30.12.03

Um bloco de notas e uma tela em branco para escrever. Tempo que passa, tempo que me dá a impressão de que eu não o acompanho. Uma certa melancolia, como se a mudança de ano me lembrasse que fico mais velho.

Problemas resolvidos, etapas concluídas. O novo se descortina, 2004 será um ano de muitas coisas novas, com certeza, já que pretendo iniciar projetos. A melancolia então é fruto de uma certa incerteza? Ou é simplesmente o olhar incômodo para dentro de mim e notar que estou mais velho e que devo me reservar?

Hoje foi o dia em que resolvi um pepino, daqueles grandes. O ano começa com menos uma preocupação. Agora é festa, festa, festa. O reveillon será em Praia do Forte, na casa da minha amiga E. Espero que novamente haja show de fogos e que o som nas ruas esteja tão bom quanto no ano passado. E que haja também bastante churrasquinho assado passeando pelas ruas e praias do vilarejo. Não será algo difícil de acontecer. Para iluminar os olhos, junto com a bela paisagem do local.

Feliz ano novo para todos! Um brinde com um bom espumante.


Natal em Ilhéus O bom senso imperou na ceia: nada de peru. Meu tio L. fez um pernil de porco assado, gigantesco e delicioso. Marinado no vinho branco, ficou uma delícia. Além disso, uma bela salada de batatas com maionese e camarões.

Revi vários amigos. Tive tempo para conversar com pessoas que há tempos, com os compromissos e atribulações da vida, não parava para dedicação ao bate-papo. Só assim a gente fica sabendo das coisas. Ficar em uma praia tranquila, bebericando, dá oportunidade para a conversa aprofundada.

Quase desisto de comer caranguejos. Todo mundo estava dizendo que não havia bons caranguejos na cidade, que a época não era a melhor para consumí-los, pois estão pequenos. Além disso, os bichinhos andam morrendo por conta de algum mal súbito não identificado nos mangues, o que gerou até matéria no jornal A Tarde. Insisti. A boa surpresa foi que os exemplares vieram de bom tamanho, bem maiores que os normalmente encontrados em Salvador.

23.12.03

Continuando a epopéia gastronômica, fui almoçar com o pessoal do trabalho na Casa da Itália, um dos mais tradicionais restaurantes italianos de Salvador. O local é bem simples, com alguns posters do Carnaval de Veneza nas paredes.

A comida é barata, farta, simples e saborosa. Experimentei lasanha à bolonhesa, nada muito original. A massa é fininha, a porção é imensa. Achei o molho de tomate um tanto quanto ácido, poderia ser mais suave. Comi horrores, ainda experimentando os pratos dos outros colegas.

Rango Minha amiga E., quem diria, está se tornando uma fera na cozinha. Ontem rolou uma comemoração antecipada de Natal, na casa dela, somente para os amigos. Ela preparou um peito de peru com arroz de brócolis que estava uma delícia.

Mulher trabalhadora, inteligente e dedicada, após o sucesso profissional alcançado como médica e professora, agora lança-se aos desafios da cozinha -no que está obtendo também pleno êxito. Parabéns, cherie, estava tudo uma delícia!

22.12.03

O Natal será em Ilhéus, junto com a família. Viajo na quarta, dia 24, logo cedo, de carro. Por conta disso, este blog vai permanecer alguns dias sem atualização. Estarei em alguns momentos na beira da praia, tomando uma cervejinha, comendo caranguejo, bebendo água de coco. Uma vida difícil.

É uma pena que uma parte da galera vai estar aqui em Salvador e outro pedaço vai estar em Brasília. O pessoal de Vitória, do Espírito Santo, é que este ano aparece por lá.

21.12.03

Única Esperança
"(...) O que impedirá as mulheres de começarem a eliminar os machos ao nascer, para evitar o estorvo e o custo da sua inutilidade?
Os travestis. Eles serão os últimos depositários das graças femininas em desuso. Manterão vivos o coquetismo, a futilidade estabanada, a inocência provocadora e tudo que os homens de outra era chamavam de feminilidade - e que nenhuma mulher, ocupada em ser dona do mundo, conseguirá parodiar tão bem. E garantirão a sobrevivência do nosso sexo (masculino), nem que seja no cativeiro."
L.F. Veríssimo

20.12.03

SkankFesta com Skank

E a festa de confraternização da empresa aconteceu. Logo na entrada, recepcionistas entregavam uma bandana amarela para os convidados. Em torno das 9 horas, começou a passar um vídeo com o personagem "Seu Creysson", do humorista Cláudio Manoel, do Casseta e Planeta. Legal que houve algumas inserções gravadas com funcionários de Salvador.

O show do Skank começou lá pelas 9h20. Telões, um palco bem estruturado, com boa iluminação. A produção da festa caprichou. Os caras do Skank são muito profissionais. Em nenhum momento demonstraram alguma espécie de tédio por estar tocando para um público corporativo, não lá muito animado. O fim do show chegando, a galera foi animando e o clima esquentou, com as bandanas agitando de um lado e para o outro.

A seguir, o presidente da empresa, acreditem, vestido de pai-de-santo e usando aquele boné jamaicano com peruca rastafari - que os turistas adoram -, veio dizer algumas palavras rápidas, no que foi seguido por alguns outros diretores. Tudo bem ágil, nada cansativo.

Logo depois, veio o show da Zorra, banda de Salvador. O chefão corajoso, agora vestido normalmente, circulou entre as pessoas, dando abraços e até tirando fotos. Política pouca é bobagem.

Enquanto isso, o bufê de Lícia Fábio, que sempre está presente em eventos vips de Salvador, servia espetinhos de filé, pães de queijo quentinhos e mini-pizzas. O prato quente foi bobó de camarão. Estava muito bom, com pouquíssimo dendê e bem saboroso. Mas imaginem o que é servir bobó de camarão para 1.700 pessoas, o numero previsto de convidados. Algo impossível. O resultado é que o bobó acabou. Lá pelas tantas foi servido um ensopado de siri, sempre um curinga para os donos de bufê. Pelo custo, é claro.

Depois do show da Zorra, um DJ ficou colocando som dos anos 70 e 80 até tarde. A cerveja era servida em plena pista de dança.

Os funcionários ficaram bem satisfeitos com a festa. Mas a turma da velha guarda não compareceu em massa. Parece que a maioria cedeu os seus convites para estagiários, parentes e conhecidos. Havia muita gente bonita no pedaço.

19.12.03

Os shoppings e o comércio de rua em Salvador estão em seus dias de loucura. Dá trabalho até para conseguir andar pela avenida Sete de Setembro, por conta da movimentação. Isso sem contar com o calor miserável que já está fazendo em Salvador.
A cidade clama por um janeiro de praias. Férias!

É hoje a festa com o Skank. Bebida, comida e show, tudo free! É mole? A minha expectativa maior é com o jantar. Tomara que seja servido algo interessante. Não aguento mais peru com farofa.
Depois conto como foi.

16.12.03

Sabores da Índia

Govinda é o nome do restaurante indiano de cozinha vegetariana que está funcionando nos Barris, em Salvador. Um lugar tranquilo para um almoço saudável no centro da cidade. O restaurante tem decoração típica indiana e som ambiente também típico. Com sorte, pode haver pétalas de rosa espalhadas pelo chão recepcionando os clientes.

As refeições são feitas sem ovos, cebola ou alho. O Govinda serve entrada, salada, prato quente, suco, sobremesa e chá. Molho chutney de manga para temperar. Tudo por R$ 6,00. Os pratos são servidos pela proprietária, a baiana Raquel, vestida de sari, traje tradicional indiano. Ela divide os créditos do restaurante com o marido e cozinheiro, o alemão Dominik.

O Govinda tem endereços em vários locais do mundo, gerenciados por seguidores da filosofia Hare Krishna. Em Salvador, o endereço é Ladeira dos Barris, 190.

15.12.03

Pizza regional Depois do espetáculo de dança, a proposta foi comer crepe. A creperia da Barra estava lotada. Li em uma coluna de jornal que o Jardim Brasil está sendo chamado de "Baixo Barra", devido à grande movimentação noturna que ocorre por aqueles lados.

Fomos então comer em uma pizzaria lá por perto, que pertence ao pessoal do Chiclete com Banana. Experimentamos pizza de kani(!) e de carne seca (!!), ambas acompanhadas de catupiry. Os resultados estavam interessantes, a de kani mais saborosa, mais suave.

Está ocorrendo uma tendência na alta cozinha de valorização de elementos nacionais, incluindo-os em alguns pratos internacionais. É a tal da culinária fusion. Assim, mandioca (aipim), catupiry, carne seca, abóbora, além das espécies vegetais típicas da região norte e de outros locais do país, acabam indo parar nas pizzas e em outros pratos tradicionais. Às vezes dá certo. Em outras vezes, não há nenhum ganho interessante de sabor.

Considero a mandioca, chamada na Bahia de aipim, uma das maiores - talvez a maior - das riquezas da culinária nacional. A textura suave, macia e aveludada do purê de aipim não se repete com nenhum outro vegetal. Nem mesmo com o de batata, tão aclamado pela culinária internacional.
O grupo Viladança mais uma vez encanta e surpreende. O espetáculo "Sagração da Vida Toda", com direção de Cristina Castro, une dança contemporânea a técnicas de rapel e de perna-de-pau, fazendo uma celebração da vida. O Viladança é reconhecido internacionalmente.

Dançarinos movimentam-se em pernas-de-pau, como bonecos gigantescos, executando passos como peças de um jogo de xadrex, cujo tabuleiro é delimitado pela iluminação.

As cordas de rapel, além da descida inical servem como apoio para coreografias. Forma-se uma atmosfera lúdica que remete ao circo e à infância.

13.12.03

Em comemoração à minha formatura, fui comer um goulash no Bistrô Porto Sol, na Barra. Como sempre, o prato estava uma delícia, só que desta vez veio apimentado além da conta. O goulash é um prato húngaro, uma espécie de picadinho de carne, com bastante cebola e páprica. Confira uma receita simplificada da delícia.

Goulash Simples
Fonte: www.cybercook.com.br

Ingredientes
- 1 kg de pá (ou músculo) cortada em cubos
- 1 kg de cebolas picadas
- 1 cabeça de alho espremido
- 4 colheres (sopa) de óleo de soja
- 2 colheres (sopa) bem cheias de páprica doce
- sal e pimenta-do-reino a gosto
- 1 pimentão verde inteiro sem as sementes
- 1 amarrado de cheiro verde com louro
- 1 pimenta calabresa vermelha (pode-se substituir por páprica picante e kumel)

Modo de Preparo

Refogue a cebola picada; acrescente o alho espremido no óleo até esbranquiçar. Junte o sal, a pimenta, a páprica e a carne. Cubra com água, junte o amarrado de cheiros e deixe cozinhar em fogo brando até a carne amolecer e ficar com caldo reduzido. Sirva com batatas cozidas a parte.

12.12.03

Festa Simplesmente vai ter um show do Skank na festa de confraternização da empresa em que trabalho. Depois ainda falam que não é possível dar aumento para os funcionários!

O interessante é que ninguém poderá levar os familiares. Será que vai haver alguma sessão de lavagem administrativa-cerebral?

Bom, nunca fui a um show do Skank. E será de graça! O convite ainda promete "som do melhor DJ do momento". Tomara que seja alguma coisa que preste.
Até que enfim a colação de grau. Na Faculdade de Comunicação, coisa rápida e simples. A Secretaria Geral de Cursos é que fez o favor de não emitir o meu diploma, sob a alegação de que eu não havia feito o provão. Fui lá depois da solenidade, para reclamar, pois eu fiz o provão! Verificaram o erro e o diploma estará pronto dentro de alguns dias.

Este semestre, umas 25 pessoas concluiram os cursos de Jornalismo e Produção Cultural na Facom. Uns 9 participaram da solenidade na reitoria e os outros formaram sem solenidade, na própria Faculdade. Junto comigo, somente mais 6 pessoas concluíram o curso em tempo mínimo, 8 semestres. Formar em pouco tempo não é lá muita coisa. O melhor de tudo é não ter que permanecer estudando mais um semestre, que inicia as aulas em janeiro, pleno verão. Gracia a Dios.

Novos projetos? Só a partir de fevereiro, depois que voltar de férias. Até lá, só quero leituras, festas, este blog, etc... Afinal, são mais de quatro anos (contando com as greves da universidade) de trabalho e estudo. É um descanso merecido.

10.12.03

Lampião e Maria Bonita

No sábado do Mercado Cultural, assisti Lampião e Maria Bonita, na Sala do Coro do TCA. A peça conta os últimos dias do casal de cangaceiros na gruta de Angicos, antes de serem mortos. Os atores Widoto Áquila e Fafá Menezes cumprem bem os seus papéis. A cenografia de Zuarte Júnior é simples e precisa. Junto com a iluminação inicial, cria um ambiente que remete imediatamente a uma gruta.

No decorrer do espetáculo, poderia haver mais dramaticidade nos diálogos, que são um tanto quanto mornos. O casal permanece conversando e rememorando, alternando momentos de carinho e de conflito. A situação poderia ser transportada para qualquer ambiente urbano. Será que um casal, escondido em uma gruta, estaria em condições tão tranqüilas? Se a iluminação fosse reduzida, talvez houvesse um clima de mais intimismo entre os personagens.

O clímax da perseguição, terminando nas mortes, é que é o verdadeiro show dos atores. Aí eles têm a oportunidade de mostrar os seus talentos. O trabalho de voz de Widoto é muito bom. E Fafá Menezes está excelente como a Maria Bonita em desespero.

9.12.03

Demissões no jornal
E o Correio da Bahia demitiu 39 jornalistas. De gente nova a gente com muito tempo de casa. Alguns com mais de 20 anos de trabalho. Não se sabe qual foi o critério usado na escolha dos demitidos. O que se sabe é que foi um processo muito constrangedor. As pessoas iam sendo chamadas aos poucos à direção.

A família detentora do jornal passa por um período de redução de poder político, o que possivelmente está afetando o caixa da empresa.

Fora o caderno de política, o Correio é um bom jornal. O seu caderno cultural é mais completo do que o de A Tarde, que está se transformando em um mero roteiro das atrações locais. Nos domingos, o Correio dá show nos cadernos Bazar, Folha da Bahia (cultura) e Correio Repórter. Ainda estão saindo matérias de alguns dos jornalistas demitidos.

O Correio precisa adequar o seu setor comercial ao mercado. O jornal tem problemas de distribuição, não é encontrado em todas as bancas da cidade.

7.12.03

O verão em Salvador começa a pegar fogo. Mercado Cultural, Fenagro, calendário de festas populares. Agora a data de Santa Bárbara, 4 de dezembro, parece estar antecipando o conjunto de festividades do verão na Bahia. Há algum tempo, ouvia-se falar que era no dia 8, com a festa da Conceição da Praia, que tudo começava.

A festa de Santa Bárbara recebeu grande destaque no jornal A Tarde, com foto de capa, em que bombeiros aparecem cortando quiabos para fazer o caruru da homenagem. Santa Bárbara - sincretizada com Iansã, dona do fogo - é tida como padroeira da corporação, que também por motivos óbvios, tem o uniforme vermelho. A Tarde publicou até artigo de um acadêmico sobre as transformações das festas populares na Bahia. Espaço e importância devida para um assunto fundamental na cultura baiana. O Correio da Bahia passou batido.

6.12.03

A estréia de Lágrimas Amargas de Petra von Kant


O mundo da alta costura, as vaidades e relações de poder estão presentes em Lágrimas Amargas de Petra von Kant, que estreou na última quinta no Theatro XVIII. Figurino luxuoso e impecável, cenário bem elaborado, direção segura e interpretações precisas constroem um espetáculo marcante.

O texto do dramaturgo alemão Rainer Werner Fassbinder foi abrasileirado por Aninha Franco, a partir da tradução de Nehle e Roberto Franke. A direção é de Elisa MendesNa concepção, a peça teve a participação das oficinas dos Cursos de Aprendizado Cênico do Theatro XVIII: cenografia, texto, figurino, projeto de luz. O que significa que cada detalhe foi muito bem pensado e discutido, por um grupo de pessoas.

Margareth Xavier (O Beijo no Asfalto, A Farsa Veríssima) é a assistente de Petra, Marlene, que entra e sai do palco sem dar uma palavra. Nem precisa. Os olhos, a maquiagem, o figurino e a presença suave em cena compuseram uma das atuações mais importantes na peça. Marlene é praticamente invisível no texto. Só ganha espaço e importância no palco.

Jussilene Santana está muito bem, compondo uma Karim com uma vulgaridade na medida. A atriz tem até certa semelhança física com Hanna Schygulla, na versão filmada de Fassbinder. Rita Assemany, excelente, compõe uma Petra conturbada e visceral.

O Mercado Cultural e a dança

Os espetáculos de dança sempre trazem energia, alegria, vitalidade, juventude, força. Uma energia que transcende os corpos de dançarinos e dançarinas e atinge a platéia. Os corpos da dança contemporânea em geral são masculinizados. Os dos homens são exaltados. Os das mulheres perdem um pouco da sua feminilidade em troca de força e flexibilidade.

O V Mercado Cultural apresentou na última sexta, dia 05, no Espaço Xisto Bahia (antigo Espaço Xis), dois espetáculos. O primeiro foi Soco no Vento ou Sugestão da Última Palavra, coreografia de João Perene. "Enfatiza os limites do corpo, que são estendidos ao extremo para provocar o ímpeto emocional", segundo o release. Tema urbano, música de base eletrônica.

Duas mulheres e três homens no palco. Em alguns movimentos, feitos em grupo, faltou coordenação. Destaque para as duas dançarinas, que estiveram bem soltas, quase agressivas, enquanto os homens estavam meio que tolhidos. Eles estiveram um tanto quanto presos em seus movimentos, talvez limitados por calças e camisas. É como estivessem limitados às normas vigentes dos costumes sociais da nossa época, que acabam por regular as leis da masculinidade.

O segundo espetáculo foi "Painel Coreográfico", da Gicá Companhia Jovem de Dança, proveniente do Projeto Axé. "Um repertório em que a movimentação afro contemporânea é agregada a elementos da dança moderna e dança folclórica". Destaque para os músicos presentes, que imprimam a energia dos tambores ao espetáculo.

Enquanto trabalho de desenvolvimento de jovens, tem o mérito de revelar talentos promissores. No primeiro movimento, o "Painel" traz movimentos de ginástica. No segundo, retrata um hospital. Há bons momentos, mas muita coisa poderia ser descartada, principalmente na segunda parte. O paciente é o destaque entre os dançarinos.

5.12.03

Blogueiro do Iraque lança em livro seu relato de guerra



Salam Pax é o pseudônimo de um arquiteto iraquiano, hoje com 30 anos, que criou no final do ano passado o blog "Where is Raed?" (Onde está Raed?), em que conta a sua visão sobre a guerra em seu país. O blog virou um livro e uma coluna semanal no jornal britânico The Guardian.

O livro "O Blog de Bagdá - O Diário de um Jovem numa Cidade Bombardeada" será lançado no Brasil na próxima semana pela Cia. da Letras. A versão impressa tem 264 páginas e traz uma compilação dos textos do blog postos no ar entre setembro de 2002 e junho de 2003. O site funciona até hoje no endereço http://dear_raed.blogspot.com.

Pax é ligadíssimo na cultura ocidental. De início, publicava diariamente pequenos textos, contando o seu dia-a-dia em Bagdá, falando sobre suas bandas favoritas (como Massive Attack e Portishead). À medida que o clima no Iraque foi ficando mais pesado, com o iminente ataque dos EUA e Grã-Bretanha, os textos foram adquirindo um tom mais crítico.




Fonte: Reuters

4.12.03

Se há um suco de frutas que se aproxima do néctar dos deuses, este é o suco de graviola. Uma maravilha de fruta tropical. Um privilégio dos moradores do Nordeste do Brasil.

2.12.03

A Mulher de Roxo

Na última sexta, em sessões na Sala Walter da Silveira, nos Barris, a Secretaria de Cultura lançou a primeira produção do POTE - Polo de Teledramaturgia da Bahia. "A Mulher de Roxo" inaugurou o projeto Cenas da Bahia, vídeos com temas voltados para a realidade local, feitos pelos alunos das diversas oficinas (texto, direção, interpretação, etc.), que pretendem suprir o mercado de trabalho baiano com profissionais capacitados para a teledramaturgia.

"A Mulher de Roxo" é um trabalho que mescla o documentário e a dramatização. É sobre uma senhora que costumava vagar pela Rua Chile totalmente coberta por uma roupa de veludo roxo. O vídeo explora as diferentes explicações para a história daquela figura, que ficou na
memória daqueles que circulavam pelo centro de Salvador.

O trabalho foi dirigido por Fernando Guerreiro, que tem larga experiência no teatro baiano. Ficou claro que há um caminho longo a ser trilhado pela teledramaturgia baiana, até atingir uma linguagem mais televisiva. Isso passa, invariavelmente, pela disponibilidade de recursos financeiros. Mas o Cenas da Bahia é um começo.

1.12.03

A Editora Globo reeditou uma coleção bem bacana de livros de receitas. "O Gosto Brasileiro" contém vários volumes, entre os quais: As Melhores Receitas da Cozinha Baiana, da Cozinha do Nordeste, Cozinha Chinesa, Italiana, Alemã, etc. Comprei na Livraria Siciliano do Shopping Barra os exemplares da Cozinha Baiana e da Cozinha Chinesa.

Os livros são bem fotografados, coloridos. Têm em torno de 80 páginas, capa dura. E o melhor: R$ 9,90 cada.
O fim do ano se aproxima e a programação se intensifica. Formatura da galera da faculdade, aniversários na família, estréia de peça, passeio de escuna. Até caruru. Ó Senhor, dai-me gás e estômago. Assim, o meu regime vai por água a baixo (ou abaixo?).

30.11.03

Assisti a um dos filmes mais bacanas dos últimos tempos: O Albergue Espanhol. Filme francês, fala sobre um grupo de estudantes de diferentes nacionalidades, que participam de um programa de pós-graduação na Espanha, mais precisamente em Barcelona. Estudo, vida noturna, amores, dificuldades, amadurecimento. Acho que me identifiquei muito com tudo aquilo.

O protagonista, Xavier, é um francês que passa a dividir um apartamento com uma inglesa, uma espanhola, um italiano, um alemão e um dinamarquês. Para entrar na turma, ele se submete a uma entrevista. Ao se deparar com várias perguntas desconexas, ele pensa: "Tenho tudo a ver com isso. É como se eu tivesse dentro de mim todas essas diferenças e contradições que eles vivem".

De certa forma, o filme tem um tom positivo. Vê com bons olhos a união das várias nacionalidades européias. O exemplo mais claro disso é quando todo se unem para avisar à inglesa que o namorado dela estava chegando de viagem. Enquanto ela se divertia nos braços de um americano.

Outra passagem bacana, que me emocionou, é quando o protagonista retorna ao seu país de origem, após a conclusão do curso, e depara-se com o seu primeiro emprego. Em um lugar conservador e junto a pessoas com caras de terrivelmente burocráticas. Daí a sua ânsia pela liberdade. Em casa, ele então olha para uma foto, quando era criança, e pensa: "Todo o meu compromisso eh com o que você pensava e queria fazer". Genial.




27.11.03

"A era do escândalo: lições, relatos e bastidores de quem viveu as grandes crises de imagem" é o livro lançado pelo jornalista Mauro Rosa, consultor de imagem, ex-editor da revista Veja e ganhador do Prêmio Esso de jornalismo em 91 e 92.

Analisando ocorrências que geraram arranhões para a imagem de empresas e de profissionais, o livro detalha os procedimentos que foram tomados nessas situações. Os caso relatados são: a queda do voo 402 da TAM, o caso Cacciola, a agonia pública de Covas, os bastidores do apagão, o caso EJ, o drama da atriz Glória Pires, a crise da Telefonica, o afundamento da plataforma P-36, o caso Telemar e o caso Alceni Guerra.

O autor lista pelo menos dez tipos de crises que podem ocorrer: de origem criminosa, de natureza econômica, de informação, desastres industriais, desastres naturais, falhas em equipamentos e construções, de natureza legal, de relações humanas, de risco de vida e regulatórias. Além da ocorrência simultânea de multiplas crises.

O jornalista aborda a importância de se ter um plano de gerenciamento de crises de imagem nas empresas. Para Mauro Rosa, a palavra chave é prevenção. Adotar uma atitude preventiva significa, na prática, "mapear as dificuldades que poderão surgir e definir soluções quando a cabeça não está quente, nem a pressão insuportável".

Publicado no Super Fatos

23.11.03

Acabei preparando uma parte dos camarões de acordo com a receita aí abaixo. Isto é, até a metade do procedimento, pois não flambei. Mesmo assim, o resultado saiu muito bom.

CAMARÃO À PROVENÇAL
INGREDIENTES
(4 pessoas)

Por Olivier Anquier

INGREDIENTES
20 camarões grandes com casca
100 g de manteiga
50 ml de óleo de oliva
2 dentes de alho bem picados
3 colheres (sopa) de herbes de
Provence (mistura de tomilho, alecrim, louro, manjericão)
1 cálice de Pastis (aperitivo em infusão de álcool, perfumado com ervas, alcaçuz e anis)
3 colheres (sopa) de salsinha crespa picada
3 colheres (sopa) de ciboulette picada
Sal e pimenta-do-reino a gosto

PREPARO
Lave bem os camarões. Leve uma frigideira ao fogo. Quando estiver quente, derreta a manteiga com o óleo de oliva. Jogue os camarões e deixe-os dourar em fogo médio, por cerca de 3 minutos de cada lado. Tempere com sal, pimenta e junte o alho. Acrescente as herbes de Provence e deixe de 2 a 3 minutos no fogo.
Coloque o Pastis e flambe. Por último, polvilhe a salsinha e a ciboulette sobre os camarões. Sirva imediatamente.


22.11.03

Neste exato momento, estou ouvindo (não estou vendo, estou no quarto ao lado) o DVD de um show de Donna Summer. Uma viagem no tempo. Como aquelas melodias me marcaram! Às vezes tenho a impressão que a música POP aportou nos anos 70 e 80, e de lá não saiu mais. Gosto muito de música eletrônica, mas acho que a canção, para ficar na memória afetiva, tem que passar pelo vocal de um bom cantor ou cantora. Os ritmos eletrônicos dificilmente marcam o coração, mais do que por um ou dois minutos.


Comprei 3 quilos de camarões frescos para preparar alguma coisa. Ah, nunca mais faço isso. Que trabalho limpar e descascar! Nem consegui terminar de tirar as cascas. Só tirei as cabeças. Estou pensando no que vou fazer com os bichinhos.

Um amigo meu, que agora mora nos Estados Unidos, costumava preparar os camarões com as cascas, sem as cabeças. Ficava saboroso. Ele trabalhou um tempo em um restaurante na Inglaterra. Dizia que era desse modo que eles refogavam o camarão, para manter o sabor. Bom, isso tem lá a sua coerência, mas os ingleses não são, realmente, uma boa referência para práticas culinárias.

20.11.03

Peixe com cogumelos
Passando pelo Shopping Barra, fui jantar no Bonaparte. O restaurante é uma espécie de fast-food de pratos da "cozinha francesa". Experimentei o Peixe ao Sena (era esse mesmo o nome?). Bom, primeiro perguntei qual o peixe servido, a atendente não soube responder. Até que outra pessoa informou que era pescada amarela.

No Bonaparte, o cliente tem direito a escolher até três acompanhamentos. Pedi batatas noisette, espécie de bolinhos fritos de batata, sempre deliciosas; arroz Piemontese, que mais parecia um risoto de queijo; e purê de batatas, muito bom.

O filé de pescada estava salteado no azeite de oliva (pelo menos era o que dizia o cardápio), com molho de camarões (pequenos), alcaparras e um monte de cogumelos fatiados. O resultado estava bom. Talvez um pouco de gordura em excesso. O melhor é que o prato é enoooorme. Quase não consegui comer tudo. Por R$12,90, achei bem razoável.

Alguém aí sabe o que fazer com um jornalista recém-formado em busca de novos rumos?

18.11.03

Matrix
Cinema Comentado

Matrix Revolutions, o terceiro e último capítulo da trilogia Matrix, está em cartaz nos cinemas de Salvador. Mais uma vez, efeitos especiais ajudam a compor o cenário da influência danosa e quase total das máquinas sobre os seres humanos, em um futuro talvez não muito distante.

O foco do filme é a batalha final empreendida entre homens e máquinas. Os heróis, encabeçados por Neo (Keanu Reeves), lutam pela sobrevivência humana. A parte mais longa - e vazia - é o meio da narrativa, basicamente a batalha, cheia de efeitos especiais.

Os irmãos Wachowski, produtores e diretores, não conseguiram mais repetir o belo resultado do primeiro filme da série, cheio de inovações visuais e citações filosóficas, o que o tornou Matrix um trabalho cultuado. Desta vez, até a Igreja Católica reclamou, criticando uma cena em que há certa relembrança do momento da crucificação.

17.11.03

Organizei uma mini confraternização aqui no trabalho para comemorar a conclusão do curso. Foi ótima. A torta integral de goiaba, feita por Johnny, do restaurante Health Valley, fez sucesso!

15.11.03

Para dar água na boca: o salmão que comi era parecido com esse aí.
Fui jantar no Prestige, com um grupo de amigos, para comemorar a apresentação do trabalho e a conclusão do curso. De entrada, pedi queijo de cabra aquecido ao mel e servido com torradas e salada de rúcula. O prato principal foi salmão com molho de queijo roquefort, legumes e batatas sautée. Estava tudo uma delícia.

O Prestige tinha antes o nome Bernard Prestige. Em 2002, foi eleito o melhor restaurante francês da cidade, pelo Guia Veja Salvador. Fica em Ondina, no flat Pier Sul. O ambiente é agradável, lembra um bistrô, tem um clima informal.

De vez em quando, muito de vez em quando, dá para fazer uma comemoração dessas. É uma data especial, valeu a pena.

14.11.03

Uhuuuu! Apresentei o meu trabalho de conclusão de curso. Foi super-bem-avaliado! Yeah! De quebra, ainda fui convidado a participar do rallye do dendê. Agora é só fazer o roteiro de comemorações!

13.11.03

A estréia de Lágrimas Amargas foi adiada para o dia 04 de dezembro. Algumas das observações feitas pela turma da oficina de criação já foram incorporadas ao texto.

Para os ensaios, o figurinista Cao Albuquerque bolou modelos semelhantes aos que serão usados no espetáculo, só que em tecidos mais simples. Imaginem a qualidade do que haverá na estréia!

Todos os participantes estão loucos para assistir os ensaios. Mas as atrizes não querem. Pelo menos por enquanto.

Matrix Revolutions

O Vaticano criticou duramente o filme "The Matrix Revolutions", afirmando que a saga oferece "uma comercialização superficial das idéias e símbolos cristãos". Segundo a Radio Vaticano, o herói Neo "luta pela salvação da raça humana através da luta e do sangue em duelos violentos ao estilo oriental, não através do heroísmo das Bem-aventuranças". Ainda afirma que o filme apropria-se das tradições cristãs da maneira "mais baixa" e usa-as na direção oposta do original, somente "para as comercializar".

E aí? Ainda não vi o filme. O comentário ajudou a atiçar a minha curiosidade.

11.11.03

O Casseta e Planeta lançou hoje um produto genial: o Home Sweet HomeBanking Tabajara, que serve para suprir a carência daqueles idosos que não precisam mais ficar indo nas agências bancárias, porque agora podem fazer tudo via internet. O problema fica resolvido: o Banco vai até a casa da pessoa. Hilário. É isso mesmo que acontece. Uma boa parte dos clientes que vai a uma agência é composta de idosos, aposentados, com tempo livre.
Lágrimas amargas de Petra von Kant
Lágrimas amargas de Petra von Kant

8.11.03

Ere - Eterno Retorno

Sejam persistentes e leiam até o final.
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Um bom trabalho de corpo, unido à ótima dicção e voz bem modulada do ator Fábio Vidal (Seu Bonfim, Divinas Palavras), é o que há de mais marcante no monólogo Erê - Eterno Retorno, em cartaz no Theatro XVIII, no Pelourinho.

O espetáculo é um dos resultados do Projeto Solos do Brasil, que teve coordenação artística de Denise Stoklos, criadora do Teatro Essencial, baseado na performance do ator e na economia cênica, na simplicidade. Direção, concepção e figurino são do próprio Fábio Vidal.

O título do espetáculo aproveita as iniciais do Eterno Retorno, paradigma de Friedrich Nietzche, para fazer a aproximação com o Erê, entidade mitológica que brinca, pirraça, é infantil. É bem inteligente e irônica a transformação de "eterno retorno" nietzchiano em repetição pirracenta, típica do Erê.

Por conta do retorno constante, há repetição de movimentos e falas, e o ator arrisca-s a irritar a platéia. E é, efetivamente, o que acaba por acontecer. Alguns espectadores saem durante o espetáculo. A maior parte aguarda até o final, por um encerramento que não acontece. É, como o texto se auto-intitula, o "espetáculo sem fim", em que o ator só sai do palco depois dos espectadores.

Está formada a concorrência entre platéia e ator, para ver quem abandona primeiro o teatro. Se de início a repetição de movimentos e falas pode atrair a atenção do público, com a impressão inicial de "já conheço", isso acaba por cansá-lo. O espectador começa a se sentir ludibriado.

É uma queda de braço para ver quem resiste mais à pirraça. De certa forma, é o ator que está expulsando a platéia, que, indefesa diante das inventividades do texto teatral, aguarda por alguma novidade, após tantas repetições, ainda que o ator indique que aquele é um espetáculo que não termina. E, como sempre, há aqueles espectadores persistentes - ou ingênuos-, que ficam até o cansaço. De certa forma, é como se o público restante fosse formado de expectadores insistentes de um filme. A película já chegou ao final, mas eles aguardam alguma cena extra após os créditos.

A repetição, no entanto, não é vazia. É como se fosse uma gravação, um velho vinil arranhado ou um Cd defeituoso. Um ato mecânico, quase de um robô, indicando que o homem pode estar se transformando em máquina, com a incorporação de tantos artefatos tecnológicos ao seu cotidiano. O texto une o momento da criação humana com o momento tecnológico atual e futuro, pela ótica do conhecimento científico e filosófico.

Erê traz críticas às inserções nem sempre bem-vindas de inovações tecnológicas ao corpo e à vida humana. Mudanças que acabam por restringir a liberdade. Um exemplo marcante é quando o ator interrompe a narrativa para simular o atendimento a uma chamada de celular. Fábio Vidal consegue transmitir bem ao público a irritação causada por uma situação daquele tipo.

Os aspectos relacionados ao momento político-cultural do Brasil poderiam ter sido enfocados com mais riqueza, já que era essa uma das propostas do Projeto Solos do Brasil. É que as repetições tomam tempo demais. O espetáculo também poderia conter mais elementos que explorassem o "personagem" Fábio Vidal enquanto pessoa, já que o ator/autor está presente no texto como ele mesmo. Poderia utilizar o bom trabalho corporal desenvolvido para o espetáculo com o fim de explorar mais a sensualidade, por exemplo. O personagem seria enriquecido.

Ao espectador resta o alerta de que as máquinas e o consumismo podem efetivamente condenar as pessoas à desumanização. Nesse intuito, o teatro tem papel fundamental. É uma arte não-reprodutível, diferente, por exemplo, do cinema. Uma arte disposta a provocar a reflexão e clamar pela liberdade humana. Nesse viés, ponto para a concepção e atuação de Fábio Vidal.

6.11.03

O meu trabalho de conclusão de curso é uma série de reportagens sobre o azeite-de-dendê e diversos aspectos relacionados ao produto. Os pratos, os apreciadores, os cozinheiros, os estudiosos. Aspectos históricos e atualidades.

O trabalho rendeu em torno de 50 laudas. Um pequeno livro. Para apresentá-lo, fiz um suplemento especial de jornal, uma espécie de caderno de Gastronomia. O resultado ficou interessante. Vamos ver como será a avaliação da banca.

2.11.03

Blogs



Retirado de um blog



"Pra mim, ler blogs é como descer para um porão cheio de prateleiras de livros bolorentos que você é obrigado a ficar folheando. Prosa ruim, incontáveis resmas de prosa ruim! Falta disciplina, a pessoa acha que qualquer coisa que passa pela sua cabeça é importante ou interessante para os outros. Dizem que o melhor de escrever um blog é que não precisa editá-lo -- que é liberdade de expressão sem o controle institucional. É, pode ser, mas escrever não é masturbação -- você tem que se auto-editar."



Camille Paglia

Comments

Camille Paglia é crítica literária respeitadíssima nos Estados Unidos - e em boa parte do mundo. Discípula de Harold Bloom, escreveu Personas Sexuais: arte e decadência, de Nefertite a Emily Dickinson e Vamps e vampiras. O primeiro é o resultado da sua tese de doutorado, em que avalia a criação artístico-literária desde a Antiguidade, sob o argumento que a homossexualidade está por trás de grande parte do instinto criativo da humanidade. Ah, sim, ela é lésbica.

O comentário de La Paglia sobre os blogs é muito pertinente. Principalmente para aqueles que não suportam ler intermediados pelo desconforto da tela do computador. Os blogs precisam de edição, com certeza. De outra forma correm o risco de se tornarem simples viagens em torno do umbigo, desinteressantes para os leitores. Mas a edição dá trabalho, nem todos estão dispostos a fazê-la. A criação artística precisa ser burilada.

A publicação gratuita na internet vem a dividir espaço com os antigos zines, impressos em mimeógrafos ou fotocopiados. Permite e incentiva a multiplicação da escrita e da leitura. Só por isso, os blogs já devem ser respeitados.

Há muita porcaria online, é preciso fuçar bastante para achar material bem feito. Os textos não podem ser longos, caso contrário correm o risco de cansar o leitor. De certa forma, isso impede aprofundamento nos assuntos, ainda que a possibilidade de arquivamento de textos seja praticamente infinita. Para quem está acostumado com livros impressos, como Camille Paglia, deve ser muito desconfortável deixar a poltrona e ter que se adaptar a ler na frente do computador.

30.10.03

Sexo por Compaixão

No filme mexicano Sexo por Compaixão, dirigido por Laura Mañá, Dolores (Elisabeth Margoni) é uma pacata e religiosa esposa, que mora em um vilarejo quase abandonado em um região desértica do México, e que se transforma após o abandono pelo marido.

Disposta a pecar, ciente de que o ex-marido a havia deixado porque ela era boazinha demais, transforma-se em "Lolita" e passa a fazer sexo com todos os homens do vilarejo - ou pueblo, como dizem os mexicanos -, sempre sob a desculpa de "fazer o bem", por compaixão pelos homens sofridos do local.

A novidade é que o vilarejo se tranforma. O filme, inicalmente em preto e branco, adquire cores. É quase como se a água jorasse no deserto. As mulheres permitem o conforto dos maridos nos braços de Dolores, a quem chamam de santa. O resultado é que as pessoas tornam-se alegres e as famílias têm as suas relações melhoradas.

O filme brinca com a lógica do pecado e da culpa da Igreja Católica. Santa ou prostituta, os habitantes do vilarejo se perguntam. O pároco também fica tentado a cair nas graças de Dolores, ex-ovelha do seu rebanho.

Sexo por compaixão ironiza a forma como a cultura, especialmete de países católicos, estabelece conceitos a respeito de comportamento. Uma reflexão com pitadas do realismo fantástico da literatura latino-americana. Como escreveu um famoso crítico de cinema, está fadado a virar "cult".

É um filme que cabe perfeitamente em treinamentos corporativos. Para abordar liderança e transformações - e a hipocrisia envolvida nisso. Bagdá Café já foi muito utilizado com esse objetivo, mas com uma mensagem mais direta. Parece que a diretora escolheu a protagonista pela semelhança física com Marianne Sagebrecht. Uma idéia em comum nos dois filmes é a transformação de um local seco, desértico, com pessoas também áridas.

23.10.03

Assistimos ontem na oficina de roteiro o filme Lágrimas Amargas de Petra von Kant. Lançado em 72, tem um figurino bem interessante, da época, meio exagerado. No filme fica mais clara a relação da protagonista com a criada Marlene, esta em sua devoção muda.



Petra é autoritária com a serviçal, demonstrando que as relações de poder e prepotência estão presentes também em certas minorias, no caso, as mulheres. A Karim do filme é vivida por Hanna Schygulla. A atriz, apesar de ícone do cinema alemão, é um tanto rechonchuda, não tem o "physique du role" de Karim, que pretendia ser uma top model. Mas é bela e expressiva, anyway.



O filme é um tanto lento, transcorre quase que totalmente no quarto de Petra, em sua cama. Parece uma peça teatral filmada. A cama desaparece quando Karim abandona Petra e o contexto familiar entra em cena. E volta no último ato, sugerindo a aproximação de Petra e Marlene.



A câmera de Fassibinder busca ângulos inusitados. Brinca com manequins, o painel do quarto, as formas dos personagens. O ritmo lento do filme permite que a câmera vasculhe os elementos do cenário.



As coisas estão retornando à normalidade. Na próxima semana terei entregue a versão preliminar do trabalho. E aí? É só comemorar!

17.10.03

No dia 21 de novembro estréia Lágrimas Amargas de Petra von Kant, no Thetro XVIII, no Pelourinho. Rita Assemany está no papel de Petra. Jussilene Santana fará Karim. Grandes expectativas. A turma do roteiro não vê a hora das coisas começarem a acontecer.
Nesta montagem, o texto original de Fassbinder foi traduzido pela diretora Nehle Franke. Aninha Franco é responsável pelo texto final. A turma da criação de roteiro vai colaborar em algumas falas de Karim.

13.10.03

Amarelo Manga

As ruas e pontes de Recife, o centro da cidade e a periferia, um roteiro bem construído e personagens que beiram o grotesco formam o filme Amarelo Manga, do diretor Cláudio Assis, em cartaz na Sala de Arte do Theatro XVIII.

Histórias urbanas giram em torno de um hotel-espelunca. Um açougueiro (Chico Diaz), que fornece carne para o hotel, é casado com uma crente ferrenha (Dira Paes) e mantém uma relação tempestuosa com uma amante. O açougueiro é assediado pelo cozinheiro gay do hotel, vivido por Mateus Nachtergaele. Um taxista necrófilo (Jonas Bloch), que mora no hotel, junto com outros seres decadentes, além de procurar cadáveres, interessa-se pela geniosa dona de um bar (Leona Cavalli).

Premiado internacionalmente, Amarelo Manga mostra uma classe da população urbana nordestina que, apesar de não viver na miséria dos sertanejos que sofrem com a seca, depara-se com dramas também de difícil solução. O roteiro não cai na armadilha de "glamourizar" a miséria urbana e a violência. É um filme para quem tem estômago forte.

9.10.03

Este blog anda precisando de uma turbinada. Daqui a pouco volto a postar com frequência. É só finalizar o trabalho de conclusão de curso.

5.10.03

Ontem fui ao Bistrô PortoSol, na Barra. Foi a comemoração antecipada do aniversário de minha amiga Suzana B. Foi ótimo. Uma mesa com umas doze pessoas, alguns amigos que não via há algum tempo. Demos muitas risadas e conversamos bastante. Aquela rua onde fica o bistrô traz sempre um clima de surpresas - e belezas.

3.10.03

O sol brilha, o calor do verão desponta. Depois da apresentação do trabalho de conclusão, lá por novembro, pensar em jornalismo, só no ano que vem.
Ganhei o livro de poesias A inutilidade das (p)arcas, escrito por Tiago M. Prado, que é o professor do curso de português que frequento, no Gabinete Português de Leitura. Nada como fazer as atividades na data certa e ganhar um prêmio!

29.9.03

Nathalie X

Filme produzido este ano, integra o 2º Festival de Cinema Francês, em cartaz na Sala de Arte do Bahiano de Tênis. Fanny Ardant vive a esposa que desconfia de traições do marido (Gérard Depadieu), contrata uma garota de programa (a bela Emanuelle Béart) para seduzí-lo e descobrir o seu real comportamento.

A diretora Anne Fontaine consegue mostrar bem o universo feminino, com os seus mistérios e ambiguidades. No filme, as mulheres são protagonistas de uma história urbana e moderna, que se passa em ritmo lento, mas sem monotonia.

O ritmo pouco acelerado do filme representa bem a velocidade das emoções, das reacoes e dos reposicionamentos nas relações que ocorrem na vida real, informando que o agir humano é sempre precedido do pensar e sentir. Nathalie X, neste sentido, traz exemplos de respostas particulares às provocações da vida, que podem provocar mudanças - ou a recusa a elas.

Mais francês impossível. O fumo desbragado e onipresente, os cafés, os vinhos, a cozinha, os restaurantes, as lojas de Paris, as boites - o nome não é francês? Um certo ar de tédio e monotonia por trás de interesses dissimulados.

28.9.03

Ando muito ocupado, agora com a editoração do meu trabalho de conclusão de curso. O texto, gracias a Dios, já terminei. Estou procurando alguém para me auxiliar com a editoração das páginas. E que não cobre muito caro!
Faltam algumas fotos. Vou dar um pulo na Feira de São Joaquim para tirar retratos de peixes, dendê, etc. Pelo menos, estes não sofrem abalos no ego ao perceberem os flashes.

26.9.03

Dirigindo no Escuro

Um cineasta com a carreira em baixa perde a visão durante a filmagem daquele que poderia ser o ser trabalho redentor. O cinesta é vivido por Woody Allen, o próprio diretor do filme.

Woody Allen contou para os jornalistas que a impressão de dirigir no escuro é a mesma que ele tem durante as filmagens. Ele vai filmando, filmando, sem saber se as cenas vão se encaixar, se as piadas vão surtir efeito, sem conseguir imaginar o resultado final.

Dirigindo no Escuro não é um dos melhores filmes de Allen, mas é diversão inteligente, com o eterno personagem do cineasta neurótico, já presente em Desconstruindo Harry. Personagem?

24.9.03

Medéia e Heloísa

A personagem Heloísa, da novela Mulheres Apaixonadas, da Rede Globo, algumas vezes lembra a famosa Medéia do teatro grego, imortalizada por Eurípedes. Medéia matou os filhos para se vingar de Jasão, o pai das crianças, que a havia abandonado.

Heloisa fez a ligação das trompas de Falópio, para ficar estéril, e não ter que dividir com filhos o amor que sente por Sérgio.

Para a psicanálise, o morte dos filhos de Medéia pelas mãos da própria mãe é simbólico. Não foi a morte propriamente dita. Representava os danos que uma mãe tornada amarga pela vida e pelos ressentimentos amorosos pode causar aos filhos.

Heloísa não permite que os filhos, tão desejados pelo marido, sequer venham ao mundo. A história de Heloísa não lembra vagamente a de Medéia?

Acreditem, o texto abaixo, publicado no house organ, rendeu polêmica lá no trabalho.

23.9.03

Dom

Inspirado na obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, o filme Dom traz Marcos Palmeira como um engenheiro que tem o nome de Bento, personagem do livro, e acredita que tem o destino de viver a mesma história de amor.

Maria Fernanda Cândido, que encarna Ana, apelidada de Capitu, recebeu o prêmio de melhor atriz no Festival de Gramado. Os olhos da atriz cabem perfeitamente nos "olhos de ressaca" da personagem. A releitura de uma das grandes obras da literatura brasileira consegue preservar o questionamento que tortura Bento: Capitu traiu ou não traiu?

Capitu apresenta-se como uma mulher equilibrada, que sofre com o ciúme do marido. A relação amorosa entremeada de ciúme egocêntrico e infantil comprova a característica dos grandes clássicos de permanecerem atualizados. A obra de Machado de Assis revela-se perfeitamente contemporânea.

21.9.03

Falta de jornal

O Correio da Bahia tem um problema de distribuição. O leitor procura o jornal nas bancas da cidade e não acha. Os donos de banca afirmam que só chegam dois ou três exemplarares.

O jornal tem um excelente conteúdo no final de semana, principalmente os cadernos Folha da Bahia, Bazar e o Correio Repórter. Este último faz um excelente registro histórico de vários aspectos da Bahia.

A proprietária de uma banca de revista no Rio Vermelho, que sempre separa um exemplar para mim, me contou que sempre há bastante procura. Ela já reclamou com o distribuidor e teve um substancial (!) aumento do fornecimento de dois para - acreditem - seis exemplares.

O que acontece com o Correio da Bahia? Não há interesse nas vendas, ou o seu desempenho econômico não depende disso?

19.9.03

New books

O fim de semana se aproxima, e com ele todas as luzes faiscantes da alegria do nada fazer. Ou de fazer o que se gosta.


Comprei três novos livros: Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara; Jornalismo Cultural, de Daniel Piza e Perfis: e como escrevê-los, de Sérgio Vilas Boas. Não tem como não lembrar da frase de Umberto Eco: "Os livros produzem livros e multiplicam o saber".


O melhor da compra dos livros é que 75% do valor pago será recuperado. A empresa em que trabalho vai cobrir uma parte, por conta de um programa de aprimoramento profissional. Great!


17.9.03

Estou participando da Oficina de Crição do Theatro XVIII, no Pelourinho, com Aninha Franco. A turma de novos criadores está tentando escrever um roteiro para uma versão da tragédia grega Medéia. É interessante como há uma tendência no teatro baiano, incluindo nos aspirantes a autores, de partir para a paródia e a comédia. Além de uma onipresente inclusão de elementos regionais da atualidade no texto.
A experiência da oficina está sendo ótima.

15.9.03

Meu modem continua sem funcionar. Espero que amanhã a situação esteja regularizada. Não aguento mais ficar off line em casa.
Ah, o tiroteio na Avenida Sete foi mesmo assalto. Soube que dois bandidos e um policial saíram feridos. Não houve mortes. Pelo menos isso.

Em pleno centro da cidade, um acontecimento deste tipo é uma loucura. Não tem o mínimo sentido, já que o local é proximo de delegacias.

Liga Extraordinária

Imagine um filme em que personagens da literatura como o herói Alan Quatermain (vivido por Sean Connery), o anti-herói Dorian Gray, o capitão Nemo (de 20.000 Léguas Submarinas), o americano Tom Sawyer, o médico Dr. Henry Jeckyll (de O Médico e o Monstro), estão unidos para combater o mal. É o que propõe ao expectador a Liga Extraordinária (League of the Extraodinary Gentlemen), produção americana de 2003, inspirada nas histórias em quadrinhos de Allan Moore e Kevin O'Neill.

Na Liga Extraordinária, o que une os "heróis" esquisitos é o compromisso de salvar o mundo de uma guerra que está por vir, no fim do século XIX, na Europa. O filme traz lutas, efeitos especiais, humor leve e um monte de situações irreais, em um clima de histórias em quadrinhos. Fica difícil imaginar Sean Connery, sessentão, como um herói que dá porrada em todo mundo. Mesmo assim é boa diversão.

12.9.03

Tiros na 7th. Avenue

Houve um tiroteiro nas imediações da Avenida Sete. O trânsito está parado e algumas pessoas estão nas janelas dos edifícios, procurando saber o que está acontecendo. Parece que foi um assalto a banco e houve troca de tiros. As pessoas estão com receio de sair dos prédios. Algumas lojas estão fechadas. Só mais tarde para saber das novidades. Desta vez não é, com certeza, uma manifestação de cidadania como foi na paralização do trânsito pelos estudantes.

11.9.03

Cinema Comentado

Estréia amanhã, sexta-feira, nos cinemas de Salvador, o filme americano Secretária, que ganhou prêmio de originalidade no Festival de Sundance, nos Estados Unidos.

Lee (Maggie Gyllenhaal), uma jovem recém-saída de um hospital psiquiátrico, consegue emprego como secretária em um escritório de advocacia.

Uma relação sadomaquista começa a se estabelecer entre secretária e patrão, o advogado E. Edward Grey, vivido por James Spader, de Sexo, Mentiras e Videotapes. Maggie Gyllenhaal está muito bem. As expressões faciais e corporais da personagem são perfeitas para delatar o estado de perturbação mental, que oscila entre a apatia e rompantes de ações masoquistas. James Spader não convence no papel do pretenso dominador. Falta maculinidade?

Secretária é um filme que revela uma feição inusitada dos entrelaces das relações pessoais e de trabalho. Um tanto quanto inverossímil o final. Algum cineasta francês teria feito algo mais ácido sobre o tema.

8.9.03

Saluti!

Culinária chinesa, japonesa e tailandesa formam o cardápio do restaurante Saluti, que fica na avenida Paulo VI na Pituba. O yakisoba com frutos do mar, incluindo camarões, polvo e lula, é delicioso. O preço é acessível. Vale a pena provar também o filé de robalo com cogumelos, prato indicado no Guia Veja Salvador 2002/2003.

O Saluti funciona como restaurante e sushi bar. Indicado para quem deseja almoçar, jantar ou somente bebericar. Para acompanhar os drinks, rolinhos primavera ou sushis.

O restaurante tem um belo projeto arquitetônico, com paredes de vidro. Funciona também como galeria de arte para novos talentos. O projeto é assinado pelo arquiteto Antônio Carlos Brito.

5.9.03

Cozinhar e escrever

A relação entre cozinhar e escrever é mais próxima do que parece à primeira vista. Entre as duas atividades, de natureza distintas, há semelhanças inesperadas. Na origem, as palavras sabor e saber têm significados semelhantes. O verbo latino sapare significa tanto saber quanto ter sabor.

O cozinheiro procura despertar o olfato e o paladar de quem quer agradar. Enquanto prepara os pratos, diverte-se. Já o escritor também deseja o prazer do leitor, só que despertando a sua imaginação. E o escritor e o cozinheiro têm o prazer de ver a sua obra concluída. Para o cozinheiro, um prazer efêmero. Para o escritor, um pouco mais duradouro.

Aqueles que sabem apreciar um bom livro, com certeza também sabem apreciar um bom prato. São saberes lapidados com o passar dos anos. A leitura de um livro é enriquecida pela experiência de vida. A apreciação de um prato bem feito, também. Não é mais uma simples reposição de energias. É um momento sublime de prazer. É o saber do sabor.

4.9.03

Visitantes estrangeiros

Este blog anda tendo uma boa visitação de fora do país. Internautas de Portugal, Estados Unidos, Irlanda são alguns dos visitantes. Sei que é um site público, e que as atualizações aparecem no www.blogger.com, mas os horários das visitas não coincidem com as atualizações. Será por que a hora registrada é a do país de origem de cada visita?
O que facilita a divulgação? Algum blogueiro experiente sabe responder? Fico feliz com as visitas. Welcome.

2.9.03

Bate bola

Todo gato reserva um momento do dia para fazer uma catarse. É quando ele tem o seu momento de loucura. O gato corre, pula, dá cambalhotas. Para achar um motivo para correr, nada melhor do que uma bolinha de pingue-pongue, que pula bastante, faz barulho quando bate no chão e o gato não consegue agarrar. Ronrom só pára de correr atrás da bolinha quando ela vai parar em algum lugar inacessível, como o fundo da geladeira. Aí ele fica deitado, olhando, espreitando, para ver se consegue alcançar com as patas.
Outro dia, durante a madrugada, eu estava ouvindo Ronrom correr atrás da bola, de um lado para outro do apartamento. Só fiquei preocupado se os vizinhos de baixo não iriam reclamar do barulho. Ou eles podem achar que existe um louco notívago no meu apartamento, que fica correndo e batendo bola a noite toda.

Novo e-mail

Precisei trocar o meu e-mail novamente. O novo é o danilomenezes2@yahoo.com.br

31.8.03

Catch me, if you can

Catch me, if you can
Já está disponível nas locadoras o filme "Prenda-me se for capaz", de Steven Spielberg, com atuações de Tom Hanks e Leonardo di Caprio. O filme é interessante, entre outros aspectos, para notar o desenvolvimento da tecnologia bancária.

Ambientado nos anos 60, conta a história de um vigarista que se fazia passar por piloto de avião, médico e advogado. Por meio de cheques fraudados e de golpes, durante vários anos viajou o mundo todo e conseguiu muito dinheiro.

Nas várias situações de falsificação de cheques, dá para imaginar se aqueles golpes seriam possíveis hoje, com a velocidade da informação e todos os mecanismos de informática.

O talento do falsificador era tão grande que, após ser preso, foi convidado pelo FBI para atuar como técnico de identificação de fraudes. E ganha, até hoje, muito dinheiro com isso. Baseado em uma história real. Ironias do mundo capitalista.


Publicado no Super Fatos
A figura do gato sobre os livros, publicada aqui, veio à minha mente. Eu estava trabalhando no texto da atividade de conclusão de curso, quando Ronrom subiu no sofá e calmamente deitou-se sobre a "História da Alimentação do Brasil", de Camara Cascudo.

Um escritor disse uma vez que para retratar o ser humano, é necessário primeiro entender os gatos. Ainda não compreendi isso, acho difícil conhecer os pontos em que essa afirmação é verdadeira. Mas sei que o gato é uma companhia agradável, no meio da aridez de livros e papéis. Mesmo quando avança as patas em busca da caneta que se mexe, interrompendo a escrita. Ou simplesmente quando se aconchega ao nosso lado.

Uma das características que Ronrom tem em comum comigo é a sensibilidade (para não dizer irritação) a movimentações e ruídos. Quando a faxineira está em casa, ele a acompanha o tempo todo, correndo atrás dos movimentos da vassoura e do pano de chão. Ela aproveita para passar o dia todo conversando com ele.

28.8.03

Piratas do Caribe

Estréia amanhã, nos cinemas de Salvador, "Piratas do Caribe", produzido pelos estúdios Walt Disney. O velho filme de piratas volta renovado com recursos visuais feitos em computador e a boa atuação de Johnny Depp, como o debochado pirata Jack Sparrow, em figurino rastafári.

O navio fantasma Pérola Negra sequestra Elizabeth (Keira Knightley), filha de um político influente. O ferreiro Will Turner (vivido por Orlando Bloom, o elfo Legolas de Senhor dos Anéis), apaixonado pela garota, pede ajuda ao pirata Sparrow para resgatá-la.

Diversão leve e despretensiosa, o filme foge da atual recorrente presença de sangue nas cenas de batalha, reforçando a tradição Disney de produções voltadas ao público infanto-juvenil. "Piratas do Caribe" já é campeão de bilheteria nos Estados Unidos. Para quem perdê-lo, é só aguardar na Sessão da Tarde.

Publicado no Super Fatos

25.8.03

Lábios que Beijei
Estou acabando de ler "Lábios que Beijei", de Aguinaldo Silva, ex-militante e preso político, escritor de vários outros livros e autor de novelas da Globo, entre as quais se destacam Roque Santeiro e Pedra Sobre Pedra. O livro foi publicado em 1992.

Ambientado no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro dos anos 60/70, início da ditadura, o livro pode ser devorado de uma vez só. Aguinaldo Silva dá provas do seu talento como ficcionista, misturando traços autobiográficos e romanceados. Fica sempre a dúvida ao leitor, já que o livro é narrado na primeira pessoa: o que daquilo tudo foi realmente verdade? Então dá para ficar curioso e até impressionado com os caminhos pessoais trilhados por um profissional hoje conhecido nacionalmente.

Adquiri "Lábios que Beijei" na Bienal do Livro, aqui em Salvador. O lado positivo de visitar a Bienal nos últimos dias foi encontrar várias promoções. Comprei cinco livros por 22 reais.

22.8.03

Stupid White Man - Uma Nação de Idiotas

Programas sociais deficitários, violência urbana e corrupção política soam familiares ao dia-a-dia brasileiro. Não deixa de ser uma surpresa que os Estados Unidos, nação mais poderosa do mundo, depare-se com problemas semelhantes aos de países do terceiro mundo. É com essa impressão que o leitor se depara ao ler o livro "Stupid White Man - Uma Nação de Idiotas", escrito pelo cineasta Michael Moore, diretor de Tiros em Columbine.

O livro não tem meias palavras sobre o governo George Bush. Desde a eleição, com suspeita de fraude, até a dependência a grupos empresariais - principalmente do setor petrolífero - e os vários cortes orçamentários na área social, o autor faz um verdadeiro dossiê anti-Bush, com informações e opiniões consistentes. Moore conta que o atual presidente é completamente dependente das decisões do grupo de Bush pai, que sempre esteve por trás carreira política do júnior. Desde a bolsa para ingressar na universidade.

Anterior ao atentado de 11 de setembro, o livro teve problemas para ser publicado nos Estados Unidos. O autor diz que o apoio da classe das bibliotecárias do país foi fundamental para o trabalho ser liberado. Atualmente "Stupid White Man" está entre os mais vendidos em vários países, inclusive o Brasil.

Publicado no Super Fatos.

21.8.03

18.8.03

Comida alemã e austro-húngara

Uma boa opção para o happy hour é o Bistrô PortoSol, no Porto da Barra. De propriedade do austríaco Reinhard Lackinger, há 34 anos no Brasil, o bistrô serve diversos pratos da cozinha alemã e austro-húngara. Os pratos são preparados por proprietário e pela esposa. Prove o gulasch (prato húngaro), os salsicões com mostarda e maionese de batata - que leva maçã, salsão e dill (endro). Prove também as sobremesas deliciosas.

Para quem quer jantar ou só beliscar, o bistrô funciona de terça a sábado, pontualmente, como está escrito no cartaz da entrada, das 18h37 até às 23h59. Vale a pena conferir. Para conhecer mais sobre o lugar, acesse www.reg.combr.net/bistro.htm. O endereço é: Rua César Zama, 04, Porto da Barra - Barra.

O bistrô fica naquela rua estreita, na Barra, que era point até os anos oitenta, e agora passa por uma revitalização. Bares e restaurantes voltam a animar o local, dando um ar de cidade litorânea de interior, a exemplo de Búzios, Porto Seguro ou Praia do Forte. Baianos festeiros e turistas estrangeiros transitam pelo local. A iluminação noturna da praia do Porto ajuda a dar o clima de eterno verão.

13.8.03

Atum e gulodices

O atum é um peixe pouco conhecido na Bahia. Aos desavisados, parece que é um peixe importado, somente encontrado enlatado, envolvido em água e sal. Mas é fácil encontrar o atum na seção de pescados dos supermercados, a preço razoavel. E o que é melhor: tem carne saborosa, maciça, com poucas espinhas. Basta ferver as postas em sal e água, para obter uma quantidade de carne bem maior do que a existente nas latinhas, a custo bem menor.
Ouvi falar que a moqueca de atum fica muito saborosa. Ainda não provei, mas vou tentar. Por enquanto, fiz uma massa com um molho que leva creme de leite, salsa, cebola, alho, ervilhas e um pouco de queijo ralado envolvendo o peixe desfiado. Ficou uma delícia.

Após aferventar o atum, retirei a pele e a espinha central. Na parte em que a barbatana se encaixa, há uma concentração de espinhas, entremeadas de carne. Fui separando as partes maiores de carne e as menores. Enquanto isso, Ronrom ficava miando, querendo um pedaço de peixe. Eu sabia que gatos adoram peixe, mas não imaginava que fosse tanto. Ele devorou, numa rapidez incrível, os pedaços que lhe dei. Lembrei imediatamente do gato Mandachuva, do desenho animado, que devorava o peixe e deixava só o "esqueleto".

11.8.03

Panorama de Cinema

Encerrou-se na noite do último domingo o Panorama Brasil Coisa de Cinema, que reuniu filmes de curta, média e longa duração, exibidos na Sala Walter da Silveira. O fecho ficou com o longa Narradores de Javé. A diretora Eliane Caffé esteve presente na sessão.

Narradores de Javé é mais um exemplo da fase fértil pela qual passa o cinema brasileiro. Filmado nas cidades de Lençóis e Bom Jesus da Lapa e no distrito da Gameleira, conta com a participação irretocável de José Dumont. Além de Nelson Xavier, Matheus Nachtergaele e Gero Camilo.

O sertão nordestino é novamente fonte de inspiração para o roteiro e para a bela fotografia. A cidade de Javé, à beira de um rio, vai ser alagada para construção de uma barragem. Para tentar impedir a obra, os moradores resolvem provar que o local possui valor histórico e cultural. Para isso, vão contar suas histórias para um escrevinhador(José Dumont), ex-carteiro, acusado de escrever cartas maledicentes e único que sabe escrever na cidade.

O filme ainda está inédito no circuito comercial

Apaguei sem querer este post que havia publicado no dia 05.08. Lá vai novamente.

Cinema Comentado

A decadência dos valores da sociedade americana não é assunto novo na produção cinematográfica dos Estados Unidos. Tome-se, por exemplo, o já clássico Beleza Americana, ganhador de Oscar. Mas nenhum cineasta parece saber abordar a decadência, agora sob o aspecto dos adolescentes, com tanta pertinência quanto o cineasta Larry Clark, diretor de "Bully", de 2001, que teve pré-estréia no último final de semana, na Sala de Arte do Baiano.



Clark é o autor dos consagrados "Kids" e "Ken Park", ambos também sobre a adolescência. Utilizando imagens fortes, quase pornográficas, o diretor constrói um retrato áspero da juventude americana. Violência, sexo, drogas, famílias descontruídas, ausência de valores morais. Em seus carros de luxo, adolescentes agem como adultos - com responsabilidades de crianças.



Bobby (Nick Stahl) e Marty (Brad Renfro) , dois jovens de classe média alta, dão pequenos golpes para conseguir dinheiro e comprar drogas. Ao mesmo tempo em que saem à noite para conseguir garotas, Bobby subjulga Marty. Agride-o física e verbalmente. Marty então envolve-se mais profundamente com uma garota, Lisa (Rachel Miner). Juntos, bolam um plano para se livrar de Bob. O filme é baseado em uma história real.




5.8.03

Vinhos e queijos

Queijos e vinhos fizeram o deleite da confraternização mensal lá no trabalhoo. Foi um tiro no escuro, não pensei que fosse agradar a todos. A idéia não foi minha. Ajudei com a "consultoria" na escolha dos queijos. Foi ótimo porque pude experimentar queijo coalho de búfala temperado com pimenta calabresa. Também outro tipo de coalho de búfala, temperado com orégano. E matar a saudade de um bom gouda. Daquele que comi horrores quando estava em Paris, comprado em uma loja de queijos. Eu pedi ao balconista " fromage [gôuda]". E ele me respondeu, "oh, [goudá]?". E eu pensei: toooin na cabeça! Que ignorância minha. Nunca ia imaginar que a pronúncia fosse "goudá". Lembranças de pronúncias à parte, foi ótimo ter à disposição queijo gorgonzola, gouda, estepe, requeijão (tipo catupiry), requeijão com ervas e tipo minas. Espero que sobre um pouco para o dia seguinte.

30.7.03

Presença de Ronrom

Há um novo habitante na minha casa: Ronrom. Um gato de pêlo duro, ex-gato de rua, ex-homeless. Não fui eu que o escolhi. Ele escolheu a minha casa para morar. Ronrom chegou magrinho, resultado da alimentação pobre das ruas. Em uma semana, à base de ração e uma aplicação de vermífugo, ele já está aparentando ter o dobro do peso que tinha quando o encontrei. Ele chegou tímido, explorando todos os cantos do apartamento. Agora já se sente dono da casa. Está até mais agressivo, gosta de morder meus dedos do pé. Ronrom sempre fica me aguardando ao chegar em casa, já quando coloco a chave na fechadura da porta. Para logo em seguida tentar sair em disparada pelo corredor do prédio. A presença de um animal de estimação em casa, algo que eu não me deparava desde a infância, proporciona ótimos momentos de relax nos intervalos de trabalho. Em breve publico fotos.

28.7.03

Cada dia fico mais contente com o blog. Com as fotos, os recursos de comunicação (e-mail para contato, comentários, estatística de acessos) e até com os textos.

25.7.03

Cinema Comentado

"O Último Beijo", filme produzido na Itália, retrata as crises pelas quais passam os trintões. Estão lá as relutâncias da aceitação de responsabilidades, em oposição à vida desregrada. Estão também as alegrias, as perspectivas e as falências dos relacionamentos. Na atualidade, em qualquer lugar, é tudo muito parecido. Seja na Itália, ou em qualquer parte do mundo.



Carlo (Stefano Accorsi) e Giulia (Giovanna Mezzogiorno) vivem juntos há três anos. Ela agora está grávida e eles pensam em se casar. Ao mesmo tempo, ele começa a se interessar por uma garota de 18 anos. Três amigos de Carlo, de sua mesma faixa etária, deparam-se cada um com suas dificuldades. Um deles está em crise com a esposa, que depois de dar à luz, tornou-se uma megera. O outro vive brigando com a ex-namorada e tem problemas familiares: recusa-se a trabalhar na loja de artigos religiosos da família e o pai está à beira da morte. O terceiro é um bon vivant. Usa cabelo rastafari, pirateia CDs, usa drogas e vive trocando de namorada.



O filme é uma tragicomédia sobre os relacionamentos no mundo moderno. Com todas as dificuldades em chegar a novos modelos de casamento, relações familiares e criação de filhos. E o amor, as alegrias, os desentendimentos, as implicações e as culpas envolvidas em tudo isso. Destaque para a atuação da bela Giovanna Mezzogiorno. O filme está em cartaz na Sala de Arte do Baiano.

Políticos, intelectuais, professores aposentados, a velha guarda da cultura baiana, pessoas do candomblé, jornalistas e amigos estiveram por lá prestigiando o professor Vivaldo, que estava radiante. Uma baiana serviu abarás e acarajés todo o tempo. A Casa de Jorge Amado ficou lotada.

Lançamento de livro

Lançado ontem, dia 24 de julho, na Casa de Jorge Amado, no Pelourinho, o livro "A Família de Santo nos Candomblés Jejes-Nagôs da Bahia", do antropólogo Vivaldo da Costa Lima, Professor Emérito da UFBA. O evento reuniu políticos, intelectuais e recebeu a atenção das redes de televisão de Salvador.

O livro é a reedição da dissertação de mestrado, apresentada pelo professor em 1972 e publicada originalmente em 1977. Lançado pela Editora Corrupio, de Salvador, a nova edição traz várias fotos do franco-baiano Pierre Verger.

A obra é um clássico da cultura baiana. "É um depoimento engajado de um pesquisador de mão cheia, para quem o candomblé é muito mais do que um simples objeto de estudos ou curiosidade étnicos. É um modo de vida para grande número dos baianos de todas as classes e cores", escreveu o antropólogo Peter Fry, na contracapa.

Publicado no Super Fatos de 25.07.2003

20.7.03

Depois de várias tentativas, consigo reduzir o tamanho da fonte. Deste modo, acho que a leitura fica melhor. Até que enfim o blogger e o w.bloggar começam a ficar mais amigáveis.

18.7.03

A inquietação está no ar.

A empresa em que trabalho está em polvorosa. Hoje é sexta, já houve alguns eventos e outros se anunciam. Há problemas em equipamentos. A energia das pessoas está muito conturbada. Pobres corações e pressões sanguíneas. Faço o que posso para não entrar naquele redemoinho. Não faz bem para a minha saúde. Por isso estou aqui, trabalhando isolado e pensando neste texto.
A impressão que tenho ( e sem desejar isto, de forma alguma) é que a qualquer momento alguém vai sair dali gritando: socorro!
Fico pensando até que ponto o stress não é uma criação do próprio ser humano. Gerado de forma gratuita, sem necessidade. Eventos, puxa-saquismos, rapapés. A contínua perseguição ao ato do "agrade" aos superiores é uma coisa muitíssimo desgastante.
Espero que o final de semana chegue logo. Aliás, há algum tempo vivo em função de finais de semana. Ansiosamente os esperando. Há mais tempo, seria por causa e em busca das festas. Hoje, é em busca do descanso, da leitura e da produção tranquila dos meus textos.

14.7.03

O engenheiro na cozinha

O livro A Cozinha Sertaneja da Bahia foi lançado no final do ano passado e ainda pode ser encontrado em algumas livrarias da cidade. O autor é o engenheiro civil Guilherme Radel, 73, professor aposentado da Escola Politécnica da UFBA e ex-diretor da Embasa. O engenheiro é pesquisador de gastronomia há muitos anos.

O livro é uma compilação das receitas da cozinha praticada no sertão da Bahia. Mais de 700 receitas compõem a obra, impressa em papel de excelente qualidade e ricamente fotografada. O livro é um tributo a uma culinária pouco lembrada, apesar de ser consumida quase que diariamente nas residências do Estado. Na divulgação da cultura da Bahia, é a cozinha afro-baiana e os pratos feitos com azeite de dendê que são sempre privilegiados. Junto com as receitas e fotografias, há textos consistentes sobre a aspectos históricos e culturais da alimentação.

A cozinha sertaneja da Bahia é herança direta da culinária portuguesa, com muitos elementos indígenas e alguns africanos. Carnes de cabrito, cordeiro, boi, porco, carne-do-sol, charque e caças são alguns dos petiscos retratados. Radel tem outro livro, prestes a ser lançado, sobre a cozinha "praiana" da Bahia.
Publicado no Super Fatos de 16.07.2003.

6.7.03

Penne com lagosta e tomates

Hoje comi um prato feito com lagostas. Muito bom. Lagostas vindas de Ilhéus. Descascadas, cozidas com tomates-gigantes, cebola, coentro e sal com alho. Para arremater e dar o tom aveludado, um pouco de creme de leite.

A lagosta foi acompanhada de penne com um pouco de manteiga do sertão. Não é manteiga de garrafa. É daquela legítima, sem cozimento, feita somente com a gordura do leite. Amarelinha, mas sem corantes. Podia-se comer a massa pura, só com a manteiga e um pouco de parmesão de boa qualidade. Percebi quão bom é um Fettucine a la Alfredo, feito dessa forma.

O molho ficou muito suave, pois não foi usada polpa de tomate industrializada. Os tomates não foram picados. Os pedaços grandes é que desmancharam-se com o cozimento. No molho da lagosta não foi necessário nem um dedo de água. O suco surgiu do próprio crustáceo, dos tomates e da cebola. Para finalizar, um fio de azeite de oliva. Um banquete, digno de boas notas e elogios. Um licor de laranja fechou a refeição.
Publicado no Super Fatos de 07.07.2003

4.7.03

A Bahia, estação primeira do Brasil

A Independência da Bahia consolidou a independência do Brasil. Marca-da por personagens heróicos e outros nem tanto, a luta pela independência é fonte de orgulho para todo o Estado.

Um personagem interessante, que agora vira filme, é o do corneteiro Lopes. Em uma das batalhas finais contra Portugal, o exército baiano, pouco preparado, composto em parte de escravos e trabalhadores, preparava-se para a derrota. O corneteiro Lopes - em um grande erro, ou em um ímpeto de ousadia-, em vez do toque de retirada, tocou avançar cavalaria degolando. O que fez com que o Exército de Portugal, assustado, batesse em retirada.

O filme “O Corneteiro Lopes” tem 20 minutos de duração.

A origem do licor

Os licores surgiram para guardar, transmitir e potencializar os princípios ativos e os sabores de ervas, plantas e frutas no álcool. Apareceram na Antiguidade, quando egípcios e gregos deram os primeiros passos rumo ao domínio das técnicas de destilação. Naquela época, a bebida era usada para a cura de todos os males, como elixir de rejuvenescimento ou poção do amor. Hoje, eles são o final primoroso de um jantar e ingredientes básicos de vários coquetéis.

Os melhores e mais sofisticados licores são feitos pelo processo de destilação do álcool. Os componentes aromáticos do licor são adicionados ao destilado base, compondo uma mistura que depois será destilada. O produto é então adocicado e, se for o caso, recebe um corante. Já no processo de infusão os componentes da receita ficam macerando dentro do álcool por um longo período. Depois disso, com o líquido fortemente aromatizado, a mistura é filtrada e recebe açúcar.

Seja qual for o processo, espera-se o tempo necessário para a consumação do perfeito casamento entre perfumes e sabores. Desde os famosos e caros licores industrializados, até os artesanais de jenipapo, de passas e outras frutas, o que conta é o prazer da degustação.

Fonte: www.claudiacozinha.com.br
Publicado no Super Fatos de 03.07.2003

26.6.03

A cidade está tranquila

Ficar em Salvador durante o feriado do São João é uma experiência no mínimo interessante. A cidade fica vazia como em nenhuma outra ocasião. Entregue às moscas. Mesmo em feriados prolongados, como na Semana Santa e no Natal, o paradeiro não é tão grande quanto nesta época.

No São João o êxodo é urbano, em direção à folia no interior do Estado. O trânsito diminui, os bares ficam vazios. A cidade se acalma. Há até certa ponta de melancolia no ar. Para quem não gosta de muita festa, é um período excelente para ficar em casa, sob a temperatura do inverno baiano. Aproveitar o tempo para ler, ver filmes ou descansar.

Descansar, aliás, é algo improvável para quem vai para o interior. O Trânsito é pesado nas estradas, há festas e barulho - além do irresistível licor -, em praticamente todas as cidades do interior da Bahia, que descobriram o filão econômico e turístico das festas juninas. Não há clima para recuperar as energias, a menos que se vá para alguma fazenda ou local isolado. Fora isso, nada melhor que descansar na cidade grande e tranquila.

Publicado no Super Fatos de 26.06

11.6.03

O tíquete e as codornas

O Valetik e a cesta-alimentação representam conquistas do funcionalismo do Banco. O valor do tíquete nao é contabilizado para imposto de renda e representa uma grande parcela dos ganhos mensais da maior parte dos funcionários do Banco. Para aquele que está começando na empresa, o valor do tíquete representa mais de 50% do salário líquido.

Com essa força, o tíquete na versão papel se transformara em uma verdadeira moeda paralela. Usava-se em todos os lugares: na padaria da esquina, em lanchonetes, bares, camelôs, vendedores de beira de estrada, e até mesmo em supermercados.

Nestes últimos, o Valetik compra tudo: alimentos, CDs, livros, roupas, pratos e panelas. Conta-se a lenda de que uma funcionária do BB conseguiu comprar um aparelho de DVD com tíquete, apesar da resistência do funcionario do supermercado, que insistia que não era possível comprar eletro-eletrônicos daquele modo.

O desafio do Valetik na atual versão cartão é chegar a todos os locais. Até aquela senhora que vende frangos e codornas assadas, em um forno televisão-de-cachorro, sob a sombra de uma árvore. Na Estrada do Coco, perto de Arembepe. Aquela mesma senhora que costumava exibir a faixa "Aceita-se tíquetes". As codornas, por sinal, sao deliciosas.

Cinema e discos de vinil

A Sala de Arte do Bahiano é o melhor local para ver filmes em Salvador. Distante dos avanços tecnológicos e da movimentação das salas de shoppings, é o lugar ideal para tomar um café expresso, ler jornais e revistas, ver as exposições e conversar. O estacionamento, fácil e gratuito, é o mesmo do Clube Baiano de Tênis, na Graça.

Não vá para lá quem espera filmes de ação ou os mesmos que passam no circuito comercial. O local é dedicado aos filmes europeus, brasileiros, asiáticos e até americanos, de caráter autoral e que, de forma geral, incitam a reflexão. Para isso, normalmente possuem ritmo lento. Bem diferente dos cortes abruptos da maioria das montagens de Hollywood.

Neste último fim de semana, a exibição do filme brasileiro Durval Discos, com Marisa Orth, Letícia Sabatela e Rita Lee, proporcionou uma série de eventos paralelos: feira de discos de vinil (os velhos LPs), fotos do filme e DJs (disk jockeys) tocando vinis na ante-sala. Alguns dos melhores DJs de Salvador, aqueles que colocam som em festas, estiveram por lá. Assegurando que as inovações tecnológicas são bem-vindas, mas não indispensáveis na música e no cinema.

Publicado no Super Fatos de 10.06.03

2.6.03

O africano da Piedade

O proprietário do restaurante Healthy Valley, na rua Direita da Piedade, é africano. Nasceu em Gana e passou vários anos na Índia e nos Estados Unidos. Da cultura indiana, como monge yôga, adquiriu o hábito da alimentação vegetariana. E, conforme determinam os preceitos da filosofia, para garantir a boa meditação, nada de alho e cebola na comida.

Falar em comida vegetariana para o baiano, acostumado com a herança africana e carnes sertanejas, é quase uma blasfêmia. Ainda mais sem alho e cebola, peças de resistência na culinária local. O resultado, a princípio inesperado, é que a comida do Healthy Valley é muito bem-feita e saborosa, com pratos que trazem influências de várias partes do mundo, refletindo as andanças do cozinheiro-proprietário.

O problema é a fartura. Por R$ 6,00 come-se quanto quiser, com direito a sopa, suco, sobremesa e chá. Uma tentação para quem prefere gastar uma hora de almoço percebendo cada sabor e conversando com os amigos, achando que comida vegetariana não engorda. Não engorda? Pense em pizza e lasanha integral, feijão com verduras. Bois, elefantes e hipopótamos são vegetarianos.

Publicado no Super Fatos de 04.06.2003

30.5.03

Entre tintas e tequila, a força de Frida

O filme Frida é uma produção americana que conta a vida da pintora mexicana Frida Kahlo, interpretada pela atriz Salma Hayek, também mexicana. Após sofrer um acidente de trânsito na juventude, a pintora passou por uma série de cirurgias, que deixaram seqüelas para toda a vida.
Ambientado no México e emoldurado por cores fortes, características da cultura mexicana e das tintas da pintora, o filme evidencia diversos aspectos da cultura mexicana: tequila, vegetação de deserto, músicas, danças e rituais fúnebres, presentes em cenas bem elaboradas.
Frida retrata toda vida da pintora, do o início da carreira até a morte. Ela casou com Diogo Rivera, um pintor de murais, boêmio e ativista político, já em seu segundo casamento. A união foi conturbada, pois Rivera era bastante mulherengo. Incentivada pelo marido, Frida continua a pintar e o acompanha a uma viagem aos Estados Unidos, onde Rivera vai expor. Mais adiante, Frida expõe seus quadros na Europa, com direito a cobertura da imprensa e capas de revistas.
O filme entremeia as obras de Frida com os acontecimentos de sua vida. As limitações físicas não a impediram de levar uma vida sexual apimentada, que incluía homens e mulheres. Ela sempre foi o seu principal personagem. Em seus quadros estão todos os seus sofrimentos, físicos e emocionais. E todos os seus famosos auto-retratos.
Provavelmente o cinema americano ficou interessado em produzir o filme depois que a cantora Madonna anunciou a compra de um quadro da pintora. Desde então, Frida Kahlo se tornou mais conhecida – e querida – no circuito cultural. O filme também é o resultado do empenho de Salma Hayek como produtora.

Publicado no Super Fatos de 30.05.2003.

19.5.03

Da comida do oriente...

Comer e oferecer comida são demonstrações de afeto. O hábito libanês de fazer visitas inesperadas é pretexto ideal para o mezze — de acento francês, vem da expressão árabe alloumaza, que significa "aquilo que é degustado, saboreado delicadamente com a ponta dos lábios". O mezze é composto de várias porções de conservas e iguarias, servidas em pratinhos redondos e fundos de cerâmica marrom.

Mezze é uma instituição nacional. Nasceu no Líbano, na cidade de Zahle, no início do século: lá instalaram-se bares e restaurantes, onde fregueses se reuniam com amigos para "tomar um copo" e degustar pequenas e variadas porções de tira-gosto. Logo, o mezze se espalhou pelo Mediterrâneo. Para acompanhá-lo, arak (bebida alcoólica semelhante ao rum, feita à base de arroz e melaço) misturado à água gelada.

Fonte: www.basilico.com.br
O jornalismo é um exercício da simultaneidade do raciocínio lógico e do raciocínio criativo. Principalmente a grande reportagem tem essa permissão.
A delimitação do tema parece facilitar o trabalho. As três linhas pensadas (maneiras de fazer, maneiras de comer, maneiras de divulgar) são o que anteriormente eu já havia imaginado. Vou sentir falta de abordar a cozinha dos imigrantes árabes, a cozinha do sertão, da Chapada. Mas, quem sabe, não consigo incluir algum desses tópicos nas reportagens?
Pauta: ir na Feira de São Joaquim, conversar com feirantes que vendem comidas prontas. Verificar pratos vendidos, quem prepara, quem consome, modos de preparo, etc. Se possível, gravar as entrevistas.

Conversar com os cozinheiros e donos de restaurantes.
Quem, onde, como?

Modos de divulgar: conversar com Helô, Neyse Cunha Lima e Maria Luiza Brigido.
Pensar na comida baiana é quase que imediatamete pensar em comida de dendê. No entanto, a culinária popular, do dia-a-dia, não traz o famoso azeite entre os seus ingredientes. Luiz da Câmara Cascudo, na História da Alimentação do Brasil, registra que nas barracas da Feira de Água de Meninos, o dendê não está presente nos pratos, e sim nos acarajés e abarás das baianas.
Reportagens

Após reunião com o professor orientador, decidimos - isto é, ele me deu a sugestão, eu acatei - fazer uma outra abordagem. Como antecipadamente eu previra. Iremos abordar três vertentes: maneiras de comer (consumo, modos, lugares, os gourmands), maneiras de fazer (donos de restaurantes e cozinheiros) e maneiras de divulgar (jornalistas e críticos). O que é a cozinha baiana.
Elaborar pautas e definir fontes.

21.3.03

http://www.artic.edu/artaccess/AA_Impressionist/

In the late 19th century, the Impressionists defied academic tradition in French art with their emphasis on modern subjects, sketchlike technique, and practice of painting in the open air with pure, high-keyed color. In the wake of the Impressionist revolution, a new generation of Post-Impressionists pushed the basic pictorial components of color, line, and composition into new psychological and formal territories, influencing many abstract artists of the early 20th century. Thanks to such pioneering donors as Mrs. Potter Palmer and Frederic Clay Bartlett, The Art Institute of Chicago houses one of the largest and most significant collections of Impressionist and Post-Impressionist art in the world.

Paris in the Age of Impressionism captures the excitement of late nineteenth-century Paris as it became the modern capital of the art world-home not only to the Impressionists but to radical colorists, innovative designers, and photographers who recorded modern life. Paris in the Age of Impressionism includes more than a hundred superb objects from all areas of the Musée d'Orsay, including paintings, sculpture, decorative arts, works on paper, and photographs. Paul Cezanne
Apples and Oranges
ca. 1895 - 1900
Musée d'Orsay, Paris.
©Photo RMN - Hervé Lewandowski.


5.1.03

Aulas durante o verão em Salvador. Enquando todo o país sonha em passar alguns dias por aqui, tenho que me contentar com pequenos períodos livres de descanso. É uma verdadeira batalha!
A partir de agora vou tentar "editar" um blog. Hoje é domingo. Tento voltar à realidade de aulas e trabalho. Tarefa difícil, depois de finais de semana e feriados no meio da semana.