilibra a abordagem de temas pesados, como pedofilia, violência, aprisionamento e drogas.
Um farfalhar de asas de uma borboleta, por exemplo, na América, pode ser sentido no Japão como um tufão. Segundo a teoria do caos, é o "Efeito Borboleta", também título do filme estrelado pelo americano Ashton Kutcher.
Evan (Kutcher) é um jovem que descobre a habilidade de voltar sua consciência no tempo. Ele usa este poder para retornar à sua conturbada infância, marcada por problemas de memória, e mudar o rumo de sua vida, alterando o presente da mulher que ama, de seus amigos e família. Mas cada vez que Evan volta para alterar algum fato do passado, algo dá errado no presente.
Efeito Borboleta é um bom filme de suspense, tenso e provocador, com um roteiro bem pensado. É uma nova direção para Ashton Kutcher, mais conhecido como ator cômico, pela série de TV That 70's Show e dos filmes Cara, Cadê meu Carro? e Recém-Casados. Além de ser o namorado da atriz Demi Moore.
As alterações no passado, realizadas por Evan, possibilitam diferentes versões do presente. Por conta disso, os atores têm a oportunidade de construir personagens com diversas nuances, auxiliados por um bom trabalho de caracterização e de maquiagem.
O filme tem um roteiro bem construído. O personagem principal é estudante de Psicologia. Não por acaso. O processo pelo qual ele passa, de retorno e de reflexão ao seu passado, para aliviar as dores do presente, é semelhante ao processo vivenciado na psicanálise.
Aston Kutcher tem uma boa oportunidade de mostrar o seu talento, agora em um trabalho mais denso, fugindo dos papéis cômicos que o revelaram. Ainda que o seu desempenho não seja lá grande coisa. O personagem Evan é vivido por mais dois atores, que o representam nas idades de 13 e de 7 anos. O ponto em comum é o cabelo-franjinha.
Bom suspense, filme inteligente, de humor em dose certa, que equilibra a abordagem de temas pesados, como pedofilia, violência, aprisionamento e drogas.
8.6.04
Ai que fome!
Almocei no Health Valley, o restaurante vegetariano do africano Johnny, natural de Gana. Normalmente como muito bem por lá, mas já estou com fome novamente. Não sei se por conta do frio, o apetite tem aumentado consideravelmente.
Hoje foi o dia de comida com azeite-de-dendê: vatapá, caruru (que na África é calulu) e feijão fradinho. Johnny utiliza pouco dendê na preparação. Os pratos não levam camarão, alho ou cebola. Para mim, os sabores ficam comprometidos. O vatapá ainda se salva, fica saboroso por conta do amendoim, da castanha e do gengibre.
Johnny já morou em vários países do mundo. Foi da India, onde foi monge, que ele trouxe a base da culinária do seu restaurante. E, como bom africano, o dendê não falta em seus pratos.
Na quarta-feira há uma feijoada imperdível. Feijão preto, castanhas, pedaços de soja, gluten e queijo provolone. É uma delícia. O purê de banana-da-terra, pastéis de soja e as berinjelas empanadas fazem a complementação.
A sexta é o dia da pizza integral e do feijão com banana, outra delícia. É algo completamente diferente. Só experimentando para conhecer. Prato africano, com feijão fradinho, banana-da-terra e farinha de mandioca. O original ainda tem dendê e pimenta. Johnny teve que retirá-los para adaptar ao gosto dos clientes vegetarianos, de paladar mais suave. Ainda dizem que todo baiano adora dendê e pimenta.
Almocei no Health Valley, o restaurante vegetariano do africano Johnny, natural de Gana. Normalmente como muito bem por lá, mas já estou com fome novamente. Não sei se por conta do frio, o apetite tem aumentado consideravelmente.
Hoje foi o dia de comida com azeite-de-dendê: vatapá, caruru (que na África é calulu) e feijão fradinho. Johnny utiliza pouco dendê na preparação. Os pratos não levam camarão, alho ou cebola. Para mim, os sabores ficam comprometidos. O vatapá ainda se salva, fica saboroso por conta do amendoim, da castanha e do gengibre.
Johnny já morou em vários países do mundo. Foi da India, onde foi monge, que ele trouxe a base da culinária do seu restaurante. E, como bom africano, o dendê não falta em seus pratos.
Na quarta-feira há uma feijoada imperdível. Feijão preto, castanhas, pedaços de soja, gluten e queijo provolone. É uma delícia. O purê de banana-da-terra, pastéis de soja e as berinjelas empanadas fazem a complementação.
A sexta é o dia da pizza integral e do feijão com banana, outra delícia. É algo completamente diferente. Só experimentando para conhecer. Prato africano, com feijão fradinho, banana-da-terra e farinha de mandioca. O original ainda tem dendê e pimenta. Johnny teve que retirá-los para adaptar ao gosto dos clientes vegetarianos, de paladar mais suave. Ainda dizem que todo baiano adora dendê e pimenta.
7.6.04
Mais do Santo
Vinte minutos para fazer um texto. É o tempo que tenho até a hora de sair do trabalho. Na próxima semana, passo a trabalhar pela manhã, logo cedo. Espero ficar com o tempo mais livre para outras atividades.
Vou começar a trabalhar às sete da manhã. Ruas com menos movimento, trajeto feito com mais agilidade. Sol mais frio. A dureza vai ser a saída das cobertas com temperatura tão agradável para dormir. O pensar em despertar vai ficar mais preguiçoso ainda.
Passei quatro anos com aulas pela manhã. Final das aulas, seis meses dormindo e acordando tarde. Aniversário se aproximando, fim do inferno astral, é hora de esquentar os motores.
Sou do dia de Santo Antônio, 13 de junho. Gêmeos com ascendente em gêmeos. Lua e Mercúrio em Gêmeos. Sou, digamos, uma criatura aérea, viajante. Às vezes reclamante, acho que por conta de outros planetas em conjunção no signo de Virgem. E por uma oposição entre Marte e Mercúrio, que me faz esquentar a cabeça e as idéias. De santo não tenho nada.
Uma amiga está me convencendo a ir assistir à procissão do santo, no domingo. Não é a minha praia, mas fiquei curioso quando comecei a imaginar aquelas situações de roubo do santo para conseguir casamento, beijo nos pés do santo, promessa para o santo. Tudo em nome do santo, para conquistar o amor. Deve ser bem interessante de se ver.
Vinte minutos para fazer um texto. É o tempo que tenho até a hora de sair do trabalho. Na próxima semana, passo a trabalhar pela manhã, logo cedo. Espero ficar com o tempo mais livre para outras atividades.
Vou começar a trabalhar às sete da manhã. Ruas com menos movimento, trajeto feito com mais agilidade. Sol mais frio. A dureza vai ser a saída das cobertas com temperatura tão agradável para dormir. O pensar em despertar vai ficar mais preguiçoso ainda.
Passei quatro anos com aulas pela manhã. Final das aulas, seis meses dormindo e acordando tarde. Aniversário se aproximando, fim do inferno astral, é hora de esquentar os motores.
Sou do dia de Santo Antônio, 13 de junho. Gêmeos com ascendente em gêmeos. Lua e Mercúrio em Gêmeos. Sou, digamos, uma criatura aérea, viajante. Às vezes reclamante, acho que por conta de outros planetas em conjunção no signo de Virgem. E por uma oposição entre Marte e Mercúrio, que me faz esquentar a cabeça e as idéias. De santo não tenho nada.
Uma amiga está me convencendo a ir assistir à procissão do santo, no domingo. Não é a minha praia, mas fiquei curioso quando comecei a imaginar aquelas situações de roubo do santo para conseguir casamento, beijo nos pés do santo, promessa para o santo. Tudo em nome do santo, para conquistar o amor. Deve ser bem interessante de se ver.
6.6.04
Não é que o Arrocha foi parar em rede nacional? Reportagem completa no Fantástico sobre o Arrocha.
O povo da Bahia não tem mesmo jeito. Já virou folclore essa coisa de lançar moda de música e dança no país. O interessante é que virou uma expectativa nacional aguardar qual será o próximo modismo musical que a Bahia vai inventar.
O povo da Bahia não tem mesmo jeito. Já virou folclore essa coisa de lançar moda de música e dança no país. O interessante é que virou uma expectativa nacional aguardar qual será o próximo modismo musical que a Bahia vai inventar.
Prêmio para o ócio
Ainda não foi desta vez que a loteria me proporcionou a vida que quero levar. Viver lendo e escrevendo, sem nenhuma obrigação de ganhar dinheiro. A Mega Sena acumulada saiu somente para um ganhador, no Rio de Janeiro.
Depois de três semanas tentando, junto com um grupo de amigos, participando de "bolão", o marvado resultado sai para só uma pessoa. A décima parte do prêmio já seria suficiente. Se fossemos sorteados, iria haver uma debandada em massa lá no setor em que trabalho. E eu, que nem queria participar, acabei gastando uma grana nas apostas. Mas pior seria o arrependimento de não ter apostado, caso o prêmio saisse para os outros.
Ando pensando em mudar de vida. Quem sabe morar em uma casa perto do campo ou mar. Vivo atarefado, cansado, sem parar para a dedicação ao que gosto de fazer. Tenho feito contas e vejo que, se me livrar de alguns supérfluos, posso me dedicar integralmente ao ócio criativo. Sonho? Nem tão longe assim...
Ainda não foi desta vez que a loteria me proporcionou a vida que quero levar. Viver lendo e escrevendo, sem nenhuma obrigação de ganhar dinheiro. A Mega Sena acumulada saiu somente para um ganhador, no Rio de Janeiro.
Depois de três semanas tentando, junto com um grupo de amigos, participando de "bolão", o marvado resultado sai para só uma pessoa. A décima parte do prêmio já seria suficiente. Se fossemos sorteados, iria haver uma debandada em massa lá no setor em que trabalho. E eu, que nem queria participar, acabei gastando uma grana nas apostas. Mas pior seria o arrependimento de não ter apostado, caso o prêmio saisse para os outros.
Ando pensando em mudar de vida. Quem sabe morar em uma casa perto do campo ou mar. Vivo atarefado, cansado, sem parar para a dedicação ao que gosto de fazer. Tenho feito contas e vejo que, se me livrar de alguns supérfluos, posso me dedicar integralmente ao ócio criativo. Sonho? Nem tão longe assim...
5.6.04
Churrasco prá todo lado
Perto de onde trabalho, na região das Mercês, na Avenida Sete, fica o largo do Rosário. A região central de Salvador é cheia de ruas estreitas. Qualquer espaço maiorzinho é chamado de largo. O do Rosário tem uma igreja - não poderia faltar - e uma área, como se fosse uma praça, só que sem árvores e bancos. Tem também um monte de camelôs e o que seria o espaço de recreio de um colégio e curso pré-vestibular instalado no local.
Durante a semana, durante o dia, o local é relativamente calmo. À noite, além de alguns bares com movimento, tem um carrinho-churrascaria que vende churrasquinho de gato no espeto, com farofa e salada. O pior é que, quando saio do trabalho, com aquela fome, o cheiro do churrasquinho vem invadindo o nariz, dizendo: "venha me comer, venha me comer". Sem trocadilhos. Resisto estoicamente.
O largo está virando uma festa permanente, com mesas que se espalham por todos os cantos, à medida que anoitece. Mas é na sexta-feira que o couro come de verdade. A partir do meio-dia, quando vou passando em direção ao almoço e ao trabalho, o pagodão já está rolando, som saindo do fundo aberto dos carros. Mania baiana, nordestina e brasileira, do fusqueta acabado de guerra até o Golf luxuoso. Epa, o motor do fusca fica na traseira.
Estudantes da manhã e da tarde entregam-se à cerveja gelada. Enquanto uns vão trabalhar, outros se divertem. Quero ver o resultado no vestibular. Ô inveja. Vou passando, finjo que não percebo nada do movimento. Até que não ligo muito para o som rolando. Queria mesmo era não ir para o trabalho e ficar tomando uma cervejinha, no meio do agito.
O clima vai esquentando, as rebolativas e rebolativos vão embalando pelo álcool. Putões e periguetes à vontade. Putão é o cara pagodeiro, cheio de ginga e namorador. Periguete, dá para imaginar, é o feminino correspondente. De nada adianta o aviso no bar: "Proibido som de carros. Sujeito a multas". A bunda-music corre solta.
Hoje eu vi um cara, um garoto vendedor em uma sinaleira, em outro local da cidade, vestindo uma camiseta com a meiga inscrição: "Eu sou putão". Pensei em ir lá na Baixa dos Sapateiros, onde provavelmente se encontra uma daquelas, comprar e fazer um sorteio-surpresa entre as pessoas lá do trabalho. Imagine a gozação.
Perto de onde trabalho, na região das Mercês, na Avenida Sete, fica o largo do Rosário. A região central de Salvador é cheia de ruas estreitas. Qualquer espaço maiorzinho é chamado de largo. O do Rosário tem uma igreja - não poderia faltar - e uma área, como se fosse uma praça, só que sem árvores e bancos. Tem também um monte de camelôs e o que seria o espaço de recreio de um colégio e curso pré-vestibular instalado no local.
Durante a semana, durante o dia, o local é relativamente calmo. À noite, além de alguns bares com movimento, tem um carrinho-churrascaria que vende churrasquinho de gato no espeto, com farofa e salada. O pior é que, quando saio do trabalho, com aquela fome, o cheiro do churrasquinho vem invadindo o nariz, dizendo: "venha me comer, venha me comer". Sem trocadilhos. Resisto estoicamente.
O largo está virando uma festa permanente, com mesas que se espalham por todos os cantos, à medida que anoitece. Mas é na sexta-feira que o couro come de verdade. A partir do meio-dia, quando vou passando em direção ao almoço e ao trabalho, o pagodão já está rolando, som saindo do fundo aberto dos carros. Mania baiana, nordestina e brasileira, do fusqueta acabado de guerra até o Golf luxuoso. Epa, o motor do fusca fica na traseira.
Estudantes da manhã e da tarde entregam-se à cerveja gelada. Enquanto uns vão trabalhar, outros se divertem. Quero ver o resultado no vestibular. Ô inveja. Vou passando, finjo que não percebo nada do movimento. Até que não ligo muito para o som rolando. Queria mesmo era não ir para o trabalho e ficar tomando uma cervejinha, no meio do agito.
O clima vai esquentando, as rebolativas e rebolativos vão embalando pelo álcool. Putões e periguetes à vontade. Putão é o cara pagodeiro, cheio de ginga e namorador. Periguete, dá para imaginar, é o feminino correspondente. De nada adianta o aviso no bar: "Proibido som de carros. Sujeito a multas". A bunda-music corre solta.
Hoje eu vi um cara, um garoto vendedor em uma sinaleira, em outro local da cidade, vestindo uma camiseta com a meiga inscrição: "Eu sou putão". Pensei em ir lá na Baixa dos Sapateiros, onde provavelmente se encontra uma daquelas, comprar e fazer um sorteio-surpresa entre as pessoas lá do trabalho. Imagine a gozação.
4.6.04
Dinheiro pouco, meu salmão primeiro
Fui na Perini Master comprar salsicha, mostarda e vinho. Havia um chef preparando saladas para o deleite dos clientes. Experimentei a salada verde com cogumelos shitake quentes ao vinagre balsâmico. Estava uma delícia. As receitas das saladas, também de peru e salmão defumados, foram distribuídas gratuitamente.
A delicatessen oferece uma programação de cursos rápidos de vinhos e gastronomia, Ando interessado em participar de um deles. E, mais ainda, ansioso pela parte da degustação.
Ao chegar no caixa, encontro um ex-colega do curso de engenharia. Mauricíssimo, de gravata com prendedor, comprando pãezinhos e uma peça enorme de filé de salmão. Provavelmente ia fazer festa com a patroa. Ele trabalhou um tempo como engenheiro, mas o setor de pesquisa da empresa em que trabalhava foi totalmente extinto. Ele fez concurso público e faculdade de Direito. Hoje também dá aula em uma Faculdade.
"Voltar para a engenharia, que nada. Se matar para ganhar só quatro mil reais por mês. Um absurdo", ele dizia. E eu balançando a cabeça, ironicamente, em tom afirmativo: "É mesmo, eu também acho isso terrível". Ah, se ele soubesse a "magavilha" que é o meu salário... Eu devia ter aproveitado a oportunidade e ter pedido um empréstimo ao ex-colega, agora nouveau riche. Para comprar o salmão.
Fui na Perini Master comprar salsicha, mostarda e vinho. Havia um chef preparando saladas para o deleite dos clientes. Experimentei a salada verde com cogumelos shitake quentes ao vinagre balsâmico. Estava uma delícia. As receitas das saladas, também de peru e salmão defumados, foram distribuídas gratuitamente.
A delicatessen oferece uma programação de cursos rápidos de vinhos e gastronomia, Ando interessado em participar de um deles. E, mais ainda, ansioso pela parte da degustação.
Ao chegar no caixa, encontro um ex-colega do curso de engenharia. Mauricíssimo, de gravata com prendedor, comprando pãezinhos e uma peça enorme de filé de salmão. Provavelmente ia fazer festa com a patroa. Ele trabalhou um tempo como engenheiro, mas o setor de pesquisa da empresa em que trabalhava foi totalmente extinto. Ele fez concurso público e faculdade de Direito. Hoje também dá aula em uma Faculdade.
"Voltar para a engenharia, que nada. Se matar para ganhar só quatro mil reais por mês. Um absurdo", ele dizia. E eu balançando a cabeça, ironicamente, em tom afirmativo: "É mesmo, eu também acho isso terrível". Ah, se ele soubesse a "magavilha" que é o meu salário... Eu devia ter aproveitado a oportunidade e ter pedido um empréstimo ao ex-colega, agora nouveau riche. Para comprar o salmão.
3.6.04
A Marca
A investigadora da polícia Jessica Shepard (Ashley Judd), em seu primeiro caso na Delegacia de Homicídios, acompanha, junto com o parceiro de trabalho (Andy Garcia), o desenrolar dos crimes cometidos por um serial killer. A coincidência é que todas as vítimas são do sexo masculino e ex-namorados da policial. A Marca (Twisted, EUA, Alemanha, 2004) é dirigido por Frank Kaufman, de Contos Proibidos do Marquês de Sade e Os Eleitos.
O filme conta com a presença do ator Samuel L. Jackson, no papel do ex-tutor de Jessica, que ficou órfã na infância. Os traumas e a tendência ao alcoolismo da policial contribuem para confundí-la na trama em que está envolvida.
Suspense psicológico do início ao fim, com um bom roteiro, o filme tem final surpreendente. A Marca demonstra a capacidade do cinema americano em fazer bons filmes policiais e de suspense, a exemplo do mestre Alfred Hitchcock, a influência sempre lembrada. Mas, por conta disso, não há como evitar os clichês de pássaros sobrevoando e olhares dissimulados pelas janelas dos prédios. Mesmo assim, o roteiro segura bem a narrativa. O filme é acima da média. A atriz Ashley Judd tem semelhança física com a atriz brasileira Carolina Ferraz.
A investigadora da polícia Jessica Shepard (Ashley Judd), em seu primeiro caso na Delegacia de Homicídios, acompanha, junto com o parceiro de trabalho (Andy Garcia), o desenrolar dos crimes cometidos por um serial killer. A coincidência é que todas as vítimas são do sexo masculino e ex-namorados da policial. A Marca (Twisted, EUA, Alemanha, 2004) é dirigido por Frank Kaufman, de Contos Proibidos do Marquês de Sade e Os Eleitos.
O filme conta com a presença do ator Samuel L. Jackson, no papel do ex-tutor de Jessica, que ficou órfã na infância. Os traumas e a tendência ao alcoolismo da policial contribuem para confundí-la na trama em que está envolvida.
Suspense psicológico do início ao fim, com um bom roteiro, o filme tem final surpreendente. A Marca demonstra a capacidade do cinema americano em fazer bons filmes policiais e de suspense, a exemplo do mestre Alfred Hitchcock, a influência sempre lembrada. Mas, por conta disso, não há como evitar os clichês de pássaros sobrevoando e olhares dissimulados pelas janelas dos prédios. Mesmo assim, o roteiro segura bem a narrativa. O filme é acima da média. A atriz Ashley Judd tem semelhança física com a atriz brasileira Carolina Ferraz.
2.6.04
Canudos
Festa de formatura de jornalistas e produtores culturais da UFBA. Esta se formou. Esta também se formou. E esta também. Blogueiros presentes no pedaço: a menina do gato roxo e o rapaz da franjinha. Depois da solenidade na Reitoria, ida ao Seven, no Rio Vermelho. DJ El Cabong no som.
Não conhecia o lugar. É bem interessante. Na parte de cima, ambiente claro, com quadros nas paredes. Pufes de couro. Linha clean na boate, com janelões de vidro voltados para o mar do Rio Vermelho. Ficamos brincando, tentando lembrar quantos bares e boates já passaram por aquele endereço.
Há um tempo sem ir a casas noturnas, fiquei impressionado com os preços. Como a vida de agitos está cara. Acho que, mesmo se quisesse estar circulando pela night, como sempre gostei, hoje seria impo$$ível. Teria que passar a noite a seco, sem beber nada. Ou fazer como grande parte dos clubbers: na hora da sede, rumo à pia do banheiro.
Festa de formatura de jornalistas e produtores culturais da UFBA. Esta se formou. Esta também se formou. E esta também. Blogueiros presentes no pedaço: a menina do gato roxo e o rapaz da franjinha. Depois da solenidade na Reitoria, ida ao Seven, no Rio Vermelho. DJ El Cabong no som.
Não conhecia o lugar. É bem interessante. Na parte de cima, ambiente claro, com quadros nas paredes. Pufes de couro. Linha clean na boate, com janelões de vidro voltados para o mar do Rio Vermelho. Ficamos brincando, tentando lembrar quantos bares e boates já passaram por aquele endereço.
Há um tempo sem ir a casas noturnas, fiquei impressionado com os preços. Como a vida de agitos está cara. Acho que, mesmo se quisesse estar circulando pela night, como sempre gostei, hoje seria impo$$ível. Teria que passar a noite a seco, sem beber nada. Ou fazer como grande parte dos clubbers: na hora da sede, rumo à pia do banheiro.