7.7.04



Espelho de belezas
As populações e as paisagens que circundam o Rio São Francisco são refletidas em suas águas e captadas pelas lentes de um fotógrafo carioca (Fábio Assunção), que percorre o rio por terra, água e pelo céu, para registrar em forma de livro. A fotografia, não podia ser de outro modo, é ponto forte do filme Espelho D'água, do diretor Marcus Vinícius Cezar, com produção de Carla Camurati e a presença da atriz baiana Regina Dourado.

Enquanto o fotografo faz o seu trabalho, a namorada, que continua a morar no Rio de Janeiro, viaja para visitá-lo. Quando ela chega em Penedo (AL), sem avisá-lo, o fotógrafo já partira em busca de locações distantes. É o pretexto para ela também empreender a viagem pelo rio, em busca do amado.

A degradação do rio é lembrada a todo o momento pelos habitantes das populações ribeirinhas, mas não é mostrado nenhum ponto crítico de redução do volume de água. Há a notícia de que um líder ecologista da região é assassinado, mas não há nenhum tipo de investigação sobre o fato.

Durante toda a narrativa, o filme faz um ode à vida simples do sertão, com seus hábitos e tradições religiosas. Parece estar todo tempo a dizer que o povo sertanejo é bondoso e honesto.

O roteiro precisaria de maior carga dramática, o que só vai acontecer no final. O resultado é satisfatório. Durante maior parte da projeção, a preocupação parece ser mostrar as belezas do São Francisco e seus arredores, o que é conseguido plenamente.

Além da fotografia, o destaque fica com a ótima seleção musical, que tem participação do percussionista pernambucano Naná Vasconcelos em algumas faixas. Música moderna, que mistura temas e sons regionais com batida eletrônica. A cada dia dá mais prazer e satisfação ver o cinema nacional brilhar nas telas.

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