Fescenino [do latim fescenninus] ADJ. E S. M. 1. que ou o que tem caráter obsceno, licencioso; difamador , devasso 2. gênero de versos licenciosos e injuriosos, muito cultivados entre os antigos romanos; ou o que se diz sobre esse gênero.
Diário de um Fescenino é uma tentativa de Rubem Foseca em sair do gênero policial que o consagrou. Escrito em forma de diário, o autor tenta enveredar pelo terreno da concupiscência. Só que as melhores partes do livro são justamente aquelas em que a narrativa torna-se ágil por conta dos acontecimentos que envolvem assuntos criminosos. É aí que o talento de Rubem Fonseca brilha: é o momento em que o leitor é conquistado - e não consegue mais largar a leitura.
Cheio de referências a clássicos da literatura universal, o texto (o autor?) por vezes parece um tanto pedante, dando a impressão de dizer ao leitor: "Olhe quantos livros já li, você não leu nem a metade". Em Diário de um Fescenino, Rubem Fonseca tem uma estratégia de escrita semelhante à de João Ubaldo Ribeiro. Em meio à narrativa predominantemente coloquial, salpica algumas palavras difíceis, pouco conhecidas, que fazem o leitor ir ao dicionário.
A parte inicial do livro se mantém no diário de aventuras sexuais do protagonista, um libidinoso escritor em decadência, que inicia um romance secreto com duas mulheres, mãe e filha, ao mesmo tempo. Do meio para o fim, acontecem as acusações e crimes.
Até entrar na parte policialesca, o personagem a todo momento questiona o seu trabalho de escrita. Há uma espécie de brincadeira, em forma de metanarrativa, em que o escritor fictício reclama ser confundido com seus personagens. Dá a impressão que Rubem Fonseca quis mandar o recado para não o confundirem com as suas criações.