2.5.04

Balé com tempero popular
Ela é baixinha, ágil e leve. Ana Botafogo, a primeira-bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Uma pluma bailando no Teatro Castro Alves, no espetáculo Três Momentos de Amor, em turnê nacional, acompanhada por dois bailarinos (um deles, Edyfrank Alves, de Salvador), em parceria com a pianista Lilian Barretto e mais cinco instrumentistas tocando violino, viola, violoncelo, sopros e percussão.

As coreografias foram embaladas por canções de amor de Villa-Lobos, Piazolla, Cartola, Vinícius de Moraes, Tom Jobim e Chico Buarque. Ana Botafogo executa movimentos delicados do balé clássico, sob o som de músicas populares. Um casamento perfeito. Ela parece voar, parece não pesar mais do que alguns gramas. Uma energia menos agressiva do que se costuma ver nos espetáculos de dança moderna, permeados muitas vezes de experimentalismos, distensões físicas pesadas e excessivas, além de críticas sociais. Ainda que tudo isso tenha o seu lugar na arte.

Em algumas sequências, os músicos tocam sem a presença dos bailarinos. Um outro espetáculo, dentro do espetáculo de dança. É fascinante acompanhar, por exemplo, "Eu sei que vou te amar", de Tom Jobim e Vinícius, na forma instrumental, ao vivo. Um resultado quase divino. Não era para revelar isso, mas quase fui à lágrimas. :-)

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