17.7.04



Jazz e impressões no pátio alemão
O jazz tem novo palco em Savador. Toda sexta-feira, a partir das 18 horas, está rolando jam session no pátio do Icba (Instituto Cultural Brasil- Alemanha), na Vitória. No bar, estão disponíveis salgados e doces de influência alemã, junto com crepes (?) franceses. A sede do Instituto Gothe em Salvador volta a ter vida cultural movimentada. A próxima atração fixa será um show de salsa às quintas, segundo fui informado.

Havia muita gente bacana da terra, músicos, jornalistas, teatrais, turistas. Soube que os eventos no Icba estão sendo produzidos pela alemã Nehle Franke, diretora teatral. Foi ela quem fez a tradução para o português de Lágrimas Amargas de Petra Von Kant, de Fassbinder, a partir do texto original, para que Aninha Franco pudesse abrasileirar e construir o texto da montagem baiana.

Antes de ter visto quem era Nehle Franke, eu já tinha ouvido falar no trabalho dela, por intermédio dos jornais de Salvador. Não sei por que motivo imaginei-a bem "alemoa": uma senhora alemã de meia-idade, corpulenta, alta, com cara enfezada. Ela é bem diferente disso. Alta, magra, jovem, com rosto simpático e muito bonita. Ela veio para o Brasil há algum tempo e, segundo soube, se casou aqui na Bahia.

Entre as pessoas que estavam por lá, havia algumas que sei quem são por conta dos blogs e do Orkut, mas nunca fui apresentado. É interessante essa posição de notar sem ser notado. Uma das coisas que mais gosto na leitura dos blogs, especialmente naqueles mais pessoais, é ir construindo a história do autor: o que faz na vida, quem são os amigos e amores, que lugares frequenta, quais as percepções e gostos.

Quando me deparo com uma dessas pessoas, tenho a impressão de me tornar um observador privilegiado, por ter tantas informações sobre o seu cotidiano. Uma sensação de proximidade. Será essa a impressão que um leitor fiel tem de um jornalista ou de um escritor?

No Icba também está acontecendo a exposição "Um Austrícaco na Europa", que reúne fotografias, reproduções e documentos relacionados a Stefan Sweig, tido como o maior escritor austríaco, que foi perseguido pelo nazismo e passou anos exilado em Petrópolis.

A exposição foi montada em Salzburg e fica em Salvador até 11 de agosto. Na entrada do Icba, estão grandes baús de mudança, feitos em madeira, com os vários endereços de Stefan Sweig pelo mundo. O cartaz é belíssimo. Dentro do salão, textos e fotos foram colocados sobre móveis escuros e nas paredes de duas espécies de cabines de aço escovado. Os textos do escritor, que acompanham as fotos e documentos e que pude ler, são de qualidade excepcional.

É de Sweig a célebre frase "O Brasil é o país do futuro". No calçadão da Barra, em Salvador, em frente ao hospital Espanhol, há um monumento em homenagem ao escritor.

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