15.5.04

As batalhas de Tróia
A maior parte dos fabulosos recursos do filme Tróia (EUA, 2004), com Brad Pitt, Eric Bana, Orlando Bloom e a bela Diane Kruger no papel de Helena, parece ter sido gasta, além de altos cachês, para construir os cenários do reino de Tróia e nas cenas de guerra. E a história se resume a isso: batalhas e mais batalhas, no gênero saia-e-sandália, reinaugurado no cinema por Gladiador.

Pelo menos são cenas em que a violência não é mostrada com detalhes sórdidos, no quais o cinema americano atual vem se consagrando. Dá para assistir sem pensar em fechar os olhos. O destaque é para a luta entre Aquiles (Pitt) e Heitor (Bana). Por vezes, os traços finos e delicados de Brad Pitt não combinam com a aridez do guerreiro. O ator está mais convincente em Clube da Luta.

O diretor Wolfgang Petersen se sai bem na criação das cenas de luta. Mas, após quase três horas de duração, nas sequências da última batalha, o som é substituído por uma cantilena monótona - ainda que bela. É como se o diretor atestasse que já estava cansativo e repetitivo demais.

Os deuses da mitologia grega, presentes em A Ilíada, de Homero, em que o filme se baseou, foram esquecidos. A obra original, que relata a guerra de Tróia, é um dos cânones, isto é, uma das obras fundamentais da literatura ocidental. O cinema fica devendo uma produção mais instrutiva, que conte, por exemplo, a origem do ponto fraco de Aquiles: o famoso calcanhar. Aí o roteiro teria que entrar de cabeça no mundo dos deuses gregos.