22.6.04



Discussão no arraial da Folha

A jornalista Danuza Leão, da Folha de São Paulo, pisou na canjica ao falar mal da festa caipira de Lula. Ela se mostrou esnobe e preconceituosa. "Com todo o respeito: a ideia de comemorar as bodas de perola com uma festa caipira nao podia ter sido pior. O Brasil tem tantos regionalismos bacanas, uma culinaria riquissima, varias maneiras de ser cheias de ginga e charme que deslumbram o mundo inteiro, e o presidente e dona Marisa Leticia vao escolher logo uma caipirada dessas?", escreveu a colunista.

Que outro tipo de festa com ginga a colunista iria sugerir? Ao som das escolas de samba do Rio, ao som dos tambores do Axé? Por que a cultura sertaneja ou nordestina não pode ser reconhecida como representativa do país?

A réplica da jornalista Márcia Camargos, doutora em História Social, no próprio jornal:

"Participar de um 'arraial' pode não ser o supra-sumo da sofisticação para quem se espelha em 'Maiami'. Mas revela sintonia com nossa cultura popular e com gostosos folguedos tradicionais que resistem aos bombardeios 'roliudianos'. Para a colunista, chique deve ser comemorar 'Ralouim' fantasiado de abóbora, alimentando a eterna submissão que tão bem define os colonizados."

O petardo de Danuza Leão acabou sendo positivo para o governo Lula, pois várias vozes se levantaram para defender a idéia da festa, em nome da cultura nacional.

O Brasil já chegou a um ponto de auto-estima que pode valorizar as suas tradições culturais sem se preocupar em fazer comparações com modelos importados. Danuza, sempre tão atenta, parece que ainda não percebeu isso. Acabou passando por caipira.

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