16.5.04

O Beijo no Asfalto

A direção primorosa O Beijo no Asfalto valeu a Paulo Cunha o prêmio Braskem 2004. Um trabalho empolgante a partir do texto de Nelson Rodrigues. É um primor a coordenação dos 15 atores em cena. Alguns são novos rostos no teatro baiano.

Os personagens principais são representados por mais de um ator. No papel de Arandir, aquele que beija o moribundo no asfalto, revezam-se três atores. É um luxo, que permite que as atuações sejam comparadas entre si. Apesar de muito interessante, a comparação acaba por deixar mais claras algumas debilidades dos atores.

A grandiosidade da direção já começa no cenário. No palco, somente um sofá no centro. Na altura da platéia, antes do proscênio, cinco máquinas de escrever. Em determinada parte, o diretor consegue intercalar duas sequências de diálogo - de forma independente e que se tangenciam ao mesmo tempo -, com os atores iluminados somente pelas luminárias que acompanham as máquinas de escrever. É genial.

A encenação de um texto de grande qualidade, com jovens atores, e um ótimo resultado, deixa uma boa impressão: uma certeza que o teatro baiano sempre terá continuidade. No elenco estão: Adson Silvério, Aurora Dias, Bruno Neves, Danilo Rebouças, Juliana Zacharias, Kleper Gomes, Luisa Proserpio, Rita Leone, Val Perré, Bernardo D'el Rey, Eva Kowalska, João Paranhos, Margareth Xavier, Neiva Cristtall e Sergio Maia.