4.5.04

Impressionista
Os dias de inverno andam lentos, mas ansiosos. Andam quase tristes, andam meio inertes. Andam gulosos pelo frio. Querem chocolate . Andam com a lua fora de curso e quase retrógrados. Beiram os infernos astrais. Desfilam princípios de angústia, que logo, logo passam. Esses dias tentam os paladares com pratos encorpados e untuosos.

São esses dias em que o dendê esfria rápido e que o acarajé perde a malícia. O tempo dos queijos e quejandos. Tempo dos quereres e dos vinhos para banhar o corpo. Das luzes para explodir em cores. O ciclo lento que emperra o caminho natural das correntes.

Em breve, as cantigas falarão alto, os tambores arderão. As imagens abrirão os olhos. Tudo será brilhante e ofuscante. Os frutos serão coloridos, retornam a Cezanne. As ondas estalarão como açoites. O passeio não será interrompido. E tudo volta a ser como uma vez, quase inesquecível, foi.

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