2.7.04

Feijão Maravilha
As festas que são realizadas para muitos convidados podem ser de várias formas. Há as festas de famílias simples, para uma quantidade nem tão grande de convidados, com fartura de comida. Há as festas daqueles que não querem gastar muito dinheiro e mesmo assim querem um grande evento. Nesse caso, muitos convidados e pouca comida.

E há aquelas com muita gente e muita comida. Foi a uma dessas que fui hoje, uma feijoada em uma bela casa, na orla de Salvador, de pessoas queridas. Garçom servindo bebidas à vontade, aí incluídos uísques, cervejas, batidas de frutas e refrigerantes. Também aperitivos para acalmar a fome e diminuir o efeito do álcool até a chegada do prato principal.

Foi uma feijoada sem preocupações, afinal tratava-se de festa familiar. Sem preocupações para comer bem, explique-se. Fila pequena para fazer o prato, carnes e linguiças à vontade. Frente à fartura, não houve a guerra que tradicionalmente ocorre em grandes eventos, das pessoas correndo para se servir dos melhores pedaços, quase enfiando o garfo, um na mão do outro, com toda a delicadeza.

Uma vez fui a uma feijoada de um amigo, em que cheguei um pouco atrasado. "Vá na cozinha se servir", os anfitriões me recomendaram. Marcho em direção às panelas, empunho a concha, mergulho no panelão. Só vem caldo e caroços de feijão. Mergulho novamente, mais caldo e caroços. Depois de umas três subidas e descidas e várias rodadas da concha, para lá e para cá no fundo da panela, desisto.

"Poxa, não sabia que a minha demora tinha sido tão grande", pensei, já imaginando que não teria direito a nenhum pedaço de carne. Acertei em cheio. As carnes acabaram nos primeiros 30 minutos de jogo, sem direito a prorrogação. Depois ainda fiquei desconfiando que as carnes nunca existiram realmente, pois não vi sombra no prato de ninguém. Elas tiveram a duração prolongada de uma lenda urbana, dessas que circulam na internet. Fiquei sem coragem de perguntar se alguém tinha visto um pedaço de lingüiça voando.

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